Espelho de uma filosofia: a presença de Hegel nas classificações de Harris e Dewey
DOI:
https://doi.org/10.5433/1981-8920.2019v24n3p104Palavras-chave:
Organização do Conhecimento, Classificação, ArtesResumo
Introdução: Criada no século XIX, a Classificação Decimal de Dewey (CDD) carrega em sua estrutura hierárquica imutável o pensamento de sua época. Dentre as diversas fontes que contribuíram para sua concepção, William Torrey Harris é reconhecido pela literatura da Organização do Conhecimento como a mais imediata influência utilizada por Dewey para a criação de seu sistema. Em artigo de 1959, Graziano indica o pensamento de Hegel como o verdadeiro suporte filosófico do esquema de Harris e, consequentemente, de Dewey, questionando o lugar ocupado por Bacon nestes sistemas. Objetivos: Os objetivos desta pesquisa são analisar as influências filosóficas que embasaram a classe Artes de Harris e Dewey, refazendo o percurso de Graziano, a fim de verificar a plausibilidade de sua afirmação e ampliar sua discussão, avançando no debate em prol dos aportes teóricos da CDD. Serão examinados assim, o pensamento sobre Artes que formou as classificações de Bacon, Hegel, Harris e Dewey. Metodologia: Como abordagem metodológica, adotou-se como plano de fundo a observação sob a ótica da dialética histórica-estrutural para dar corpo a uma investigação explicativa e qualitativa, tendo em vista interpretações extraídas de uma análise realizada em quatro classificações distintas. Resultados: Os resultados apontam a presença hegeliana não assumida explicitamente por Harris e Dewey em seus sistemas e ainda pouco estudada no campo da representação da informação no Brasil. Conclusões: Conclui-se, em oposição a Graziano, não ser possível afastar totalmente o pensamento baconiano da estrutura do sistema de Harris, todavia, a presença de Hegel se confirma como a fonte alimentadora do conteúdo da classe Artes.
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