Territórios Camponeses e o Fechamento das Escolas do Campo: uma análise sobre a escola popular Eduardo Galeano, em Campo do Meio - MG

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2447-1747.2022v31n1p297

Palavras-chave:

Território, Educação do Campo, Fechamento de escolas rurais, Campesinato.

Resumo

O fechamento de escolas do campo representa uma das consequências mais drásticas do avanço e rapina dos territórios camponeses pelo agronegócio no Brasil. Sabendo disso, nesse trabalho damos ênfase a algumas das disputas territoriais nas quais a educação do/no Campo está inserida no contexto histórico atual. Para isso, foi analisada a relação entre educação e luta pela/na terra do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) a partir do fechamento da escola popular Eduardo Galeano, localizada no conjunto de acampamentos Quilombo Campo Grande, no município de Campo do Meio - MG. Realizou-se o levantamento do processo de fechamento de escolas rurais em todo o país entre os anos de 2010 e 2019, além de trabalhos de campo e entrevistas no Quilombo Campo Grande. Com isso, se propõe uma leitura pautando o território enquanto categoria chave para a compreensão dos projetos de Educação do Campo e da conflitualidade atual do campo brasileiro. Ademais, destacamos como os processos educacionais em áreas de reforma agrária podem ser fatores de fortalecimento da luta pela/na terra e para a conformação das territorialidades camponesas.

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Biografia do Autor

Leonardo Lencioni Mattos Santos, Universidade Federal de Alfenas

Mestrando em Geografia pela Universidade Federal de Alfenas, Instituto de Ciências da Natureza.

Estevan Leopoldo de Freitas Coca, Universidade Federal de Alfenas

Doutorado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), docente da Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG).

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Publicado

2022-01-12

Como Citar

Santos, L. L. M., & Coca, E. L. de F. (2022). Territórios Camponeses e o Fechamento das Escolas do Campo: uma análise sobre a escola popular Eduardo Galeano, em Campo do Meio - MG. GEOGRAFIA (Londrina), 31(1), 297–317. https://doi.org/10.5433/2447-1747.2022v31n1p297

Edição

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Artigos