Escutando o brincar num ambulatório de violência sexual infantil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2236-6407.2021v12n1suplp138

Palavras-chave:

abuso sexual, escuta psicanalítica, violência doméstica

Resumo

Considerando a preocupação dos profissionais que compõem a rede de proteção no sentido de evitar a vitimização secundária da criança que sofreu violência sexual, tem sido debatido qual seria o melhor meio de obter o seu depoimento de forma minimamente invasiva. Este trabalho teve o objetivo de apresentar um relato de experiência em um ambulatório, situado no interior de Minas Gerais, no qual é realizada a escuta especializada. A partir da narrativa de um caso clínico, são feitas considerações acerca: 1) do uso de estratégias lúdicas como forma de favorecer a comunicação emocional da criança, bem como de fortalecê-la psiquicamente; 2) da importância da escuta sensível dos sentimentos ambivalentes que a criança pode apresentar frente ao agressor, mesmo após ter declarado a violência a qual foi submetida. Espera-se, a partir deste relato de experiência, enriquecer a discussão sobre alternativas de escuta dessa população vulnerável.

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Biografia do Autor

Miriam Tachibana, Universidade Federal de Uberlândia

Pós-doutora em Psicologia Clínica pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, com estágio pós-doutoral em na Université de Paris X - Nanterre. Professora adjunta do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia - núcleo de Intersubjetividade

Paula Carvalho Barbosa, Universidade Federal de Uberlândia

Estudante de graduação do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia

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Publicado

2021-07-12

Como Citar

Tachibana, M., & Barbosa, P. C. (2021). Escutando o brincar num ambulatório de violência sexual infantil. Estudos Interdisciplinares Em Psicologia, 12(1supl), 138–153. https://doi.org/10.5433/2236-6407.2021v12n1suplp138

Edição

Seção

ECA - 30 anos