Escutando o brincar num ambulatório de violência sexual infantil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2236-6407.2021v12n1suplp138

Palavras-chave:

abuso sexual, escuta psicanalítica, violência doméstica

Resumo

Considerando a preocupação dos profissionais que compõem a rede de proteção no sentido de evitar a vitimização secundária da criança que sofreu violência sexual, tem sido debatido qual seria o melhor meio de obter o seu depoimento de forma minimamente invasiva. Este trabalho teve o objetivo de apresentar um relato de experiência em um ambulatório, situado no interior de Minas Gerais, no qual é realizada a escuta especializada. A partir da narrativa de um caso clínico, são feitas considerações acerca: 1) do uso de estratégias lúdicas como forma de favorecer a comunicação emocional da criança, bem como de fortalecê-la psiquicamente; 2) da importância da escuta sensível dos sentimentos ambivalentes que a criança pode apresentar frente ao agressor, mesmo após ter declarado a violência a qual foi submetida. Espera-se, a partir deste relato de experiência, enriquecer a discussão sobre alternativas de escuta dessa população vulnerável.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Miriam Tachibana, Universidade Federal de Uberlândia

Pós-doutora em Psicologia Clínica pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, com estágio pós-doutoral em na Université de Paris X - Nanterre. Professora adjunta do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia - núcleo de Intersubjetividade

Paula Carvalho Barbosa, Universidade Federal de Uberlândia

Estudante de graduação do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia

Referências

Benia, L. R. (2015). A entrevista com crianças com suspeita de abuso sexual. Estudos de Psicologia, 32(1), 27-35. https://doi.org/10.1590/0103-166X2015000100003

Cezar, P. K., & Arpini, D. M., & Goetz, E. R. (2017). Registros de notificação compulsória de violência envolvendo crianças e adolescentes. Psicologia: Ciência e Profissão, 37(2), 432-445. https://doi.org/10.1590/1982-3703001942015

Cunha, G. G., & Dutra, E. M. do S. (2019). Um olhar fenomenológico para mães de crianças vítimas de abuso sexual: Uma revisão da literatura. Phenomenological Studies – Revista de Abordagem Gestáltica, 25 (1), 103-110. http://dx.doi.org/10.18065/RAG.2019v25.10

Eloy, C. B. (2012). A credibilidade do testemunho da criança vítima de abuso sexual no contexto judiciário. Psicologia: Ciência e Profissão, 32(1), 234-249. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932012000100017

Garbin, C. A. S., Queiroz, A. P. D., Rovida, T. A. S., & Saliba, O. (2012). A violência familiar sofrida na infância: Uma investigação com adolescentes. Psicologia em Revista, 18(1), 107-118. https://doi.org/10.5752/P.1678-9563.2012v18n1p107

Giacomello, K. J., & Melo, L. de L. (2011). Do faz de conta à realidade: Compreendendo o brincar de crianças institucionalizadas vítimas de violência por meio do brinquedo terapêutico. Ciência & Saúde Coletiva, 16(1), 1571-1580. https://doi.org/10.1590/S1413-81232011000700093

Gomes, M. M. (2018). Discurso jurídico sobre a violência sexual à luz da psicanálise e da criminologia crítica: A presença da subjetividade nas ações jurídicas dos operadores do Direito. (Tese de Doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

Habigzang, L. F., Koller, S. H., Stroeher, F. H., Hatzenberger, R., & Ramos, M. da S. (2008). Entrevista clínica com crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual. Estudos de Psicologia, 13(3), 285-292. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-294X2008000300011

Henriques, C. G. P., & Pompeu, J. C. (2020). Sugestionabilidade e depoimento infantil: Protocolos de entrevista para minimização de falsas memórias. Diálogos interdisciplinares, 9(2), 1-12. Recuperado de https://revistas.brazcubas.br/index.php/dialogos/article/view/908

Martins, J. da M. (2015). O abuso sexual intrafamiliar: Do segredo à elaboração (Dissertação de Mestrado). Universidade Católica de Pernambuco, Recife.

Mendes, S. de F. (2019). Depoimento especial da criança e adolescente e produção da prova nos casos de violência sexual: Uma análise a partir da ecologia de saberes (Tese de Doutorado). Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa.

Oliveira, D. C. C. de, & Russo, J. A. (2017). Abuso sexual infantil em laudos psicológicos: As ”duas psicologias“. Physis Revista de Saúde Coletiva, 27(3), 579-604. https://doi.org/10.1590/S0103-73312017000300011

Pedroso, J. da S., Lobato, C. P., & Magalhães, C. M. C. (2016). Brincar e realidade: Verbalizações de crianças em situação de acolhimento institucional. Psicologia em Estudo, 21(4), 711-721. https://doi.org/10.4025/psicolestud.v21i4.31806

Pinéa, A. C. F., & Sei, M. B. (2015). Falso self e gesto espontâneo na psicoterapia psicanalítica de uma criança adotiva. Revista Brasileira de Psicoterapia, 17(1), 69-82. Recuperado de https://rbp.celg.org.br/detalhe_artigo.asp?id=170

Rocha, P. K., & Prado, M. L. do (2006). Violência infantil e brinquedo terapêutico. Revista Gaúcha de Enfermagem, 27(3), 463-471. Recuperado de https://seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/4667/2583

Rodrigues, S. de M. (2016). A fantasia como realidade do sujeito: Uma leitura psicanalítica a partir do trabalho do psicólogo com crianças em situação de violência sexual (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Maranhão, São Luís.

Sistema de Informação de Proteção para a Infância e Adolescência. (2019). Dados sobre a prática de violência sexual contra crianças e adolescentes.

Spagiari, N. T. B., Salvador, I. N., Barbeiro, F. de S., & Reis, M. E. B. T. dos. (2020). O segredo despido pelo brincar na clínica psicanalítica. Analytica, 9(16), 1-19. Recuperado de http://www.seer.ufsj.edu.br/index.php/analytica/article/view/3003/2387

Sufredini, F., Moré, C. L. O. O., & Krenkel, S. (2016). Abuso sexual infanto-juvenil na perspectiva das mães: Uma revisão sistemática. Contextos Clínicos, 9(2), 265-278. https://doi.org/10.4013/ctc.2016.92.11

Veloso, M. M. X., Magalhães, C. M. C., & Cabral, I. R. (2017). Identificação e notificação de violência contra crianças e adolescentes: Limites e possibilidades de atuação de profissionais de saúde. Mudanças – Psicologia da Saúde, 25(1), 1-8. https://doi.org/10.15603/2176-1019/mud.v25n1p1-8

Winnicott, D. W. (1975). O brincar: Uma exposição teórica. Em D. W. Winnicott (Ed.), O brincar e a realidade (pp. 59-77). Rio de Janeiro, RJ: Imago editora. (Trabalho original publicado em 1971).

Winnicott, D. W. (1983). Distorção do ego em termos de falso e verdadeiro self. Em D. W. Winnicott (Ed.), O ambiente e os processos de maturação: Estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional (pp.128-1139). Porto Alegre, RS: Artes Médicas. (Trabalho original publicado em 1960).

Winnicott, D. W. (1983). Os objetivos do tratamento psicanalítico. Em D. W. Winnicott (Ed.), O ambiente e os processos de maturação: Estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional (pp.152-155). Porto Alegre, RS: Artes Médicas. (Trabalho original publicado em 1965).

Downloads

Publicado

2021-07-12

Como Citar

Tachibana, M., & Barbosa, P. C. (2021). Escutando o brincar num ambulatório de violência sexual infantil. Estudos Interdisciplinares Em Psicologia, 12(1supl), 138–153. https://doi.org/10.5433/2236-6407.2021v12n1suplp138

Edição

Seção

ECA - 30 anos