Agenda de pesquisa evolucionária de Richard Nelson e seus pontos de contato com os institucionalistas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2317-627X.2020v8n2p87

Palavras-chave:

Institucionalistas, Evolucionários, Nelson

Resumo

O objetivo desse trabalho é demonstrar a aproximação entre a abordagem evolucionária de Richard Nelson com a escola institucionalista. Com base no panorama institucionalista e evolucionário, o casamento entre as duas agendas de pesquisa é bastante viável. Isso pode ser observado no trabalho de Nelson e Sampat que, apesar da aparente diversidade na literatura sobre como as instituições são definidas, existe uma relação familiar, pelo menos em relação às intenções dos escritos. De forma explícita ou implícita, os autores sugerem que o conceito de “tecnologia social” seja útil para pensarmos mais coerentemente sobre as instituições, visto que envolve uma ampliação do modo como os economistas conceituam uma “atividade” econômica. Processos de busca, rotinas, seleção, aprendizado que cercam a atividade inovativa, ocorrem em um ambiente dinâmico, incerto e diversificado, podendo conferir distintas trajetórias. Nelson, um dos interlocutores dos neo-schumpeterianos, mesmo centrado em discutir a mudança técnica, considera importante o papel das instituições, uma vez que estas podem definir padrões ou trajetórias de desenvolvimento econômico distintos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Rafaela Escobar Burger, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Catarina

Silvio Antônio Ferraz Cario, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Catarina

Referências

AREND, M.; CARIO, S. A. F. Desenvolvimento e desequilíbrio industrial no Rio Grande do Sul: uma análise secular evolucionária. Economia e Sociedade, v. 19, n.2, p.381-420, 2010.

AREND, M.; CARIO, S. A. F.; ENDERLE, R. Instituições, inovações e desenvolvimento econômico. Pesquisa & Debate, v. 23, n. 1, p.110-133, 2012.

AZEVEDO, P. A interação UFSC e Petrobrás para o desenvolvimento inovativo sob ótica institucionalista – evolucionária. 2016. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-graduação em Administração, Universidade Federal de Santa Catarina, SC, Florianópolis, 2016.

BORGES, William. A trajetória tecnológica das máquinas e equipamentos agrícola no Brasil: uma análise a partir da integração teórica-analítica das abordagens evolucionária e institucionalista. 2016. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-graduação em Administração, Universidade Federal de Santa Catarina, SC. 2016.

CASSIOLATO, J. E.; CAMPOS, R. R.; STALLIVIERI, F. Processos de aprendizagem e inovação em setores tradicionais: Os arranjos produtivos locais de confecções no Brasil. EconomiA, Brasília (DF), v.7, n.3, p.477–502, set./dez. 2007.

CAVALCANTE, C. M. Commons e Veblen: da existência de uma unidade conceitual no âmbito do institucionalismo americano. Revista Ciências Sociais em Perspectiva, v. 18, n. 34, p. 56-72, 2019.

COASE, R. H. The Institutional Structure of Production. The American Economic Review, Vol. 82, No. 4, pp. 713-719, 1992.

COMMONS, J. R. Institutional Economics. American Economic Review, vol.21, p.648-657, 1931.

CONCEIÇÃO, O. A. C. Além da transação: uma comparação do pensamento dos institucionalistas com os evolucionários e pós-keynesianos. Revista Economia, Brasília, v. 8, n. 3, p. 621-642, 2008a.

CONCEIÇÃO, O. A. C. A dimensão institucional do processo de crescimento econômico: inovações e mudanças institucionais, rotinas e tecnologia social. Economia e Sociedade, v. 17, n. 1, p. 85-108, 2008b.

CONCEIÇÃO, O. A. C. Há compatibilidade entre a" tecnologia social" de Nelson e a" causalidade vebleniana" de Hodgson?. Brazilian Journal of Political Economy, v. 32, n. 1, p. 109-127, 2012.

CONCEIÇÃO, O. A. C. Instituições, crescimento e mudança na ótica institucionalista. Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser, 2002.

CONCEIÇÃO, O.A. C. Tecnologia social e instituições: uma relação conceitual simbiótica. Economia & Tecnologia. Ano 5, v. 16, p. 99-108, jan/mar. 2009.

DOSI, G. Sources, procedures, and microeconomic effects of innovation. Journal of economic literature, vol. 26, n.3, p. 1120-1171, 1988.

EDQUIST, C. Systems of Innovation: perspectives and challenges. In: FARGERBERG, J.; MOWERY, D.; NELSON , R. (ed.). The Oxford Handbook of Innovation. Reino Unido: Oxford University Press, p. 182-205, 2006.

FAGERBERG, J.; VERSPAGEN, B. Innovation, growth and economic development: have the conditions for catch-up changed?. International Journal of Technological Learning, Innovation and Development, v. 1, n. 1, p. 13-33, 2007.

FAULKNER, W.; SENKER, J. Making sense of diversity: public-private sector research linkage in three technologies. Research Policy, v. 23, n.6, p. 673-695, 1994.

FELIPE, E. S. As instituições e os neo-schumpeterianos: a noção de aprendizado a partir do pilar cognitivo das instituições. Pesquisa & Debate, v. 19, n. 1, p.15-32, jan-jun. 2008.

FERNANDES, A. C.; CAMPELLO DE SOUZA, B.; STAMFORD DA SILVA, A.; SUZIGAN, W.; CHAVES, C. V.; ALBUQUERQUE, E. Academy-industry links in Brazil: evidence about channels and benefits for firms and researchers. Science and Public Policy, v. 37, n.7, p. 485-498, 2010.

FERNANDES, A. C.; LIMA, J. P. R. Labirintos da interação universidade-empresa: estudos de caso dos setores elétrico e sucroalcooleiro em Pernambuco. In: GARCIA, R.; RAPINI, M.; CARIO, S. Experiências de interação universidade-empresa no Brasil. Belo Horizonte: Editora Cedeplar, 2018.

FREEMAN, Cristopher. Japan: a new national system of innovation? In: DOSI, G., FREEMAN, C., NELSON, R., SILVERBERG, G., SOETE, L. (Eds.), Technical Change and Economic Theory. Pinter Publishers, London, 1988.

HODGSON, Geoffrey M. Economics in the Shadows of Darwin and Marx: Essays on Institutional and Evolutionary Themes, Edward Elgar, Cheltenham. 2006.

HODGSON, Geoffrey M. Institutional economics: surveying the ‘old’ and the ‘new’. Metroeconomica, v. 44, n. 1, p. 1-28, 1993.

HODGSON, Geoffrey. M. El Enfoque de la economia institucional. Revista Análisis Económico, v. 16, n.33, p.3-41, jul./dez. 2001.

HODGSON, Geoffrey M. Evolution and institutions: On Evolutionary economics and the evolution of economics. Edward Elgar Pub, 1999.
KRETZER, J. Sistemas de inovação: as contribuições das abordagens nacionais e regionais ou locais. Ensaios FEE, v. 30, n. 2, p. 863-892, 2009.

LEMOS, D. da C. A interação universidade-empresa para o desenvolvimento inovativo sob a perspectiva institucionalista-evolucionária: uma análise a partir do sistema de ensino superior em Santa Catarina. Tese (Doutorado) Programa de pós-graduação em Administração, Universidade Federal de Santa Catarina, SC. 2013.

LIST, F. The National System of Political Economy. Translation by Sampson S. Lloyd, with an Introduction by J. Shield Nicholson). London: Longmans, Green and Co., 1909.

LUNDVALL, B. National innovation systems—analytical concept and development tool. Industry and innovation , v.14, n.1, 95-119, 2007.

LUNDVALL, B.; JOHNSON, B.; ANDERSEN, E. S.; DALUM, B. National systems of production, innovation and competence building. Research policy, v.31, n.2 , p. 213-231, 2002.

MAZZOLENI, R.; NELSON, R. R. The roles of research at universities and public labs in economic catch-up. LEM Working Paper Series, 2005.

MITCHELL, W. The rationality of economic activity: II. The Journal of Political Economy, v. 18, n. 3, p.197-216, mar. 1910b.

MONASTERIO, L. M. Guia para Veblen: um estudo acerca da economia evolucionária. Pelotas: EDUFPEL, 1998.

NELSON, R. R; SAMPAT, B. N. Las instituciones como factor que regula el desempeño económico. Revista de economia institucional, v. 3, n. 5, p. 18-51, 2001.

NELSON, R. R. National Innovation Systems: It Is. Regional Innovation and Global. Routledge, p.19-34, 2013.

NELSON, R. R. Recent Evolutionary Theorizing About Economic Change. Journal of Economic Literature, v. 33, p. 48-90, march 1995.

NELSON, R. R. What enables rapid economic progress: What are the needed institutions? Research Policy, v. 37, n. 1, p. 1-11, 2008.

NELSON, R. R. What makes an economy productive and progressive? What are the needed institutions?. LEM Working Paper Series, 2006.

NELSON, R. R.; NELSON, K. Technology, institutions, and innovation systems. Research policy, v. 31, n. 2, p. 265-272, 2002.

NELSON, R. R.; WINTER, S. G. An Evolutionary Theory of Economic Change. Harvard University Press, Cambridge. 1982.

NELSON, R. R.; WINTER, S. G. Uma teoria evolucionária da mudança econômica. Campinas: Unicamp, 2005.

NELSON, R. The challenge of building an effective innovation system for catch-up. Oxford Development Studies, v. 32, n. 3, p. 365-374, 2004.

NEUBERGER, D.e. Capacitações tecnológicas e mudanças institucionais na indústria farmoquímica brasileira. Tese (Doutorado) Programa de Pós-graduação em Economia, Universidade Federal de Santa Catarina, SC. 2019.

NIOSI, J. National systems of innovations are “x-efficient”(and x-effective): Why some are slow learners. Research policy, v. 31, n. 2, p. 291-302, 2002.

NORTH, D. C. Institutions. Journal of Economics Perspectives, v. 5, n.1, p.97-112, winter, 1991.

NORTH, D. C. Understanding the process of economic change. Princeton and Oxford: Princeton University Press, 2005.

PARANHOS, J.; PERIN, F. S. Relacionamento universidade-empresa no setor farmacêutico: duas pesquisas comparadas. In: GARCIA, R.; RAPINI, M.; CARIO, S. Experiências de interação universidade-empresa no Brasil. Belo Horizonte: Editora Cedeplar, 2018.

PEREIRA, A. J.; DATHEIN, R. Processo de aprendizado, acumulação de conhecimento e sistemas de inovação: a “co-evolução das tecnologias físicas e sociais” como fonte de desenvolvimento econômico. Revista Brasileira de Inovação, v.11, n.1, p.137-166, jan/jun. 2012.

PONDÉ, J. L. Instituições e mudança institucional: uma abordagem schumpeteriana. Revista Economia, v. 6, n. 1, p. 119-160, 2005.

SAMUELS, W. J. The present state of institutional economics. Cambridge Journal of Economics, v. 19, n. 4, p. 569-590, 1995.

SCHUMPETER, J. A teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo: Ed. Abril Cultural, 1982.

SCOTT, R. W. Institutions and organizations: Ideas and interests. Sage, 2008.

SIMON, H. A. The architecture of complexity. Proceedings of the American Philosophical Society, v.106, p.467- 482, 1962.

SUZIGAN, W.; FURTADO, J. Instituições e políticas industriais e tecnológicas: reflexões a partir da experiência brasileira. Estudos Econômicos, São Paulo, v. 40, n. 1, p. 7-41, 2010.

TIGRE, P. B. Gestão da inovação: A economia da tecnologia no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

VEBLEN, T. Why is Economics not an Evolutionary Science. The Place of Science in Modern Civilization and Other Essays. New York: Russel & Russel, 1961[1898].

Downloads

Publicado

01-12-2020

Como Citar

Burger, R. E., & Cario, S. A. F. (2020). Agenda de pesquisa evolucionária de Richard Nelson e seus pontos de contato com os institucionalistas. Economia & Região, 8(2), 87–110. https://doi.org/10.5433/2317-627X.2020v8n2p87

Edição

Seção

Artigos