Considerações empíricas acerca da aplicação do procedimento de Heckman: Há viés de seleção amostral na indústria brasileira?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2317-627X.2015v3n2p131

Palavras-chave:

Viés de seleção amostral, procedimento de Heckman, mercado de trabalho, estrutura de determinação salarial, indústria de transformação

Resumo

Diversas pesquisas acerca do mercado de trabalho brasileiro abordam a probabilidade de inserção e estrutura de determinação salarial dos trabalhadores e, para aplicação empírica, lançam mão do procedimento de detecção e correção de viés de seleção amostral de Heckman. No entanto, poucos estudos no Brasil são focados na aplicabilidade deste procedimento, principalmente no que tange setores específicos. A presente pesquisa teve por objetivo abordar estas questões ao testar a existência de viés de seleção amostral na indústria brasileira, bem como analisar o impacto da correção deste viés sobre os coeficientes estimados. Os resultados indicaram que o viés de seleção amostral existe apenas em segmentos industriais cuja remuneração é tradicionalmente inferior e apenas entre grupos de trabalhadores costumeiramente de menor remuneração (mulheres, principalmente as de pele preta e parda). A análise das equações mincerianas com e sem correção de viés de seleção amostral mostrou que, se não for aplicado o procedimento de Heckman nos casos em que o viés é estatisticamente significativo, os coeficientes referentes ao ganho salarial dos homens em relação ao das mulheres e dos trabalhadores urbanos em relação ao dos não urbanos tendem a ser superestimados. 

 

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Biografia do Autor

Flávio Kaue Fiuza-Moura, Universidade de São Paulo - USP

Mestre em Economia Regional, Doutorando em Economia pelo USP

Katy Maia, Universidade Estadual de Londrina - UEL

Professora Doutora da Universidade Estadual de Londrina.

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Publicado

26-03-2016

Como Citar

Fiuza-Moura, F. K., & Maia, K. (2016). Considerações empíricas acerca da aplicação do procedimento de Heckman: Há viés de seleção amostral na indústria brasileira?. Economia & Região, 3(2), 131–144. https://doi.org/10.5433/2317-627X.2015v3n2p131

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