“Na perda da opinião, arriscase um reino” Historiografia, guerra e opinião coletiva no Antigo Regime (séculos XVIXVII)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2020v13n25p21

Palavras-chave:

Guerra, fiscalidade, Propaganda, Opinião coletiva, Historiografia, História militar

Resumo

Este artigo se debruça sobre algumas das condições adstritas ao empreendimento da guerra nos séculos XVI e mormente XVII, para identificar e analisar o papel das tentativas de conformação de opinião no desenrolar de conflitos. Assim, em uma primeira parte, examina a ausência de uma estratégia coesa para a guerra; as dificuldades de recrutar e de financiar; e ainda os constrangimentos para decidir. A segunda parte propõe um balanço historiográfico indicativo e correlato à questão da opinião coletiva na modernidade, seguido de um estudo de caso para a monarquia portuguesa, vinculado às discussões em torno da entrega de Pernambuco em 1648. A ênfase reside na península ibérica e suas conquistas ultramarinas, embora exemplos da península itálica e principalmente de França possam ser elencados. Uma das conclusões é a de que é necessário esmaecer a lógica de uma doutrina militar para se compreender os conflitos da modernidade, prisma consoante à produção de uma história militar recente.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Marcello José Gomes Loureiro, Escola Naval

Doutor em Histoire et Civilisation pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS - Paris). Doutor em História pela Universidade Federal do de Janeiro (PPGHIS-UFRJ). Pós-doutor, pelo Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal Fluminense (PPGH-UFF). Pprofessor do Centro de Ciências Sociais da Escola Naval.

Referências

ANDERSON, Perry. Linhagens do estado absolutista. São Paulo: Brasiliense, 1995.

ARIAS NETO, José Miguel. História Militar. In: SAINT-PIERRE, Héctor et al. (org.). Dicionário de segurança e defesa. São Paulo: UNESP, 2018. p. 531-548.

ARTE. In: BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez & latino. São Paulo: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin – USP, 1728. v. 1, p.537. Disponível em: http://dicionarios.bbm.usp.br/en/dicionario/1/arte. Acesso em: 18 fev. 2020.

BÉGUIN, Katia. Financer la guerre au XVIIe siècle: la dette publique et les rentiers de l’absolutisme. Paris: Champ Vallon, 2012.

BÉLY, Lucien. Les secrets de Louis XIV: mystères d’état et pouvoir absolu. Paris: Tallandier, 2013.

BICALHO, Maria Fernanda. As câmaras ultramarinas e o governo do império. In: FRAGOSO, João et al. (org.). O antigo regime nos trópicos. Rio de Janeiro: Civilização, 2001. p. 189-221.

BICALHO, Maria Fernanda. As tramas da política. In: FRAGOSO, J.; GOUVÊA, F. (org.). A trama das redes. Rio de Janeiro: Civilização: 2010.p. 343-371.

BOIS, Jean-Pierre. Napoléon: chef d’État, chef de guerre, chef d’armé. In:ROBBE, Émilie; LAGRANGE, François (org.). Napoléon stratège. Paris: Lienart, 2018. p. 20-25.

BOITEL, Isaure. L’image noire de Louis XIV. Paris: Champ Vallon, 2016.

BONAPARTE, Napoleão. Sobre a guerra. Rio de Janeiro: Civilização, 2015.

BOUZA, Fernando. Del escribano a la biblioteca: la civilización escrita europea en la alta edad moderna (siglos XV-XVII). Madrid: Akal, 2018.

BUESCO, Ana Isabel. Na corte dos reis de Portugal. Lisboa: Colibri, 2011.

CAMENIETZKI, Carlos Ziller; PASTORE, Gianriccardo. 1625, o fogo e a tinta: a batalha de Salvador nos relatos de guerra, Topoi, Rio de Janeiro, v. 6, n. 11, p. 261- 288, 2005.

CARCEL, Ricardo. El demonio del sur. Madrid: Cátedra, 2017.

CARDIM, Pedro. Cortes e cultura política no Portugal do antigo regime. Lisboa: Cosmos, 1998.

CATTEEUW, Laurie. Censures et raisons d’État: une histoire de la modernité politique (XVIe -XVIIe siècle). Paris: Albin Michel, 2013.

CHABY, Cláudio (ed.). Sinopse dos decretos remetidos ao extinto conselho de guerra. Lisboa: Imprensa Nacional, 1869.

CILIBERTO, Michele. Niccolò Machiavelli: ragione e pazzia. Roma: Editori Laterza, 2019.

CLAUSEWITZ, Carl Von. Da guerra. São Paulo: Martins Fontes, 1996. COELHO, Laranjo (ed.). Cartas de El-Rei D. João IV ao Conde da Vidigueira. Lisboa: APH, 1940. v. 1.

CONSELHO. In: BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez & latino. São Paulo: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin – USP, 1728. v. 2, p. 474. Disponível em: http://www.brasiliana.usp.br/pt-br/dicionario/1/conselho. Acesso em: 26 fev. 2020.

CORVISIER, André. A guerra. Rio de Janeiro: BIBLIEX, 1999. COSTA, Fernando Dores. A guerra da restauração. Lisboa: Horizonte, 2004. COSTA, Fernando Dores. Insubmissão. Lisboa: ICS, 2010.

CURTO, Diogo R. Cultura política no tempo dos Felipes (1580-1640). Lisboa: Edições 70, 2011.

DUCCINI, Hélène. Faire voir, Faire Croire: l’opinion publique sous Louis XIII. Paris: Champ Vallon, 2003.

ELLIOTT, John. A Europe of composite monarchies. Past & Present, Oxford, n. 137, p. 48-71, 1992.

ESTRELLA, Antonio Jiménez. Los nuevos bellatores de Su Majestad. In: ESTRÍNGANA, Alicia (org.). Servir al rey en la monarquía de los Austrias. Madrid: Sílex, 2012. p. 387-413.

FOSSI, Gloria. Galleria degli Uffizi: arte, storia, collezioni. Firenze: Giunti, 2017.

FRAGOSO, João. A formação da economia colonial no Rio de Janeiro e de sua primeira elite senhorial (séculos XVI e XVII). In: FRAGOSO, João et al. (org.). O antigo regime nos trópicos. Rio de Janeiro: Civilização, 2001. p. 29-72.

FRAGOSO, João. Fidalgos da Terra e o Atlântico Sul. In: SCHWARTZ, Stuart; MYRUP, Erik L. (org.). O Brasil no império marítimo português. São Paulo: EDUSC, 2009. p. 75-112.

GLETE, Jan. La guerra sul mare (1500-1650). Bologna: il Mulino, 2010. GUERRA. In: BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez & latino. São Paulo: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin – USP, 1728. v. 4, p. 153. Disponível em: http://dicionarios.bbm.usp.br/en/dicionario/1/guerra. Acesso em: 18 fev. 2020.

HELMER, Helmers J. The royalist republic. Cambridge: University Press, 2016.

HESPANHA, António Manuel. Por que é que foi ‘portuguesa’ a expansão portuguesa ou o revisionismo nos trópicos?. In: MELLO e SOUZA, Laura et al. (org.). O governo dos povos. São Paulo: Alameda, 2009. p. 39-62.

JOMINI, Antoine-Henri. Précis de l’art de la guerre. Paris: Perrin, 2008. KANT, Immanuel. A paz perpétua e outros opúsculos. Lisboa: Edição 70, 2013. KEEGAN, John. Uma história da guerra. São Paulo: Cia das Letras, 2006. KRYNEN, Jacques. L’empire du roi. Idées et croyances politiques en France (XIIIe - XVe ). Paris: Gallimard, 1993.

LOUREIRO, Marcello. Como poderemos restaurar depois de perdido, senão fazendo Justiça?: o conselho ultramarino e o diálogo com as conquistas em tempos de incerteza (1640-1656). Locus, Juiz de Fora, v. 24, n. 1, p. 121-146, 2018. Doi: https://doi.org/10.34019/2594-8296.2018.v24.20869. Acesso em: 18 fev. 2020.

MAQUIAVEL, Nicolau. A arte da guerra. Porto Alegre: L&PM, 2008.

MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. São Paulo: Cia das Letras, 2010.

MARCOS, Regina Pérez. La educación del Príncipe. In: ESCUDERO, José Antonio (org.) El rey. Madrid: Planeta, 2008. v. 1, p. 85-104.

MELLO, Cristiane Figueiredo. A guerra e o pacto: a política de intensa mobilização militar nas Minas Gerais. In: CASTRO, Celso et al. (org.). Nova história militar brasileira. Rio de Janeiro, FGV, 2004. p. 67-86.

MOREIRA, Luiz Guilherme. Os capitães da fortaleza da barra da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro (1650-1700). In: POSSAMAI, Paulo (org.). Conquistar e defender. São Leopoldo: Oikos, 2012. p. 85-104.

MOREIRA, Luiz Guilherme; LOUREIRO, Marcello. A nova história militar e a América portuguesa: balanço historiográfico. In: POSSAMAI, Paulo (org.). Conquistar e defender. São Leopoldo: Oikos, 2012. p. 13-31.

MORMICHE, Pascale. Devenir prince. l’école du pouvoir. Paris: CNRS Editions, 2009.

OLIVARI, Michele. Avisos, pasquines y rumores: los comienzos de la opinión pública en la España del siglo XVII. Madrid: Cátedra, 2014.

PAEZ, Simão Ferreira. Recopilação das famozas Armadas [...]. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1939.

PAGAMENTO. In: BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez & latino. São Paulo: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin – USP, 1728. v. 6, p. 180. Disponível em: http://dicionarios.bbm.usp.br/pt-br/dicionario/1/pagamento. Acesso em: 18 fev. 2020.

PÉREZ, Javier Pórtus. Juan Bautista del Mazo & Diego Velázquez (copy after Peter Paul Rubens): equestrian portrait of Philip IV. In: HAAG, Sabine (org.). Velázquez. Wien: Hirmer, 2014. p. 307-308.

PEZZOLO, Luciano. Una rivoluzione militare europea?. In: BIANCHI, Paola; NEGRO, Piero Del (org.). Guerre ed eserciti nell’età moderna. Bologna: il Mulino, 2018. p. 19-50.

POSSAMAI, Paulo. Instruídos, disciplinados, bisonhos, estropeados e inúteis: os soldados da Colônia do Sacramento. RBHM, Rio Claro, v. 1, n. 2, 2010.

PRESTAGE, Edgar. O conselho de estado de D. João IV e D. Luísa de Gusmão. Lisboa: Arquivo Histórico Português, 1919.

PUJOL, Xavier Gil. Centralismo e localismo? Sobre as relações políticas e culturais entre capital e territórios nas monarquias europeias dos séculos XVI e XVII. Penélope, Lisboa, n. 6, p. 119-144, 1991.

PUNTONI, Pedro. A Guerra dos bárbaros. São Paulo: Hucitec, 2002. RAMEIX, Solange. Justifier la guerre: censure et propagande dans l’Europe du XVIIe siècle. Rennes: Press Universitaires, 2014.

RAU, Virginia; SILVA, Fernanda G. da (org.). Os manuscritos do arquivo da casa de cadaval respeitantes ao Brasil. Lisboa: Acta Universitatis Conimbriensis, 1956. v. 1.

RUSSELL-WOOD, A. J. R. Governantes e agentes. In: BETHENCOURT, F.; CHAUDHURI, K. (org.). História da expansão portuguesa. Lisboa: Círculo de Leitores, 1998. v. 3, p. 169-192.

SCHAUB, Jean-Frédéric. Le Portugal au temps du Comte-Duc’Olivares. Madrid: Casa de Velázquez, 2001a.

SCHAUB, Jean-Frédéric. Portugal na monarquia hispânica (1580-1640). Lisboa: Horizonte, 2001b.

SCHMIDT, Peer. La monarquia universal española y América. México: FCE, 2012.

SENELLART, Michel. As artes de governar. São Paulo: Editora 34, 2006.

STRATAGEMA. In: BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez & latino. São Paulo: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin – USP, 1728. v. 7, p. 50. Disponível em: http://dicionarios.bbm.usp.br/en/dicionario/1/estratagema. Acesso em: 18 fev. 2020.

TILLY, Charles. Coerção, capital e estados europeus. São Paulo: EDUSP, 1996.

VIEIRA, Antônio. Cartas de Antônio Vieira. São Paulo: Globo, 2008. v. 1.

VIEIRA, Antônio. Cartas de Antônio Vieira. São Paulo: Globo, 2009. v. 3.

VIEIRA, Antônio. Obra completa do Padre Antônio Vieira.. São Paulo: Loyola, 2015. t. 2, v. 6, 9, 13.

WEDIN, Lars. Estratégias marítimas no século XXI. Rio de Janeiro: EGN, 2015.

Downloads

Publicado

21-08-2020

Como Citar

LOUREIRO, M. J. G. “Na perda da opinião, arriscase um reino” Historiografia, guerra e opinião coletiva no Antigo Regime (séculos XVIXVII). Antíteses, [S. l.], v. 13, n. 25, p. 21–49, 2020. DOI: 10.5433/1984-3356.2020v13n25p21. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/39437. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê