O contraponto paulista: os estudos de Florestan Fernandes e Oracy Nogueira no projeto Unesco de relações raciais
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-3356.2014v7n13p10Palavras-chave:
Unesco, Pensamento social no Brasil, História das ciências sociais no Brasil, Racismo, RaçaResumo
Este artigo tem por objetivo analisar os estudos de Florestan Fernandes e de Oracy Nogueira sobre as relações raciais em São Paulo nos anos 1950 sob o patrocínio da Unesco. Professores dos mais importantes centros de ciências sociais do Brasil na época (Escola Livre de Sociologia e Política - ELSP e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras - FFCL/USP), Florestan e Oracy revelam diferentes perspectivas sobre as relações entre raça e classe. Enquanto no estudo de Florestan, raça está subsumida à classe, na investigação de Oracy verifica-se que as intersecções entre raça e classe nas análises das disparidades raciais não podem ser explicadas apenas pelas desigualdades sociais. Desse modo, o ciclo de pesquisas da UNESCO revelou diferentes visões acerca do racismo no Brasil.Downloads
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