As máscaras do crime: o representativo da inteligência e da fatalidade brasileira nas Memórias de um rato de hotel

Autores

  • Lucas Trazzi de Arruda Mendes Universidade Estadual de Londrina - UEL

DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2013v6n12p579

Palavras-chave:

João do Rio, História e literatura, Figura do criminoso

Resumo

Nossa pesquisa em desenvolvimento junto ao programa de pós-graduação em História Social da Universidade Estadual de Londrina tem como foco a figura do personagem criminoso na literatura do século XIX e início do XX, partindo de observações sobre o olhar do contista, cronista e romancista carioca João do Rio (Paulo Barreto, 1882-1921) no romance Memórias de um rato de hotel, a vida do Dr. Antônio contada por ele mesmo, publicada como folhetim no jornal Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro entre dezembro 1911 e maio de 1912. Publicado, na época, como se fossem memórias verdadeiramente escritas pelo próprio gatuno Dr. Antônio – criminoso real que no momento encerrava sua vida de crimes preso na Casa de Detenção –, o romance parece ter recebido considerável notoriedade por parte do público-leitor carioca, ganhando uma edição em livro apenas três meses depois de sua conclusão no rés-do-chão do periódico. Em nossa perspectiva de estudo, esse romance-folhetim traz em si ricas possibilidades de interpretação historiográfica a respeito da figura do criminoso, ao transitar em seu texto componentes de uma espécie de “tradição” literária que vinha se formando já no século XIX – e admitida pela denominação de literatura de crime por alguns pesquisadores com as observações de “campo” do cronista-jornalista cuja vaidade, segundo o escritor, era a de realizar um tipo de análise da época contemporânea – o que desembocaria numa espécie de projeto literário regado ao que se entende enquanto temperamento etnográfico. No intuito de pensar os condicionantes da figura do criminoso na literatura de Paulo Barreto, em nossa pesquisa desenvolvemos reflexões a respeito do cenário literário do Rio de Janeiro do momento, entendendo como a emersão de um “gosto do povo” parecia afetar as proposições temáticas e artísticas de vários literatos. No mesmo intuito, procuramos pensar igualmente a relação do discurso literário do cronista com discursos sociais cientificistas e sanitárias do momento, sempre prezando por demarcar o diálogo entre aquilo que comumente se entende por “realidade” e as produções ficcionais da literatura – considerando que ambas as categorias agem constantemente uma sobre a outra e moldam-se mutuamente de acordo com contextos múltiplos determinados. Dessa maneira, pretendemos investigar as considerações de João do Rio sobre o criminoso Dr. Antônio – máscara literária do autor, escolhida para “cronicizar” sobre o submundo do crime da capital e carnavalizar a sociedade – através do engajamento de um seu projeto literário, recorrendo a crônicas e contos que nos pareceram interessantes para compreender o universo ficcional – que muitas vezes, se pretendia “real” – que era criado por suas obras. Nesse sentido, nossa pretensão de análise seria a de pensar historicamente a figura do criminoso no início do século XX tendo em vista possíveis elementos latentes do imaginário a seu respeito, manifestados na literatura e compartilhados, em algum nível, pelos leitores do período.

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Biografia do Autor

Lucas Trazzi de Arruda Mendes, Universidade Estadual de Londrina - UEL

Mestre em História Social pela Universidade Estadual de Londrina.

Referências

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Publicado

04-12-2013

Como Citar

MENDES, L. T. de A. As máscaras do crime: o representativo da inteligência e da fatalidade brasileira nas Memórias de um rato de hotel. Antíteses, [S. l.], v. 6, n. 12, p. 579–580, 2013. DOI: 10.5433/1984-3356.2013v6n12p579. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/17185. Acesso em: 28 mar. 2024.