O RESGATE DA IDENTIDADE CABOCLA NO TERRITÓRIO DA GUERRA DO CONTESTADO COMO UMA ESTRATÉGIA DE MICROEMANCIPAÇÃO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/got.2019.v5.37516

Palavras-chave:

Povo caboclo, Teoria Crítica, Desterritorialização

Resumo

Apresentamos uma análise, a partir da Teoria do Território e da Teoria Crítica, da luta histórica do povo caboclo remanescente da Guerra do Contestado para reaver a sua identidade perdida, manchada pela imprensa e pelos políticos influenciados pelo interesse do capital, que subjuga as minorias para legitimar sua expropriação e exploração. A partir da Teoria do Território identificamos que o povo caboclo que vivia por gerações na região disputada pelos estados do Paraná e de Santa Catarina, no início do século XX, foi submetido a um processo de desterritorialização imposto pelo capital internacional e reforçado pelo poder local dos “coronéis”. Este povo viu sua existência ameaçada quando foi expulso de forma ilegal e imoral de suas terras, sendo este um dos motivos que desencadearam a sangrenta guerra que se estendeu por quatro anos. A análise a partir da Teoria Crítica nos permite inferir que o povo caboclo discriminado desde a guerra – posto que tachados de rebeldes, fanáticos, facínoras, assassinos, desordeiros, etc. – vem paulatinamente, através da valorização de seu costume e da sua cultura, se distanciando desta imagem, criada injustamente para legitimar seu extermínio, e assim, conseguindo conquistar sua microemancipação.

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Biografia do Autor

Sergio Ricardo Vitiello, Universidade Estadual de Londrina

Discente do Programa de Pós-graduação em Administração PPGA-UEL. Bacharel em Gegrafia pela UEL.

Amanda Keren Frois, Universidade Estadual de Londrina

Discente do Programa de Pós-graduação em Administração PPGA-UEL. Bacharela em Administração pela UEL.

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Publicado

26-11-2019

Como Citar

Vitiello, S. R., & Frois, A. K. (2019). O RESGATE DA IDENTIDADE CABOCLA NO TERRITÓRIO DA GUERRA DO CONTESTADO COMO UMA ESTRATÉGIA DE MICROEMANCIPAÇÃO. Geographia Opportuno Tempore, 5(3), 151–171. https://doi.org/10.5433/got.2019.v5.37516

Edição

Seção

Artigos