Parasitismo e respostas comportamentais de Acromyrmex coronatus (Fabricius, 1804) e Acromyrmex crassispinus (Forel, 1909) (Hymenoptera: Formicidae) a Myrmosicarius catharinensis Borgmeier, 1928 (Diptera: Phoridae) em Londrina, PR
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0359.2021v42n5p2669Palavras-chave:
Alteração de comportamento, Formiga-cortadeira, Inimigo natural, Parasitoide.Resumo
Formigas-cortadeiras do gênero Acromyrmex causam sérios prejuízos em áreas florestais cultivadas. Algumas moscas pertencentes à família Phoridae são conhecidas por parasitá-las e o resultado dessa interação pode fornecer bases promissoras para o manejo destas formigas. Este estudo objetivou registrar o parasitismo e as respostas comportamentais de formigas-cortadeiras Acromyrmex spp. aos forídeos parasitoides no município de Londrina, PR. Entre outubro/2019 e abril/2020 foram realizadas inspeções visuais e coletas de formigas-cortadeiras e forídeos associados em formigueiros selecionados e suas trilhas, situados no Campus da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e no Jardim Botânico de Londrina. Os insetos coletados foram preservados em álcool 70%, para posterior identificação das espécies. O registro comportamental das formigas aos parasitoides foi realizado a nível individual e coletivo, seguindo protocolos citados em literatura. As frequências entre os diferentes comportamentos de resposta exibidos pelas formigas atacadas foram comparadas por meio de análise de variância. As espécies de formigas-cortadeiras Acromyrmex coronatus e Acromyrmex crassispinus foram encontradas nos dois locais avaliados. Myrmosicarius catharinensis foi a única espécie de forídeo parasitoide encontrada e atacou as duas espécies de formigas. Embora a ocorrência de M. catharinensis seja relatada para outros estados brasileiros e sua associação com A. crassispinus registrada em Buenos Aires - Argentina, este é o primeiro relato da ocorrência do forídeo no Paraná com nova associação para a espécie A. coronatus. Sob a ação de forrageamento do parasitoide, 63,5% das formigas apresentaram apenas uma resposta comportamental, enquanto 36,5% apresentaram duas respostas comportamentais. Acelerar o caminhamento, tentar “morder” o parasitoide e adotar posturas em ‘C’ foram as respostas comportamentais mais frequentes para evitar o parasitismo. A aglomeração de formigas em torno de uma operária e a presença de operárias “caroneiras”, sobre os fragmentos de folha transportados, foram as alterações de comportamento coletivo observadas, sendo a última a mais frequente. Estas alterações ocorreram em todos os ninhos de formigas observados e em dois deles a constância de alteração no comportamento coletivo foi de 53%. Estes resultados evidenciam a interferência provocada em ninhos Acromyrmex spp., pela ocorrência de M. catharinensis, um potencial agente de controle desta praga.Downloads
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