Influência da adição do glicerol sobre a qualidade dos espermatozoides epididimários de gato durante as etapas da congelação-descongelação
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0359.2020v41n4p1237Palavras-chave:
Criodanos. Criopreservação, Espermatozoide, Felino, Crioprotetor intracelular.Resumo
A criopreservação dos espermatozoides epididimários é uma ferramenta útil para preservar o potencial genético de um animal valioso. Além disso, o gato doméstico é modelo eleito para o estudo e desenvolvimento da criogenia para os demais felinos. Contudo, para o sucesso dessa biotécnica é essencial o controle de todo o processo de criopreservação. Assim, objetivou-se avaliar o efeito do tempo de equilíbrio da glicerolização e das etapas da congelação-descongelação sobre a qualidade dos espermatozoides epididimários de gato doméstico. Para tanto, espermatozoides epididimários foram recuperados com TRIS e imediatamente avaliados quanto à motilidade total (MT), vigor, viabilidade, funcionalidade de membrana (HOST) e morfologia. Em seguida, as amostras foram adicionadas de TRIS-gema a 20%, fracionadas igualmente em dois tubos de 1,5 mL, refrigeradas a 4 ºC por 1 hora e, posteriormente, adicionadas de glicerol na concentração final de 5%. As amostras foram incubadas com glicerol (tempo de equilíbrio) por 5 ou 10 minutos (grupos G5 e G10, respectivamente) e depois congeladas. A descongelação ocorreu a 37 ºC por 30 segundos. As amostras foram avaliadas em todas as etapas. Uma redução na MT foi observada apenas na pós-descongelação, no entanto G5 (39,00 ± 4,07%) foi superior ao G10 (18,50 ± 4,54%). O vigor declinou pós-descongelação em ambos os grupos; contudo, não diferiram entre si. A viabilidade espermática foi mantida no G5 pós-glicerolização (53,60 ± 2,59%), diferentemente do observado em G10, em que a amostra glicerolizada (48,80 ± 2,93%) reduziu em relação à fresca (59,90 ± 1,74%). A viabilidade pós-descongelação de G5 (33,80 ± 1,89%) foi superior à de G10 (18,80 ± 3,01%). No HOST, uma redução da viabilidade só foi observada pós-descongelação, não havendo diferença entre os grupos (41,50 ± 2,84% para G5 e 40,20 ± 3,49% para G10). Em relação à morfologia espermática, os espermatozoides normais diminuíram, enquanto os espermatozoides com defeitos secundários pós-descongelação aumentaram em ambos os grupos. Conclui-se que um menor tempo de equilíbrio para a glicerolização preserva melhor a qualidade dos espermatozoides epididimários e a etapa mais crítica do processo de congelação-descongelação é a descongelação.Downloads
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