Soroprevalência e sorogrupos de Leptospira sp. predominantes em exames sorológicos de ruminantes do Nordeste do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0359.2019v40n4p1513Palavras-chave:
Leptospirose, Sorologia, Ruminantes, Sorogrupos, Controle.Resumo
O objetivo deste estudo foi determinar a soropositividade para leptospirose e os sorogrupos predominantes nos testes sorológicos realizados no Laboratório de Doenças Transmissíveis (LDT) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Patos, Paraíba, Nordeste do Brasil, em bovinos, caprinos, ovinos e bubalinos no período de 2010 a 2017. Foram computados os registros dos exames sorológicos para leptospirose de 5.594 animais, que incluíram 1.527 bovinos, 1.761 caprinos, 2.170 ovinos e 136 bubalinos, provenientes de quatro estados brasileiros (Paraíba, Pernambuco, Maranhão e Rio Grande do Norte). Das 5.594 amostras de soro de bovinos, caprinos, ovinos e bubalinos, 662 amostras foram positivas no teste sorológico, resultando em uma frequência de 11,8%. Serjoe (30,6%), Autumnalis (13,6%) e Icterohaemorrhagiae (11,3%) foram os sorogrupos mais frequentes para todas as espécies. As frequências individuais de bovinos, caprinos, ovinos e bubalinos foram de 20% (306/1.527), 8,3% (147/1.761), 7,9% (171/2.170), e 27,9% (38/136), respectivamente, com títulos variando de 1:100 a 1:3200. Com relação aos sorogrupos mais frequentes por espécie animal, o Serjoe predominou em bovinos (62%), seguido de Icterohaemorrhagiae (12,5%) e Tarassovi (6,6%); Autumnalis foi o mais frequente em caprinos e ovinos (29,4% e 26,9%, respectivamente), seguido de Seramanga (12,5%) em caprinos e Icterohaemmorrhagiae (13,5%) em ovinos; Australis predominou nos bubalinos (39,5%), seguido de Pomona (31,6%) e Canicola (21,1%). Conclui-se que a infecção por Leptospira sp., determinada por sorologia, encontra-se difundida em ruminantes (bovinos, caprinos, ovinos e bubalinos) do Nordeste do Brasil, o que sugere a existência de vias de transmissão alternativas menos dependentes de fatores ambientais, bem como a identificação dos sorogrupos mais frequentes sugere a necessidade de melhoria das condições sanitárias e implementação de medidas de controle eficientes e direcionadas para as principais fontes de infecção.Downloads
Referências
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