A ciência invisível: por que os pesquisadores não publicam seus resultados negativos?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1981-8920.2020v25n4p98

Palavras-chave:

Resultado negativo, Periódicos científicos, Comunicação científica, Ciência invisível

Resumo

Introdução: Os resultados de pesquisas cientificas considerados negativos – hipóteses não confirmadas, dados inesperados, experimentos não concluídos e outros mais – estão sempre presente nos fluxos de construção do conhecimento científico, constituindo um componente essencial para uma visão mais abrangente e integral das múltiplas faces da rotina dos laboratórios. Além do mais, são esses estudos que refutam as ideias correntes e hipóteses consolidadas que fazem a ciência avançar. Entretanto, os estudos negativos não encontram meio de publicação formal de alto impacto e não são plenamente valorizados no ambiente científico e pelas suas instituições. São muitas as barreiras para a não publicação e compartilhamento desses resultados.
Objetivo: Tentando compreender esse fenômeno, o presente estudo tem por objetivo identificar as principais causas da invisibilidade dos estudos negativos.
Metodologia: A partir de uma pesquisa exploratória e qualitativa, adota-se como recurso metodológico, a busca e a análise da escassa literatura sobre a temática, investigando e sistematizando as principais causas da invisibilidade dos estudos negativos.
Resultado: Como resultado, apresenta-se essas causas categorizadas e comentadas em cinco categorias: barreiras contextuais, cognitivas, profissionais, organizacionais e editoriais.
Conclusões: Conclui-se que embora haja um movimento em torno da criação de periódicos e de outras plataformas dedicadas aos resultados negativos, esses ativos informacionais ainda precisam ser valorizados e integrado aos fluxos de comunicação científica proporcionando maior visibilidade aos estudos não confirmatórios.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luís Fernando Sayão, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Doutorado em Ciência da Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Luana Farias Sales, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Doutorado em Ciência da Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Referências

ANDERSON, G. No result is worthless: the value of negative results in science. On Medicine Blog, New York, 10 Oct 2012. Disponível em http://blogs.biomedcentral.com/on-medicine/2012/10/10/no-result-is-worthless-the-value-of-negative-results-in-science/. Acesso em: 10 dez. 2019.

ANDERSON, G.; OLSEN, B. R.; SPROTT, H. Opinion: Publish negative results. The Scientists, [S.I.], 2013. Disponível em: https://www.the-scientist.com/opinion/opinion-publish-negative-results-39928. Acesso em: 6 abr. 2020.

BAKER, M. Is there a reproducibility crisis? Nature, [S.I.], v. 533, p. 452-454, 26 May 2016. Disponível em: https://www.nature.com/news/polopoly_fs/1.19970!/menu/main/topColumns/topLeftColumn/pdf/533452a.pdf. Acesso em: 10 dez. 2019.

DICKERSIN, K.; CHAN, S.; CHALMERSX, T. C.; SACKS, H. S.; SMITH JR, H. Publication bias and clinical trials. Controlled Clinical Trials, [S.I.], v. 8, n. 4, p. 343 – 353, 1987. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/0197245687901553. Acesso em: 6 ago. 2019.

EINSTEIN, A.; INFIELD, L. Lévolution des idées en physique. Paris: Flammarion, 1936.

FANELLI, D. Do Pressures to Publish Increase Scientists' Bias? An Empirical Support from US States Data. PLoS ONE, [S.l.], v. 5, n. 4, e10271, 2010. Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0010271. Acesso em: 6 ago. 2019.

FANELLI, D. Negatiive results are disappearing from most disciplines and countries. Scientometrics, [S.I.], v. 90, n. 3, p. 891-904, 2012. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s11192-011-0494-7. Acesso em: 6 ago. 2019.

GUIMARÃES, R. A. B.; SUCCI, G. M. ; MONTALLI, V. A. M.; NIEDERAUER, A. J. S.; SUCCI, R. C. M. Resultados negativos na pesquisa científica: aspectos éticos. Revista Bioética, Brasília, v. 26, n. 2, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1983-80422018000200245&script=sci_arttext. Acesso em: 6 ago. 2019.

HENDRIX, S. Should I publish negative results or does this ruin my career in science? 2016. Disponível em: https://smartsciencecareer.com/negative-results/. Acesso em: 6 ago. 2019.

KNIGHT, J. Negative results: Null and void. Nature, [S.I.], n. 422, 2003. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/10812294_Negative_results_Null_and_void. Acesso em: 7 dez. 2019.

KUHN, T. The structure of scientific Revolution. 2. ed. Chicago: The University of Chicago, 1970. Disponível em: https://folk.ntnu.no/krill/bioko-references/Kuhn%201962.pdf. Acesso em: 6 dez. 2019.

LATOUR, B. O objetivo da ciência não é produzir verdades indiscutíveis, mas discutíveis. Jornal Correio do Povo, Porto Alegre, 11 mar. 2017. Disponível em: https://www.correiodopovo.com.br/blogs/di%C3%A1logos/bruno-latour-o-objetivo-da-ci%C3%AAncia-n%C3%A3o-%C3%A9-produzir-verdade-indiscut%C3%ADveis-mas-discut%C3%ADveis-1.306155. Acesso em: 6 dez. 2019.

MATOSIN, N.; FRANK, E.; ENGEL, M.; LUM, J. S.; NEWELL. Negativity towards negative results: a discussion of the disconnect between scientific worth and scientific culture. Disease Models & Mechanisms, [S.I.], v. 7, p. 171-173, 2014. Disponível em: https://dmm.biologists.org/content/dmm/7/2/171.full.pdf. Acesso em: 6 ago. 2019.

MOSLEY, M.; LYNCH, J. Uma história da ciência. [S.l.]: Zahar, 2011.

MUDRAK, B. Negative results: the dark matter of research. 2019. https://www.aje.com/arc/negative-results-dark-matter-research/. Acesso em: 6 ago. 2019.

ORANSKY, I.; MARCUS, A. Keep negativity out of politics. We need more of it in journals. STAT News, [S.I.], Oct. 14, 2016. Disponível em: https://www.statnews.com/2016/10/14/journals-negative-findings/. Acesso em: 6 ago. 2019.

PFEFFER, C.; OLSEN, B. R. Editorial. Journal of Negative Results in Biomedicine, [S.l.], v. 1, 2002. Disponível em: https://jnrbm.biomedcentral.com/track/pdf/10.1186/1477-5751-1-2. Acesso em: 6 abr. 2020.

POPPER, K. Conjectures and refutations: The growth of scientific knowledge. New York, London: Basic Books Publishers, 1962. Disponível em: http://www.rosenfels.org/Popper.pdf. Acesso em: 10 dez. 2019.

RECHERCHE ANIMALE. With Negative Results: negative is positive! 2018. Disponível em: https://www.recherche-animale.org/en/negative-results-negative-positive. Acesso em 27 dez. 2019.

REWARDING negative results keeps science on track. Nature, [S.I.], v. 551, n. 7681, p. 414, 2017. DOI: 10.1038/d41586-017-07325-2.

SAYÃO, L. F., SALES, L. F. O fim da teoria: o embate entre a ciência orientada por dados e a ciência orientada por hipoteses. LIINC em Revista, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, 2019. Disponível em: http://revista.ibict.br/liinc/article/view/4688/4135. Acesso em: 6 abr. 2019.

TIMBIE, K. The stigma of negative data and how preprint servers can help. 2019. Disponível em: https://www.fusfoundation.org/the-foundation/news-media/blog/the-stigma-of-negative-data-and-how-preprint-servers-can-help. Acesso em: 20 jan. 2020.

VAN HILTEN, L. G. Why it´s time to publish research failures. Elservier, [S.I.], 2015. Disponível em: https://www.elsevier.com/connect/scientists-we-want-your-negative-results-too. Acesso em: 12 dez. 2019.

Downloads

Publicado

2020-12-26

Como Citar

Sayão, L. F., & Sales, L. F. (2020). A ciência invisível: por que os pesquisadores não publicam seus resultados negativos?. Informação & Informação, 25(4), 98–116. https://doi.org/10.5433/1981-8920.2020v25n4p98

Edição

Seção

Artigos