Cidade Universitária e Estudantificação: um estudo a partir de Dourados, Mato Grosso do Sul
DOI:
https://doi.org/10.5433/2447-1747.2025v34n1p167Palavras-chave:
cidade média; estudantes universitários; lazer noturno; moradiaResumo
Diferentemente de outros processos como, por exemplo, a segregação e a fragmentação socioespaciais e a gentrificação, a estudantificação não tem sido muito abordada na geografia urbana brasileira. Dessa maneira, partindo metodologicamente de pesquisas bibliográficas, pesquisas de campo e entrevistas, o objetivo do presente artigo é contribuir com a popularização do tema, apresentando alguns marcos teóricos sobre a estudantificação, enquanto um processo espacial, que produz uma área da cidade, bem como trazer alguns dos critérios que permitem qualificar uma cidade como cidade universitária. A pesquisa tem como recorte espacial Dourados, uma cidade média no interior do estado de Mato Grosso do Sul, que conta com a grande presença de instituições de ensino superior (IES) e de jovens estudantes. Nessa cidade foi organizado um segmento do mercado imobiliário, serviços, comércio e toda uma economia da vida noturna voltada a este público. Por meio do presente estudo foi possível concluir que a cidade de Dourados pode ser qualificada como uma cidade universitária e um dos traços dessa qualificação é o fato de possuir uma área estudantificada, com todos os seus conteúdos característicos, que demarcam uma diferença em relação ao conjunto da cidade.
Downloads
Referências
ALENTEJANO, Paulo Roberto Raposo; ROCHA-LEÃO, Otávio Miguez da. Trabalho de campo: uma ferramenta essencial para os geógrafos ou um instrumento banalizado? Boletim Paulista de Geografia, São Paulo, n. 84, p. 51-68, 2006.
ANDERSON, Jon. Cultural geography and space, 2006. Disponível em: https://www.cardiff.ac.uk/__data/assets/pdf_file/0003/348510/studentification.pdf Acesso em: 12 dez. 2020.
BENFICA, Tiago Alinor Hoissa. História e universidade: a institucionalização do campo histórico na Universidade Estadual de Mato Grosso/Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (1968-1990). 2016. Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD, Dourados, 2016.
CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. São Paulo: Ática, 2004.
CORRÊA, Roberto Lobato. Processos, formas e interações espaciais. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v. 61, n. 1, p. 127-134, 2016.
GOMES, Igor Ronyel Paredes; CALIXTO, Maria José Martinelli Silva. Da cidade média às cidades pequenas: articulações e relações entre Dourados e o Sudoeste do Estado de Mato Grosso do Sul. In: CALIXTO, Maria José Martinelli Silva; MORENO, Bruno Bomfim; BERNARDELLI, Maria. Lúcia Falconi da Hora (orgs.). O urbano em Mato Grosso do Sul: abordagens e leituras. Dourados: UFGD, 2020. p. 13-43.
GUMPRECHT, Blake. The American college town. Geographical Review, New York, v. 93, n. 1, p. 51-80, 2003.
GUMPRECHT, Blake. The American college town. Boston: University of Massachusetts Press, 2008.
HAESBAERT, Rogério. De espaço e território, estrutura e processo. Economía, Sociedad y Territorio, Toluca, v. 13, n. 43, p. 805-815, 2013.
HARVEY, David. O direito à cidade. Lutas sociais, São Paulo, n. 29, p. 73-89, 2012.
HOLLANDS, Robert; CHATTERTON, Paul. Producing nightlife in the new urban entertainment economy: corporatization, branding and Market segmentation. International Journal of Urban and Regional Research, Hoboken, v. 27, n. 2, p. 361-385, 2003.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Brasília. Primeiros Resultados de População do Censo Demográfico 2022. Rio de Janeiro: IBGE, 2023. Disponível em: https://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2022/Populacao_e_domicilios_Pri meiros_resultados/POP2022_Municipios_Primeiros_Resultados.pdf/. Acesso em: 18 ago. 2023.
INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo da Educação Superior. Brasília: Ministério da Educação, 2023. Disponível em: https://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/documentos/2022/apresentacao_censo_da_educacao_superior_2022.pdf. Acesso em: 17 dez. 2023.
KINTON, Chloe. Processes of destudentification and studentification in Loughborough. 2013. Tese (Doutorado em Geografia) – Loughborough University, Loughborough, 2013.
LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2003.
LEFEBVRE, Henry. La production de l’espace. Paris: Anthropos, 1975.
LIMA, Matheus Guimarães. Jovens estudantes migrantes em Dourados, Mato Grosso do Sul: Etnografia comparativa. In: FABRINI, João Edmilson; MONDARDO, Marcos Leandro; GOETTERT, Jones Dari. (orgs.). A fronteira cruzada pela cultura e as relações sociais de produção. Porto Alegre: Total Books, 2020. p. 17-44.
LIMA, Matheus Guimarães. Depois da aula, o rolê: a noite e o lazer de jovens universitários em Três Lagoas. In: TURRA NETO, Nécio (org.). Geografias da noite: exemplos de pesquisa no Brasil. São Paulo: EDUNESP, 2021. p. 89-134.
LIMA, Matheus Guimarães. Cultura do Lazer Universitário: Atléticas e Festas Open Bar. 2023. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD, Dourados, 2023.
LIMONAD, Ester. Urbanização dispersa mais uma forma de expressão urbana? Formação (Online), v. 1, n. 14, p. 31-45, 2007.
MALTA, Eder. Identidades e práticas culturais juvenis: as repúblicas estudantis de Ouro Preto. 2010. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal de Sergipe – UFS, São Cristóvão, 2010.
MARGULIS, Mario. La cultura de la noche: la vida nocturna de los jóvenes en Buenos Aires. Buenos Aires: Biblos, 1997.
MCGRAIL, Frederick J. Lehigh University and Bethlehem, Pennsylvania: Partnering to Transform a Steel Town into a College Town. Journal of Higher Education Outreach and Engagement, Athens, v. 17, n. 3, p. 91-108, 2013.
MOORE, Jordan Glynn. Mississippi College Towns: Assessing the Geography of Collegiate Culture. 2016. Dissertação (Mestrado em Geografia) – University of Southern Mississippi, Hattiesburg, 2016.
MORENO, Bruno Bomfim. A Centralidade do ensino superior e o processo de redefinição socioespacial em Dourados-MS. 2013. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD, Dourados, 2013.
MOSEY, Matthew. Studentification: the impact on residents of an English city. 2017. Disponível em: https://www.brookes.ac.uk/geoverse/originalpapers/studentification--the-impact-onresidents-of-an-english-city/ Acesso em: 10 abr. 2020.
NAGLIS, Suzana Gonçalves Batista. Marquei aquele lugar com o suor do meu rosto: os colonos da Colônia Agrícola Nacional de Dourados – CAND (1943-1960). Dourados: UFGD, 2014.
PEREIRA, Marcelo Custódio; TURRA NETO, Nécio; BERNARDES, Antônio. Geografias da Vida Noturna. Crítica e Sociedade: revista de cultura política, Uberlândia, v. 9, n. 2, p. 249-274, 2019.
SANTOS, Milton. Espaço e método. São Paulo: Nobel, 1985.
SEDECT. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Turismo. Boletim Economia Local. Três Lagoas: SEDECT, 2023. Disponível em: https://www.treslagoas.ms.gov.br/wpcontent/uploads/2023/08/SEDECT_Boletim_Econ_Local_1_Sem_2023-1.pdf. Acesso em: 17 jul. 2023.
SEMAGRO. Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar. PRODUTO INTERNO BRUTO MUNICIPAL 2010 – 2019. Campo Grande: SEMAGRO, 2021. Disponível em: https://www.semadesc.ms.gov.br/wp-content/uploads/2021/12/PIB-Municipal-2010- 2019.pdf. Acesso em: 17 jul. 2023.
SHAW, Robert. Beyond night-time economy: affective atmospheres of the urban night. Geoforum, Amsterdam, v. 51, p. 87-95, 2014.
SMITH, Darren Phillip. ‘Studentification ication’: the gentrification factory?. In: ATKINSON, Rowland; BRIDGE, Gary (orgs.). Gentrification in a global context: the new urban colonialism. Londres: Routledge, 2004. p. 73-90.
SPINK, Peter Kevin. Pesquisa de campo em psicologia social: Uma perspectiva pós-construcionista. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 15, n. 2, p. 18-42, 2003.
SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão. Novas redes urbanas: cidades médias e pequenas no processo de globalização. Geografia, Rio Claro, v. 35, n. 1, p. 51-62, 2010.
TURRA NETO, Nécio. Vida noturna, a construção de um objeto de estudo para a Geografia. Terr@ Plural, Ponta Grossa, v. 11, n. 1, p. 31-41, 2017.
VAN LIEMPT, Ilse; VAN AALST, Irina; SCHWANEN, Tim. Introduction: Geographies of the urban night. Urban Studies, Thousand Oaks, v. 52, n. 3, p. 407-421, 2015.
WINKIN, Yves. A nova comunicação: da teoria ao trabalho de campo. Campinas: Papirus, 1998.
ZUSMAN, Perla. La tradición del trabajo de campo en Geografía. Geograficando, La Plata, v. 7, n. 7, p. 15-32, 2011.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Matheus Guimarães Lima, Nécio Turra Neto
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os(as) autores(as) mantêm os direitos autorais, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Atribuição-Não Comercial 4.0 Internacional. Esta licença permite que terceiros distribuam, remixem, adaptem e desenvolvam o material em qualquer meio ou formato apenas para fins não comerciais, atribuindo o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua e a credibilidade do veículo. Respeitará, no entanto, o estilo de escrever dos autores. Alterações, correções ou sugestões de ordem conceitual serão encaminhadas aos autores, quando necessário.
Esta obra está licenciada com uma licença Creative Commons Atribuição-Não comercial 4.0 Internacional.