A escuta analítica como instrumento de resgate e manutenção do laço social

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2236-6407.2020v11n3suplp45

Palavras-chave:

desamparo, trauma psíquico, laço social

Resumo

O presente trabalho é fruto do projeto “Jovens em situação de vulnerabilidade social: entre o trauma e o reconhecimento” desenvolvido com bolsa de iniciação científica concedida pela FAPERJ. Ao longo do trabalho, observamos que a emergência de pequenos testemunhos mobilizava os participantes. Embora a narrativa fosse de uma experiência dolorosa, o posterior acolhimento atuava como potencializador de vínculos sociais. Nesse sentido, propomos examinar a função clínica do testemunho para a atuação dos analistas em contextos de precarização, onde há o enfraquecimento dos laços discursivos. Para isso, partimos da premissa que a vivência em condições precárias é potencialmente traumática e excludente, ainda que haja um esforço psíquico de reduzir a importância dessas situações, banalizando o sofrimento oriundo da violência simbólica a que estão submetidos. Nossa aposta é que a escuta analítica pode operar como um instrumento de cuidado, tendo na coletividade a força para o resgate e manutenção do laço social.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria Manuela Dias Ramos de Macedo, Universidade Federal Fluminense

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense (PPGE/UFF)

Perla Klautau, Universidade Veiga de Almeida

Doutorado  em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Pós-doutorado em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP). Professora da Universidade Veiga de Almeida

Referências

Bourdieu, P. (1989). O poder simbólico. Rio de Janeiro, RJ: Bertrand.

Broide, J., & Broide, E. E. (2016). A psicanálise em situações sociais críticas: metodologia clínica e intervenções (2ª ed.). São Paulo, SP: Escuta.

Butler, J. (2018). Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? (5ª ed.). Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira.

Dejours, C. (2000). A banalização da injustiça social (3ª ed.). Rio de Janeiro, RJ: FGV Editora.

Dunker, C. I. L. (2016, 17 de fevereiro). Políticas de identidade e a busca de um novo modelo de crítica. Revista Fórum. Recuperado de https://revistaforum.com.br/noticias/christian-dunker-politicas-de-identidade-e-a-busca-de-um-novo-modelo-de-critica/

Ferreira, A. B. H. (1986). Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira.

Freud, S. (1996). Projeto para uma psicologia científica. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Vol. I. Rio de Janeiro, RJ: Editora Imago. (Trabalho original publicado em 1950[1885]).

Freud, S. (1996). Além do princípio de prazer. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Vol. XVIII. Rio de Janeiro, RJ: Imago Editora. (Trabalho original publicado em 1920).

Freud, S. (1996). Inibições, sintomas e ansiedade. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Vol. XX. Rio de Janeiro, RJ: Imago Editora. (Trabalho original publicado em 1926).

Gagnebin, J. M. (2006). Lembrar escrever esquecer. São Paulo, SP: Editora 34.

Ginzburg, J. (2008). Linguagem e trauma na escrita do testemunho. Revista Conexão Letras, 3(3), 1-6. doi: 10.22456/2594-8962.55604

Klautau, P. (2017). O método psicanalítico e suas extensões: escutando jovens em situação de vulnerabilidade social. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 20(1), 113-127. doi: 10.1590/1415-4714.2017v20n1p113.8

Kupermann, D. (2009). Figuras do cuidado na contemporaneidade: testemunho, hospitalidade e empatia. In Maia, M. S. (Org.). Por uma ética do cuidado (pp. 185-204). Rio de Janeiro, RJ: Garamond.

Laplanche, J, & Pontalis, J.-B. (2001). Vocabulário de psicanálise (4ª ed.). São Paulo, SP: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1987)

Rocha, Z. (1999). Desamparo e metapsicologia: para situar o conceito de desamparo no contexto da metapsicologia freudiana. Síntese Revista de Filosofia, 26(86), 331-346. Recuperado de http://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/Sintese/article/view/761

Rosa, M. D. (2002). Uma escuta psicanalítica das vidas secas. Revista Textura, 2(2), 42-47. Recuperado de https://www.academia.edu/download/43218022/Uma-escuta-psicanalitica-das-vidas-secas-Miriam-Debieux.pdf

Rosa, M. D. (2012). Migrantes, imigrantes e refugiados: a clínica do traumático. Revista de Cultura e Extensão USP, 7, 67-76. doi: 10.11606/issn.2316-9060.v7i0p67-76

Rosa, M. D. (2013). Psicanálise implicada vicissitudes das práticas clinicopolíticas. Revista da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, 41, 29-40. Recuperado de http://www.appoa.com.br/uploads/arquivos/revistas/revista41.pdf

Rosa, M. D. (2015). Psicanálise, política e cultura: a clínica em face da dimensão sócio-política do sofrimento (Tese de livre-docência). Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Seligmann-Silva, M. (2006). Novos escritos dos cárceres: uma análise de caso. Luiz Alberto Mendes, Memórias de um sobrevivente. Estudos de literatura brasileira contemporânea, (27), 35-58. Recuperado de https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=4846220

Seligmann-Silva, M. (2008). Narrar o trauma: a questão dos testemunhos de catástrofes históricas. Psicologia clínica, 20(1), 65-82. doi: 10.1590/S0103-56652008000100005

Seligmann-Silva, M. (2019). O que resta do testemunho. In Wikinski, M. O trabalho da testemunha: Testemunho e experiência traumática. São Paulo, SP: Annablume Editora.

Vezzetti, H. (2002). Pasado y presente: guerra, dictadura y sociedad en la Argentina. Buenos Aires, Argentina: Siglo XXI.

Wikinski, M. (2010). El testigo/superstes ante la justicia. Presentado en III Seminario Internacional Políticas de la Memoria. Centro Cultural Haroldo Conti, Buenos Aires, Argentina.

Wikinski, M. (2019). O trabalho da testemunha: Testemunho e experiência traumática. São Paulo, SP: Annablume Editora.

Downloads

Publicado

2020-12-30

Como Citar

Macedo, M. M. D. R. de, & Klautau, P. (2020). A escuta analítica como instrumento de resgate e manutenção do laço social. Estudos Interdisciplinares Em Psicologia, 11(3supl), 45–60. https://doi.org/10.5433/2236-6407.2020v11n3suplp45

Edição

Seção

Artigos Originais