O laço social na construção identitária do alcoólico anônimo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2236-6407.2021v12n3p22

Palavras-chave:

alcoólatras anônimos, teoria psicanalítica, identificação, subjetivação, sociabilidade

Resumo

A diversidade de grupos anônimos no âmbito social compõe um panorama maior de coletivos identitários que reivindicam sua diferença e distinção social. Considerando a primazia histórica da Irmandade Alcoólicos Anônimos (AA), este artigo discute a construção identitária e social do alcoólico anônimo. Recorremos à literatura oficial da Irmandade como fonte de dados e à teoria psicanalítica como referencial teórico para a análise dos resultados. Constatamos que a construção identitária do alcoólico anônimo se estabelece a partir de um engajamento a Irmandade, sendo seu funcionamento pautado nos ideais de fraternidade, anonimato e abstinência alcoólica. Entre os AA, a identificação sintomática com o alcoolismo pressupõe o vínculo fraternal, funcionando como uma reparação imaginária no trabalho de construção do alcoolista anônimo. Concluímos que a produção identitária “alcoólico anônimo” consiste na adesão a uma nova forma de vida, cujos efeitos são de segregação ao laço social e de alienação ao Outro institucional.

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Biografia do Autor

Raul Max Lucas da Costa

Graduado em Psicologia pela Universidade de Fortaleza (Unifor), graduado em História pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), mestre em História Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutor em Psicologia pela Unifor. Professor do curso de Psicologia do Centro Universitário Dr. Leão Sampaio (Unileão). Psicanalista, membro do Aleph - Escola de Psicanálise

Leonardo Danziato

Professor do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade de Fortaleza (Unifor). Psicanalista, analista-membro da Invenção Freudiana - transmissão da psicanálise.

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Publicado

2021-12-28

Como Citar

Costa, R. M. L. da, & Danziato, L. (2021). O laço social na construção identitária do alcoólico anônimo. Estudos Interdisciplinares Em Psicologia, 12(3), 22–39. https://doi.org/10.5433/2236-6407.2021v12n3p22

Edição

Seção

Artigos Originais