O sujeito do autor: o que aparece quando eu escrevo e desapareço?

Autores

  • Mauricio Winck Esteves Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Luis Artur Costa Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.5433/2236-6407.2021v12n2p99

Palavras-chave:

autoria, ressentimento, culpa, alterocídio.

Resumo

O artigo parte da problematização da noção de sujeito no exercício da escrita para fazer uma crítica ao sujeito da modernidade. Reflete sobre a emergência desse sujeito moderno nas filosofias de René Descartes, Immanuel Kant e na psicanálise de Sigmund Freud, em suas articulações com os mecanismos disciplinares e biopolíticos, demonstrando a emergência de um triplo enlace entre autoria, culpa e propriedade. Ressalta a articulação na modernidade de duas tecnologias de produção do sujeito: a culpa e o alterocídio, duas faces do ressentimento as quais são apresentadas por Friedrich Nietzsche e Achille Mbembe. Por fim, desde a perspectiva dos modos de subjetivação, busca-se traçar algumas linhas de uma autoria no avesso do ressentimento moderno-colonial: uma autoinvenção coletiva.

Métricas

Carregando Métricas ...

Referências

Agamben, G. (2007). Elogio da profanação. In: G. Agamben (Ed.). Profanações. (S. J. Assmann, Trad.). São Paulo, SP: Boitempo. (Trabalho original publicado em 2005).

Beckett, S. (2012). Companhia. In: S. Beckett (Ed.). Companhia e outros textos. (A. H. Souza, Trad.). São Paulo, SP: Globo. (Trabalho original publicado em 1980).

Beckett, S. (2015). Esperando Godot (3ª ed.). (F. de S. Andrade, Trad.). São Paulo, SP: Cosac Naify. (Trabalho original publicado em 1952).

Birman, J. (2008). Genealogia da transgressão. Cadernos de Psicanálise, 24(27), 79-98. Recuperado de https://spcrj.org.br/uploads/2019/10/2008.pdf.

Borges, J. L. (2008). Borges e eu. In: J. L. Borges (Ed.). O fazedor. (J. V. Baptista, Trad.). (pp. 54-56). São Paulo, SP: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1960).

Butler, J. (2017). A vida psíquica do poder: teorias da sujeição. (R. Bettoni, Trad.). Belo Horizonte, MG: Autêntica. (Trabalho original publicado em 1997).

Césaire, A. (2020). Discurso sobre o colonialismo (2ª ed.). (A. G. Homem, Trad.). Florianópolis, SC: Letras Contemporâneas. (Trabalho originalmente publicado em 1955).

Deleuze, G., & Guattari, F. (2011). Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia 2, vol. 1 (2ª ed.). (A. L. de Oliveira, A. G. Neto & C. P. Costa, Trad.). São Paulo, SP: 34. (Trabalho original publicado em 1980).

Deleuze, G., & Guattari, F. (1995). Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia 2, vol. 2. (A. L. de Oliveira & L. C. Leão, Trad.). São Paulo, SP: 34. (Trabalho original publicado em 1980).

Deleuze, G., & Guattari, F. (2011). O anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia 1 (2ª ed.). (L. B. L. Orlandi, Trad.). São Paulo, SP: 34. (Trabalho original publicado em 1972).

Descartes, R. (1999). As Paixões da Alma. In: J. Florido (Ed.). Descartes - Coleção Os Pensadores. (E. Corvisieri, Trad.). (pp. 101-232). São Paulo, SP: Nova Cultural. (Trabalho original publicado em 1649).

Descartes, R. (1999). Discurso do Método. In: J. Florido (Ed.). Descartes - Coleção Os Pensadores. (E. Corvisieri, Trad.). (pp. 33-100). São Paulo, SP: Nova Cultural. (Trabalho original publicado em 1637).

Descartes, R. (1999). Meditações. In: J. Florido (Ed.). Descartes - Coleção Os Pensadores. (E. Corvisieri, Trad.). (pp. 233-334). São Paulo, SP: Nova Cultural. (Trabalho original publicado em 1641).

Esteves, M. W. (2019). Com quantas culpas se faz um autor? Ensaios
clínico-políticos entre o Eu e o Outro (Dissertação de Mestrado).
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

Foucault, M. (2014). Do governo dos vivos: Curso no Collège de France (1979-1980). (E. Brandão, Trad.). São Paulo, SP: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 2012).

Foucault, M. (2009). O que é um Autor? In: M. B. da Motta (Ed.). Estética: literatura e pintura, música e cinema – Ditos e Escritos III (2ª ed.). (I. A. D. Barbosa, Trad.). (pp. 264-298). Rio de Janeiro, RJ: Forense Universitária. (Trabalho original publicado em 1969).

Foucault, M. (2008). Segurança, território, população: Curso no Collège de France (1977-1978). (E. Brandão & C. Berliner, Trad.). São Paulo, SP: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 2004).

Foucault, M. (2013). Vigiar e punir: nascimento da prisão (41 ª ed.). (R. Ramalhete, Trad.). Petrópolis, RJ: Vozes. (Trabalho original publicado em 1975).

Freud, S. (1996). Totem e Tabu. In: S. Freud (Ed.). Edição standard brasileira das obras psicológicas completes de Sigmund Freud, vol. 13. (J. Salomão, Trad.). (pp. 11-191). Rio de Janeiro, RJ: Imago. (Trabalho originalmente publicado em 1913).

Giacoia Jr, O. (2001). Nietzsche como psicólogo. São Leopoldo, RS: UNISINOS.

Giacoia Jr., O. (2010). A autossupressão como catástrofe da consciência moral. Estudos Nietzsche, 1(1), 73-128. http://dx.doi.org/10.7213/ren.v1i1.22563

Giacoia Jr., O. (2012). Nietzsche x Kant: uma disputa permanente a respeito de liberdade, autonomia e dever. Rio de Janeiro, RJ: Casa da Palavra: São Paulo, SP: Casa do Saber.

Han, B. (2018). Psicopolítica: O neoliberalismo e as novas técnicas de poder. (M. Liesen, Trad.). Belo Horizonte, MG: Âyiné. (Trabalho original publicado em 2014).

Kant, I. (1984). Crítica da Razão Prática. (A. Morão, Trad.). Lisboa: Edições 70. (Trabalho original publicado em 1788).

Kant, I. (2011). Fundamentação da Metafísica dos Costumes (3ª ed.). (P. Quintela, Trad.). Lisboa: Edições 70. (Trabalho original publicado em 1785).

Kant, I. (2012). Resposta à Questão: O que é Esclarecimento? (M. Pugliesi, Trad.). Cognitio, 13(1), 145-154. (Trabalho original publicado em 1784).

Kilomba, G. (2019). Memórias da plantação – Episódios de racismo cotidiano. (J. Oliveira, Trad.). Rio de Janeiro, RJ: Cobogó. (Trabalho original publicado em 2008).

Mbembe, A. (2014). Crítica da Razão Negra. (M. Lança, Trad.). Lisboa: Antígona.

Mbembe, A. (2018). Necropolítica. São Paulo, SP: N – 1 edições. (Trabalho original publicado em 2003).

Nietzsche, F. W. (1999). Assim falou Zaratustra – Um livro para todos e para ninguém. In: J. Florido (Ed.). Nietzsche obras incompletas – Coleção Os Pensadores. (R. R. Torres Filho, Trad.). (pp. 209-250). São Paulo, SP: Nova Cultural. (Trabalho original publicado em 1883).

Nietzsche, F. W. (1999). Ecce Homo: como tornar-se o que se é? In: J. Florido (Ed.). Nietzsche obras incompletas – Coleção Os Pensadores. (R. R. Torres Filho, Trad.). (pp. 409-425). São Paulo, SP: Nova Cultural. (Trabalho original publicado em 1888).

Nietzsche, F. W. (2009). Genealogia da Moral: uma polêmica (P. C. de Souza, Trad.). São Paulo, SP: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1887).

Rohden, V. (2005). A crítica da razão prática e o estoicismo. DoisPontos, 2(2), 157-173. http://dx.doi.org/10.5380/dp.v2i2.1967

Santos, B. de S. (2007). Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Novos Estudos CEBRAP, (79), 71-94. https://doi.org/10.1590/S0101-33002007000300004

Downloads

Publicado

2021-10-31

Como Citar

Winck Esteves, M., & Costa, L. A. (2021). O sujeito do autor: o que aparece quando eu escrevo e desapareço?. Estudos Interdisciplinares Em Psicologia, 12(2), 99–128. https://doi.org/10.5433/2236-6407.2021v12n2p99

Edição

Seção

Artigos Originais