De pai para filho: o paradoxo fundamental da masculinidade

Autores

  • André Assis Breder Oliveira Universidade Federal de Minas Gerais
  • Cassandra Pereira França Universidade Federal de Minas Gerais https://orcid.org/0000-0003-1528-8214

DOI:

https://doi.org/10.5433/2236-6407.2019v10n1p83

Palavras-chave:

Identidade masculina, complexo de Édipo, incorporação da masculinidade

Resumo

Partindo da defesa de Silvia Bleichmar da masculinidade enquanto uma constituição que perpassa o paradoxo no qual o menino precisa, numa relação de amor, incorporar o pênis paterno para revestir de potência e legitimar sua posição sexuada, o presente artigo contempla as peculiaridades da relação paterno-filial enquanto fonte de afirmação e contradição, já que essa fantasmática identificatória será classificada pelo Eu como homossexual. As vicissitudes da relação entre filho e pai são abordadas do estádio pré-edipiano à adolescência deflagrando que os paradoxos deixados por esse laço, ainda que represente a fragilidade da identidade masculina como essencialmente defensiva, compõem uma posição mais fértil para o sujeito. O enigma de uma posição sexuada em busca de confirmação viril apresenta a conjectura de que o sujeito, buscando a solução para a falta simbólica, pode colocar em ato a fantasmática da incorporação e, assim, estar mais suscetível à submissão sexual violenta a outros homens.

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Biografia do Autor

André Assis Breder Oliveira, Universidade Federal de Minas Gerais

Mestre em psicologia pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor  do Centro Universitário de Várzea Grande e do curso de psicologia da Universidade de Cuiabá.

Cassandra Pereira França, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutora e Pós-doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professora da UFMG.

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Publicado

2019-06-07

Como Citar

Oliveira, A. A. B., & França, C. P. (2019). De pai para filho: o paradoxo fundamental da masculinidade. Estudos Interdisciplinares Em Psicologia, 10(1), 83–106. https://doi.org/10.5433/2236-6407.2019v10n1p83

Edição

Seção

Artigos Originais