A histeria em A Carne, de Julio Ribeiro
DOI:
https://doi.org/10.5433/2236-6407.2012v3n2p196Palavras-chave:
histeria, psicanálise, literaturaResumo
Analisa-se no referencial psicanalítico freudiano a obra A carne, de Julio Ribeiro, romance naturalista publicado em 1888. A obra critica a formação dos papéis de gênero na cultura do século XIX e antecipa idéias psicanalíticas sobre sexualidade e histeria, o que permite uma interessante aproximação entre literatura e psicanálise. A análise é focada no desenvolvimento dos dois personagens centrais, Lenita e Manduca. Observou-se na primeira uma transformação da histeria, de desvio para transgressão e daí para a crítica da sexualidade e dos papéis femininos. Já as angústias e conflitos masculinos são marcados pelo silêncio, uma falha discursiva a qual não permite classificações psicopatológicas. Ao final a histérica Lenita fala e interrompe um longo ciclo de repetição compulsiva enquanto Manduca linearmente emudece e sucumbe. Retomando o início da psicanálise observa-se o mesmo fenômeno: a dificuldade, admitida por Freud, em expor a histeria masculina.Métricas
Referências
Barreto, L. (2007). Cemitério dos vivos, in Costa F M. (2007), Os melhores contos de loucura. Rio de Janeiro: Ediouro. (Original publicado em 1920).
Ferro, A. (2000). A psicanálise como literatura e terapia. Rio de Janeiro: Imago.
Freitas, S. (1972). A carniça, in: Ribeiro, J. (1972). A carne. São Paulo: Editora Três. (Original publicado em 1888)
Freud, S. (1996a). Edição Standard Brasileira das obras completas de S. Freud, Observação de um caso grave de hemianestesia em um homem histérico, v. I, p. 49-57. Rio de Janeiro: Imago. (Original publicado em 1886)
Freud, S. (1996b). Edição Standard Brasileira das obras completas de S. Freud, Ed. Imago Histeria, v. I, p.65-83. Rio de Janeiro: Imago. (Original publicado em 1888)
Freud, S. (1996c). Edição Standard Brasileira das obras completas de S. Freud, Comunicação preliminar, v. I, p. 165-174. Rio de Janeiro: Imago. (Original publicado em 1893)
Freud, S. (1996d). Edição Standard Brasileira das obras completas de S. Freud, Escritores criativos e devaneios, v. IX, p. 149-162. Rio de Janeiro: Imago. (Original plublicado em 1907).
Freud, S. (1996e). Edição Standard Brasileira das obras completas de S. Freud, Notas psicanalíticas sobre um relato autobiográfico de um caso de paranóia (Dementia paranoides), v. XII, p. 23-104. Rio de Janeiro: Imago. (Original publicado em 1911)
Freud, S. (1996f). Edição Standard Brasileira das obras completas de S. Freud, Além do princípio do prazer, v. XVIII, p. 13-85. Rio de Janeiro: Imago. (Original publicado em 1920)
Freud, S. (1996g). Edição Standard Brasileira das obras completas de S. Freud, Um estudo autobiográfico, v. XX, p.11-92. Rio de Janeiro: Imago. (Original publicado em 1925).
Houaiss, A (2002). Dicionário eletrônico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva. Kon, N. M. (2003). A viagem: Da literatura a psicanálise. São Paulo: Cia das Letras.
Kehl, M. R. ( 2007). Bovarismo e modernidade. Revista Literatura e Sociedade, USP, FFCLH, 10, 224-236.
Masiero, A L; Ragnoli, F. A.; Gozzoli, L.; Oliveira, A. L. M. (2006) A crítica freudiana ao reducionismo biológico. Psicologia: Ciência e Profissão, 26(1), 58-69.
Nasio J. D. (1991). A histeria: Teoria clínica e psicanalítica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor
Patrasso R.; Grant W. H. (2007). O feminino, a literatura e a sexuação. Psicologia clínica, 19(2), 133-151.
Ribeiro, J. (1972). A carne. São Paulo: Editora Três. (Original publicado em 1888).
Ribeiro, J. (1972). O urubu – Senna Freitas, in Ribiero, J. (1888/1972) A carne. São Paulo: Editora Três. (Original publicado em 1888)
Rouanet, S. P. (2004). A construção da histeria em Aluísio Azevedo. Psicologia Clínica, 16(1), 97-113.
Roudinesco, E (2000). Por que a psicanálise? Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Schreber, D. P. (2006). Memória de um doente dos nervos. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Scotti, S (2002). A histeria em Freud e Flaubert. Estudos de Psicologia, 7(2), 333-341.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da revista Estudos Interdisciplinares em Psicologia, ficando sua reimpressão total ou parcial sujeita a autorização expressa da revista. Em todas as citações posteriores, deverá ser consignada a fonte original de publicação, no caso a Estudos Interdisciplinares em Psicologia. As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua e a credibilidade do veículo. Respeitará, no entanto, o estilo de escrever dos autores. Alterações, correções ou sugestões de ordem conceitual serão encaminhadas aos autores, quando necessário.
Este obra está licenciado com uma Licença Attribution 4.0 International (CC BY 4.0)