A histeria em A Carne, de Julio Ribeiro

Autores

  • André Luis Masiero Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

DOI:

https://doi.org/10.5433/2236-6407.2012v3n2p196

Palavras-chave:

histeria, psicanálise, literatura

Resumo

Analisa-se no referencial psicanalítico freudiano a obra A carne, de Julio Ribeiro, romance naturalista publicado em 1888. A obra critica a formação dos papéis de gênero na cultura do século XIX e antecipa idéias psicanalíticas sobre sexualidade e histeria, o que permite uma interessante aproximação entre literatura e psicanálise. A análise é focada no desenvolvimento dos dois personagens centrais, Lenita e Manduca. Observou-se na primeira uma transformação da histeria, de desvio para transgressão e daí para a crítica da sexualidade e dos papéis femininos. Já as angústias e conflitos masculinos são marcados pelo silêncio, uma falha discursiva a qual não permite classificações psicopatológicas. Ao final a histérica Lenita fala e interrompe um longo ciclo de repetição compulsiva enquanto Manduca linearmente emudece e sucumbe. Retomando o início da psicanálise observa-se o mesmo fenômeno: a dificuldade, admitida por Freud, em expor a histeria masculina.

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Biografia do Autor

André Luis Masiero, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Doutor e Psicologia pela USP - RP. Professor do curso de pós graduação lato sensu em Psicanálise: teoria e clínica da PUC Minas em Poços de Caldas.

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Publicado

2012-11-24

Como Citar

Masiero, A. L. (2012). A histeria em A Carne, de Julio Ribeiro. Estudos Interdisciplinares Em Psicologia, 3(2), 196–214. https://doi.org/10.5433/2236-6407.2012v3n2p196

Edição

Seção

Artigos Originais