Marc Ferrez: um fotógrafo visualizador do século XIX
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-7939.2021v17n30p42Palavras-chave:
Marc Ferrez, Fotografia, Visualidade, OlharResumo
Esse texto tem como objetivo propor um diálogo entre a produção fotográfica de Marc Ferrez (1843-1923) e a proposta conceitual de Mirzoeff (2016) sobre visualidade, contravisualidade e o direito de olhar, partindo-se da hipótese que o fotógrafo traz uma representação visual que legitima o legado colonial presente na sociedade brasileira. Para isso, apresenta-se uma breve cronologia do fotógrafo oitocentista e os conceitos de Mirzoeff a fim de cruzar com seis imagens, sendo duas de cada categoria (Negro, Índio e Paisagem). Conclui-se que Ferrez poderia ser considerado um “visualizador”, atuando como um colonizador por meio de suas imagens, de negros, índios e paisagens. Nelas são perceptíveis os três regimes de visualidade, plantation, imperial e a visualização incoerente, que geram classificação, separação e estetização. Entretanto, devem ser permanentemente abertas a um olhar contravisual, ou seja, questionador daquilo que foi posto.
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