Diálogo entre cortes: complementaridade do SIDH na proteção institucional das pessoas LGBTI+

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1980-511X.2023v18n2p119

Palavras-chave:

Criminalização da homotransfobia, Omissão inconstitucional, Função contramajoritária, Diálogo interjurisdicional, Sistema Interamericano.

Resumo

A combinação da omissão legislativa em implementar o mandamento constitucional e convencional de criminalização da homotransfobia com a conjuntura de violência às pessoas LGBTI+ ou identificadas como tal ensejaram o ajuizamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão n. 26/DF e do Mandado de Injunção n. 4733. O Supremo Tribunal Federal, ao apreciar a causa, decidiu por reconhecer a omissão inconstitucional e determinou a aplicação da Lei n. 7.716/89, assim como do art. 121, §2º, I, do Código Penal. Assim, a pesquisa tem como objetivo geral analisar a essencialidade da interação entre os diversos órgãos do sistema interamericano para a efetiva proteção institucional das minorias ou dos grupos em situação de vulnerabilidade sexual. Para testar a hipótese, desenvolve-se pesquisa bibliográfica e documental e do método hipotético-dedutivo. Chega-se à conclusão de que a construção do conceito de racismo foi o caminho dialógico e interpretativo para “criminalizar” a prática discriminatória homotransfóbica.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

João Matheus Amaro de Sousa, PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DA UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - PPGD/UNIFOR (CAPES 6)

Mestrando em Direito Constitucional Público e Teoria Política pelo Programa de Pós-graduação em Direito da Universidade de Fortaleza. E-mail: matheusamaro15@gmail.com. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7530486832086965.

Alexandre Gustavo Melo Franco de Moraes Bahia, PROFESSOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Alexandre Gustavo Melo Franco de Moraes Bahia

Doutor em Direito Constitucional pela UFMG. Prof. Adjunto na UFOP e IBMEC-BH. E-mail: alexandre@ufop.edu.br. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2877462978948032.

Referências

ALCALÁ, Humberto Nogueira. Diálogo interjurisdiccional, control de convencionalidad y jurisprudencia del tribunal constitucional en periodo 2006 – 2011. Revista do Curso de Direito, São Luís, v. 2, n. 4, p. 131-203, dez. 2012. Semestral.
ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução por: Virgílio Afonso da Silva. 5 ed. (alemã). São Paulo: Malheiros, 2008.
ARENDT, Hannah. A condição humana. 10. ed. Trad. Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense, 2007.
BAHIA, Alexandre. A Função Contramajoritária da Constituição Brasileira de 1988 em Proteger Minorias: estudo sobre ADInO. n. 26. In: MIRANDA, Jorge Miranda (et al.) (orgs.). Hermenêutica, Justiça Constitucional e Direitos Fundamentais. Juruá: Curitiba, 2016, p. 371-400.
BAHIA, Alexandre. Anti-Semitismo, Tolerância e Valores: anotações sobre o papel do Judiciário e a questão da intolerância a partir do voto do Ministro Celso de Mello no HC 82.424. Revista dos Tribunais, v. 847, p. 443-470, maio 2006. Disponível em: http://abre.ai/bhRh.
BAHIA, Alexandre; CONCEIÇÃO, Andreza C. da Silva. Os números da transfobia no Brasil: a omissão inconstitucional do país em tratar do problema. In: VIEIRA, Tereza Rodrigues (org.). Transgêneros. Brasília: Zakarewicz, 2019. p. 629-640.
BARCELLOS, Ana Paula de. A eficácia jurídica dos princípios constitucionais: os princípios da dignidade da pessoa humana. 2ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2008.
BARROSO, Luís Roberto. Judicialização, Ativismo Judicial e Legitimidade Democrática. In: COUTINHO, Jacinto N. de Miranda (et al.) (orgs.). Constituição e Ativismo Judicial: limites e possibilidades da norma constitucional e da decisão judicial. RJ: Lumen Juris, 2011, p. 275-290.
BOMFIM, Rainer; BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco de Moraes. A inconstitucionalidade por omissão: o dever de criminalizar a lgbtifobia no Brasil. Revista de Direito da Faculdade Guanambi, v. 6, n. 1, p. 1-31, jun. 2019. Disponível em: http://revistas.faculdadeguanambi.edu.br/index.php/Revistadedireito/article/view/249.
BORRILLO, Daniel, Homofobia. Barcelona: Ediciones Bellaterra, 2001.
BRAGA, Matheus Andrade. A legalidade penal em tempos de ativismo judicial: uma análise crítica da decisão do supremo tribunal federal no "caso da homofobia. In: CAMPOS, Juliana Cristine Diniz (org.). Nas entrelinhas da jurisdição constitucional: estudos críticos sobre o constitucionalismo à brasileira. Fortaleza: Mucuripe, 2019. p. 141-158.
BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ADO. n. 26/DF. Rel. Min. Celso de Mell, julgado em 13 jun. 2019. Diário de Justiça, Brasília, DF, n. 142, 28 jun. 2019.
BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Habeas Corpus n. 82.424/RS. Rel. Min. Maurício Corrêa, julgado em 17 set. 2003. Diário de Justiça, Brasília, DF, 19 mar. 2004.
BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Inquérito n. 3.590/DF. Rel. Min. Marcos Aurélio, julgado em 12 ago. 2014. Diário de Justiça, Brasília, DF, 12 set. 2014.
CAPOTORTI, Francesco. Study on the rights of persons belonging to ethnic, religious and linguistic minorities. New York: United Nations, 1979.
CATTONI, Marcelo Andrade. Contribuições para uma Teoria Crítica da Constituição. Belo Horizonte: Arraes, 2017.
COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Violência contra Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo nas Américas. [s.l.]: OEA, 2015. Disponível em: http://www.oas.org/pt/cidh/docs/pdf/ViolenciaPessoasLGBTI.pdf.
CORTE INTERAMERICANA DE DIREITO HUMANOS. Sentencia de 12 de marzo de 2020. Caso Azul Rojas Marín y Otra Vs. Perú. San José. Disponível em: https://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_402_esp.pdf.
CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Opinião Consultiva n. 24/2017. Julgado em 24 de novembro de 2017. Dispõe sobre a identidade de gênero, a igualdade e a não discriminação a pessoas do mesmo sexo. Disponível em: http://www.corteidh.or.cr/docs/opiniones/seriea_24_esp.pdf. Acesso em: 05 jun. 2020b.
CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Sentença de 24 de fevereiro de 2012. Caso Atala Riffo y niñas VS. Chile. San José. Disponível em: https://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/resumen_239_esp.pdf. Acesso em: 05 jun. 2020c.
CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Sentença de 26 de fevereiro de 2016a. Caso Duque VS. Colômbia. San José. Disponível em: https://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_310_esp.pdf. Acesso em: 05 jun. 2020d.
CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Sentença de 31 de agosto de 2016b. Caso Flor Freire VS. Equador. San José. Disponível em: https://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/resumen_315_esp.pdf. Acesso em: 05 jun. 2020e.
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. A evolução da posição do Supremo Tribunal Federal ao mandado de injunção no controle da inconstitucionalidade por omissão. Disponível em: encurtador.com.br/krv35. Acesso em: 02 abr. 2020.
DATAFOLHA. Opinião sobre temas diversos. 2018. Disponível em: http://media.folha.uol.com.br/datafolha/2018/10/29/9d1a93fe17726819d7088b03c0278862.pdf. Acesso em: 14 out. 2019.
DWORKIN. A virtude soberana: a teoria e prática da igualdade. Trad. Jussara Simões. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
GALTUNG, Johan. La violencia cultural, estructural y directa. Cuadernos de Estrategia: Política y violencia: comprensión teórica y desarrolho en la accion coletiva, [s.l.], v. 5, n. 183, p.147-168, 2016. Irregular. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5832797. Acesso em: 14 out. 2019
GILSON, Erinn. Vulnerability, Ignorance, and Oppression. Hypatia, [s.l.], v. 26, n. 2, p. 308-332, 2011. Cambridge University Press (CUP).
GRUPO GAY DA BAHIA. População LGBT morta no Brasil: Relatório GGB 2018. 2019. Disponível em: https://grupogaydabahia.files.wordpress.com/2019/01/relat%C3%B3rio-de-crimes-contra-lgbt-brasil-2018-grupo-gay-da-bahia.pdf. Acesso em: 14 out. 2019.
HENRIQUES, Antonio; MEDEIROS, João Bosco. Metodologia científica na pesquisa jurídica. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
HITTERS, Juan Carlos. (2009). Control de Constitucionalidad y Control de Convencionalidad. Comparación (Criterios fijados por la Corte Interamericana de Derechos Humanos). Estudios constitucionales, 7(2), 109-128. Disponível em: https://dx.doi.org/10.4067/S0718-52002009000200005.
JESUS, Jaqueline Gomes de. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. Brasília: Autor, 2012.
JUBILUT, Liliana Lyra. Itinerários para a proteção das minorias e dos grupos vulneráveis: os desafios conceituais e de estratégias de abordagem. In: JUBILUT, Liliana Lyra; MAGALHÃES, José Luíz Quadros de; BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco (org.). Direito à diferença: aspectos teóricos e conceituais da proteção às minorias e aos grupos vulneráveis. Aspectos teóricos e conceituais da proteção às minorias e aos grupos vulneráveis. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 13-30.
LOPES, Ana Maria D'Ávila. Proteção constitucional dos direitos fundamentais culturais das minorias sob a perspectiva do multiculturalismo. Revista de Informação Legislativa, Brasília, v. 45, n. 177, p. 19-29, mar. 2008. Trimestral. Disponível em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/160330. Acesso em: 17 abr. 2020.
MARCONI, Mariana de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2017. Atualização por João Bosco Medeiros.
MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Controle Jurisdicional da Convencionalidade das Leis. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
MELLO FILHO, José Celso de. O papel constitucional do Supremo Tribunal Federal na consolidação das liberdades fundamentais. In: TOFFOLI, José Antonio Dias. 30 anos da Constituição brasileira: democracia, direitos fundamentais e instituições. Rio de Janeiro: Forense, 2018, p. 477-494.
MÜLLER, Friedrich. Teoria estruturante do direito. Trad. Peter Naumann; Eurides Avance de Souza. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009.
PEREIRA, Rayssa Mosanio Duarte. O direito fundamental à autodeterminação sexual. 2019. 136 f. Dissertação (Mestrado em Direito) - Curso de Direito Constitucional, Universidade de Fortaleza, Fortaleza, 2019.
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e diálogo entre jurisdições. Revista Brasileira de Direito Constitucional, São Paulo, v. 19, n. 1, p. 67-93, jun. 2012. Semestral.
ROGERS, Wendy; BALLANTYNE, Angela. Populações especiais: vulnerabilidade e proteção. : vulnerabilidade e proteção. Reciis, [s.l.], v. 2, n. 1, p. 31-41, 8 dez. 2008. Fundação Oswaldo Cruz.
SALDANHA, J. M. L.; VIEIRA, L. P. Modelos de controle de convencionalidade sob uma perspectiva otimizadora. Libertas, v. 1, n. 1, 31 dez. 2014. Disponível em: https://periodicos.ufop.br:8082/pp/index.php/libertas/article/view/255.
SÉGUIN, Élida. Minorias e grupos vulneráveis: uma abordagem jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2002.
SENTONE, Andressa Tanferri; GIACOIA, Gilberto. O ponto cego legislativo e a criminalização da homofobia. Revista Videre, [S.L.], v. 12, n. 24, p. 26-51, 13 nov. 2020. Universidade Federal de Grande Dourados. http://dx.doi.org/10.30612/videre.v12i24.9651.
SILVA FILHO, Edson Viera da; JARDIM, Neymilson Carlos. A construção da busca da felicidade constitucional: da omissão do legislativo ao decisionismo do judiciário brasileiro. Revista Direito e Liberdade, Natal, v. 22, n. 1, p. 133-161, abr. 2020. Quadrimestral.
SILVA, Gabriela Costa e; CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Efeitos das decisões em ação direta de inconstitucionalidade por omissão: da possibilidade de prolação de sentenças criativas no controle abstrato das omissões do poder público. Revista de Direito Brasileira, São Paulo, v. 19, n. 8, p. 395-418, abr. 2018. Quadrimestral.
SOUZA, Mércia Cardoso de. Revisión del concepto de minorías. Especial referencia a la doctrina y derecho brasileños. Revista Internacional de Pensamiento Político, [s. L.], v. 14, n. 1, p. 193-208, dez. 2019. Anual.

Downloads

Publicado

2023-09-03

Como Citar

Amaro de Sousa, J. M., & Melo Franco de Moraes Bahia, A. G. (2023). Diálogo entre cortes: complementaridade do SIDH na proteção institucional das pessoas LGBTI+. Revista Do Direito Público, 18(2), 119–139. https://doi.org/10.5433/1980-511X.2023v18n2p119

Edição

Seção

Artigos