História difícil e etnocentrismo: o ensino de história e o genocídio de Ruanda na web

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2018v11n22p533

Palavras-chave:

Ensino de história, História difícil, Etnocentrismo, Genocídio de Ruanda

Resumo

A consciência histórica no mundo contemporâneo tem a função vital de instituir sentido temporal à vida humana, por meio de processos específicos de aprendizagem a consciência articula passado, presente e futuro numa mesma estrutura temporal que estabelece sentido histórico ao indivíduo e ao mundo. As mudanças temporais vividas e sofridas como instabilidade carecem de novos significados no curso do tempo, necessitam de sentido histórico para continuidade das atividades humanas cotidianas. As mudanças temporais que desestabilizam a vida podem ser traumáticas, hostis, amargas, tristes, pesadas, conflitivas, difíceis de serem vividas, aquilo que o historiador e didaticista alemão Bodo von Borries (2016) chama de Burdening History, que são histórias difíceis de serem ensinadas e aprendidas, porque carregam sentimentos fortes de culpa, vergonha e luto. Com base neste pressuposto, buscou-se contribuir com debate, a partir da reflexão acerca do ensino de História sobre Ruanda, particularmente acerca do chamado genocídio de Ruanda. O estudo analisou sítios da Web de divulgação de conteúdos históricos. É crescente a utilização da internet no ambiente escolar, tanto pelas crianças e jovens, quanto pelos professores.

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Biografia do Autor

Danilo Ferreira da Fonseca, Universidade Estadual do Centro-Oeste

Doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professor Adjunto da Universidade Estadual do Centro-Oeste.

Geyso Dongley Germinari, Universidade Estadual do Centro-Oeste

Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná. Professor da Universidade Estadual do Centro-Oeste.

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Publicado

30-01-2019

Como Citar

FONSECA, D. F. da; GERMINARI, G. D. História difícil e etnocentrismo: o ensino de história e o genocídio de Ruanda na web. Antíteses, [S. l.], v. 11, n. 22, p. 533–552, 2019. DOI: 10.5433/1984-3356.2018v11n22p533. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/35078. Acesso em: 19 mar. 2024.