Desenvolvimento, conflitos e impactos ambientais: a territorialização da Suzano e a resistência camponesa na mesorregião Leste Maranhense

Autores

  • José Arnaldo dos Santos Ribeiro Junior Universidade de São Paulo (USP)
  • Danniel Madson Vieira Oliveira Universidade Federal Fluminense
  • Saulo Barros Costa Universidade Federal do Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.5433/got.2014.v1.17887

Palavras-chave:

Camponeses, Suzano Papel e Celulose, Impactos Ambientais, Desenvolvimento

Resumo

Este artigo visa compreender o processo de territorialização da empresa Suzano Papel e Celulose na mesorregião Leste Maranhense, bem como os conflitos e impactos ambientais oriundos do desenvolvimento de suas atividades sobre territórios camponeses nos municípios de Anapurus, Milagres do Maranhão, Santana do Maranhão, Santa Quitéria do Maranhão e Urbano Santos. Baseado em trabalhos de campo e na discussão teórica em foco entende-se a Suzano como um poderoso agente econômico monopolista que transforma o território a partir de relações capitalistas de produção com a finalidade de realizar os seus objetivos. Dessa forma, o processo de territorialização da Suzano é analisado de maneira multiescalar como produtor de conflitos no escopo do desenvolvimento geográfico desigual do capitalismo. A seleção do universo empírico, que diz respeito à escolha dos povoados, levou em consideração o confronto de lógicas distintas de apropriação do território. Ou seja, opera-se com o pressuposto de que existe, por um lado, a lógica territorial dos grupos sociais atingidos e, por outro lado, a lógica daqueles que gerenciam os projetos de desenvolvimento. Assim, o conflito, que configura um contexto de disputas territoriais envolvendo diferentes formas de significação do modo de vida e reprodução material a partir dos agentes sociais neles inseridos, é entendido contraditoriamente, uma vez que concebe o desenvolvimento do capitalismo no campo de modo dialético, histórico e materialista. Nesse sentido, o caderno Conflitos no Campo - Brasil 2012, publicado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) registra nos municípios citados anteriormente um total de 702 posseiros e 50 assentados que estão em conflito com a Suzano. Este artigo tem caráter qualitativo e adotou como procedimentos metodológicos: levantamento de material bibliográfico, imagens, bem como identificação e seleção de áreas para trabalho de campo

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Biografia do Autor

José Arnaldo dos Santos Ribeiro Junior, Universidade de São Paulo (USP)

Possui Graduação (2011) em Geografia Bacharelado e Licenciatura Plena pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Mestrando em Geografia Humana na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP); Atualmente atua na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), como professor substituto na Coordenação do Curso de Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Humanas/História; Membro do Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA - registrado do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq) e do Núcleo de Estudos do Pensamento Socialista (NEPS - registrado do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq). Tem habilidade na área de Geografia Humana, com ênfase em Geografia Agrária; Atua principalmente nos seguintes temas: Desenvolvimento, Projetos de Desenvolvimento, Conflitos socioambientais, Teoria e Método da Geografia, Geografia Crítica, Modernidade e Meio Ambiente.

Danniel Madson Vieira Oliveira, Universidade Federal Fluminense

Possui graduação em Geografia Licenciatura Plena e Bacharelado pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Atualmente mestrando em Geografia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Estudante integrante do Grupo de Pesquisa dos Sistemas Ambientais Maranhenses (GPSAM-DEGEO/UFMA) e participante do Grupo de Estudos Rurais e Urbanos (GERUR-DESOC/UFMA), ambos cadastrados no CNPq. Tem maior experiência na área de Geografia Humana, com ênfase em Geografia Agrária, atuando principalmente nos seguintes temas: Dinâmica do Espaço Agrário; Industrialização da Agricultura e Transformações na Agricultura Familiar;Território, Identidade e Conflitos Ambientais; Sojicultura e Silvicultura no Maranhão (Sul e Leste do estado); Resistência camponesa; Conhecimento Local; e Sistemas Locais de Classificação da Natureza

Saulo Barros Costa, Universidade Federal do Pernambuco

É licenciado em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco (2009) e mestre em Geografia pela Universidade Federal Fluminense (2012). Atualmente é doutorando em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em: ordenamento territorial urbano regional/ambiental, questão agrária, campesinato e resistência camponesa, metabolismo social e conflitos agrário-ambiental.

Referências

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Publicado

21-11-2014

Como Citar

Ribeiro Junior, J. A. dos S., Oliveira, D. M. V., & Costa, S. B. (2014). Desenvolvimento, conflitos e impactos ambientais: a territorialização da Suzano e a resistência camponesa na mesorregião Leste Maranhense. Geographia Opportuno Tempore, 1(3), 11–33. https://doi.org/10.5433/got.2014.v1.17887

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