Explorando a epidemiologia do ofidismo entre 2010 e 2021 no Paraná, Brasil: introduzindo padrões de distribuição, aspectos clínicos e fatores sociodemográficos
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0367.2024v45n2p197Palavras-chave:
Picadas de cobra, Envenenamento, Doenças tropicais negligenciadas, Desafios da saúde públicaResumo
O envenenamento por serpentes, embora prevalente em áreas rurais e tropicais, é frequentemente negligenciado como um problema de saúde pública. O Paraná registra menos casos em comparação com outras regiões brasileiras, mas a epidemiologia e os fatores que afetam esses incidentes não são totalmente compreendidos. Este estudo teve como objetivo descrever a epidemiologia dos acidentes ofídicos no Paraná de 2010 a 2021 e identificar os fatores associados aos resultados clínicos. Os dados foram obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação e do Sistema de Notificação de Animais Peçonhentos. As tendências de incidência foram analisadas usando a regressão Joinpoint, e as regiões de alta incidência foram identificadas por meio de autocorrelação espacial e análise de hotspot. As associações entre fatores e desfechos foram avaliadas por meio de regressão logística, teste exato de Fisher ou teste de qui-quadrado. Dos 9.362 casos, 69,19% envolviam Bothrops spp., enquanto Thamnodynastes spp., Dipsas spp. e Philodryas spp. foram as principais serpentes não venenosas. A incidência de picadas por serpentes venenosas diminuiu 7,74% de 2017 a 2021. A morte foi associada à idade >65 anos, ao analfabetismo, a atrasos no atendimento ≥6 horas e a complicações locais/sistêmicas (p<0,001). Os acidentes com serpentes não venenosas aumentaram em 6% desde 2010. Um caso de insuficiência renal aguda foi relatado em um acidente envolvendo Pseudablabes patagoniensis. O estudo destaca as picadas de serpentes como um importante problema de saúde pública devido ao seu potencial para complicações graves. Os resultados melhoram a compreensão da epidemiologia do ofidismo no Paraná, auxiliando no desenvolvimento de intervenções direcionadas e estratégias de prevenção.
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