Conteúdo de sódio em produtos cárneos: adequação à rotulagem e aos acordos voluntários
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0359.2021v42n3p1087Palavras-chave:
Derivados cárneos, Espectrometria de chama, Hipertensão, Legislação, Sal.Resumo
O objetivo deste trabalho foi determinar a concentração de sódio em produtos cárneos a fim de verificar sua adequação aos rótulos e aos acordos de redução estabelecidos entre Ministério da Saúde e Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação. Foram coletadas 96 amostras de derivados cárneos (salame tipo italiano, patê de frango, presunto cozido, apresuntado, salsicha, mortadela, linguiça toscana e linguiça mista defumada) de diferentes marcas e lotes, as quais foram analisadas quanto ao conteúdo de sódio, empregando espectroscopia de emissão de chama, conforme metodologia oficial. Foi observado que 46,9% das empresas estavam com os valores expressos na rotulagem nutricional em desacordo com a legislação brasileira e 31,2% das marcas avaliadas não cumpriram a meta para redução de sódio acordada para 2017. O salame tipo italiano foi o produto que apresentou maior conteúdo de sódio, com valor médio entre as marcas de 1716,11 mg 100 g-1. Verificou-se que somente a implantação de acordos voluntários não resulta em uma adequação total no teor de sódio nos produtos cárneos, bem como, faz-se necessário um maior engajamento das indústrias em encontrar alternativas para a redução de sódio nos alimentos sem que haja alterações significativas nos aspectos físico-químicos, microbiológicos e tecnológicos dos produtos, além de uma maior fiscalização dos órgãos governamentais referente ao cumprimento dos acordos e a conscientização da população.Downloads
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