Astenia cutânea autossômica recessiva em cão - relato de caso

Autores

  • Pedro Henrique França Saigali Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul http://orcid.org/0000-0002-3825-5645
  • Paulo Henrique de Affonseca Jardim Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul http://orcid.org/0000-0002-4397-2534
  • Eric Schmidt Rondon Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul http://orcid.org/0000-0003-1023-5180

DOI:

https://doi.org/10.5433/1679-0359.2020v41n2p731

Palavras-chave:

Colágeno, Feridas, Síndrome de Ehlers-Danlos.

Resumo

A astenia cutânea (CA) ou Síndrome de Ehlers-Danlos, em cães, é uma síndrome hereditária rara, causada por gene autossômico dominante que resulta em falha na síntese de colágeno levando à hiperextensibilidade e à fragilidade cutâneas. O objetivo deste trabalho é relatar a existência de astenia cutânea canina de origem hereditária recessiva, até agora comprovada para outras espécies, a partir da descrição de um caso clínico de CA em um animal nascido de união consanguínea de pais saudáveis. Uma cadela Maltês, com um ano de idade, recebeu atendimento clínico-cirúrgico por apresentar uma ferida cutânea após um banho higiênico. A história clínica revelou a ocorrência de outros ferimentos provocados por pequenos traumas e a origem consanguínea da paciente. Durante a limpeza da ferida, a tricotomia e a remoção de uma fita adesiva fixada à pele geraram novas lacerações levantando à suspeita clínica de astenia cutânea, confirmada pelo cálculo do índice de extensibilidade cutânea (CEI) que resultou em 22%, valor superior ao limítrofe de normalidade para a espécie (14,5%). A biopsia cutânea confirmou o diagnóstico clínico. A ferida do animal foi tratada rotineiramente resultando em cura clínica. Tanto as formas dominante e recessiva foram bem documentadas em gatos; entretanto, em cães, somente a forma dominante havia sido descrita pela literatura. Concluiu-se que a astenia cutânea canina pode advir de herança autossômica recessiva e isto deve ser considerado durante a abordagem clínica visando o diagnóstico e a seleção racial.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Pedro Henrique França Saigali, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Discente do Programa de Residência em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais, Departamento de Medicina Veterinária, DMV, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, FAMEZ, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, UFMS, Campo Grande, MS, Brasil.

Paulo Henrique de Affonseca Jardim, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Discente de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, CIVET, DMV, FAMEZ, UFMS, Campo Grande, MS, Brasil.

Eric Schmidt Rondon, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Prof., CIVET, DMV, FAMEZ, UFMS, Campo Grande, MS, Brasil.

Referências

Andrade, S. F., Tostes, R. A., Sanches, O., Melchert, A., Nogueira, R. M. B., & Valente, S.F. (2008). Astenia cutânea em gato (relato de caso). Ciência Animal Brasileira, 9(2), 524-528.

Bohling, M. W., & Henderson, R. A. (2006). Differences in cutaneous wound healing between dogs and cats. The Veterinary Clinics of North America. Small Animal Practice, 36(4), 687-692. doi: 10.1016/j.cvsm.2006.02.001

Dokuzeylül, B., Altun, E. D., Özdogan, T. H., Bozkurt, H. H., Arun, S. S., & Or, M. E. (2013). Cutaneous asthenia (Ehlers–Danlos syndrome) in a cat. Turkish Journal of Veterinary and Animal Sciences, 37(2), 245-249. doi: 10.3906/vet-1203-64

Ducatelle, R., Hoorens, J., Charlier, G., Cornelissen, F., & Calus, A. (1987). A morphometric classification of dermatosparaxis in the dog and cat. Vlaams Diergeneeskundig Tijdschrift (Belgium), 56(2), 107-117.

Halper, J. (2014). Connective tissue disorders in domestic animals. Advances in Experimental Medicine and Biology, 802, 231-240. doi: 10.1007/978-94-007-7893-1_14

Hansen, N., Foster, S. F., Burrows, A. K., Mackie, J., & Malik, R. (2015). Cutaneous asthenia (Ehlers-Danlos-like syndrome) of Burmese cats. Journal of Feline Medicine and Surgery, 17(11) 954-963. doi: 10.1177/1098612x15610683

Hegreberg, G. A., Padgett, G. A., Gorham, J. R., & Henson, J. B. (1969). A connective tissue disease of dogs and mink resembling the Ehlers-Danlos syndrome of man: II. Mode of inheritance. The Journal of Heredity, 60, 249-254. doi: 10.1093/oxfordjournals.jhered.a107983

Menezes, L. B. de, Moraes Faria, A. de, Paulo, N. M., Fleury, L. F. F., & Brito, M. S. de. (2007). Hérnia perineal associada à colagenopatia em uma cadela. Acta Scientiae Veterinariae, 35(3), 377-379.

Minor, R. R., Lein, D. H., Patterson, D. F., Krook, L., Porter, T. G., & Kane, A. C. (1983). Defects in collagen fibrillogenesis causing hyperextensible, fragile skin in dogs. Journal of the American Veterinary Medical Association, 182(2) 142-148.

Paciello, O., Lamagna, F., Lamagna, B., & Papparella, S. (2003). Ehlers-Danlos-like syndrome in 2 dogs: clinical, histologic, and ultrastructural findings. Veterinary Clinical Pathology, 32(1), 13-18. 10.1111/j.1939-165X.2003.tb00306.x

Patterson, D., & Minor, R. (1977). Hereditary fragility and hyperextensibility of the skin of cats. A defect in collagen fibrillogenesis. Laboratory Investigation; a Journal of Technical Methods and Pathology, 37(2), 170-179.

Woods, C. G., Cox, J., Springell, K., Hampshire, D. J., Mohamed, M. D., Mckibbin, M., Stern, R., Raymond, F. L., Sandford, R., Sharif, S. M. (2006). Quantification of homozygosity in consanguineous individuals with autosomal recessive disease. The American Journal of Human Genetics, 78(5), 889-896. 10.1086/503875

Downloads

Publicado

2020-03-06

Como Citar

Saigali, P. H. F., Jardim, P. H. de A., & Rondon, E. S. (2020). Astenia cutânea autossômica recessiva em cão - relato de caso. Semina: Ciências Agrárias, 41(2), 731–736. https://doi.org/10.5433/1679-0359.2020v41n2p731

Edição

Seção

Relatos de Casos