Astenia cutânea autossômica recessiva em cão - relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0359.2020v41n2p731Palavras-chave:
Colágeno, Feridas, Síndrome de Ehlers-Danlos.Resumo
A astenia cutânea (CA) ou Síndrome de Ehlers-Danlos, em cães, é uma síndrome hereditária rara, causada por gene autossômico dominante que resulta em falha na síntese de colágeno levando à hiperextensibilidade e à fragilidade cutâneas. O objetivo deste trabalho é relatar a existência de astenia cutânea canina de origem hereditária recessiva, até agora comprovada para outras espécies, a partir da descrição de um caso clínico de CA em um animal nascido de união consanguínea de pais saudáveis. Uma cadela Maltês, com um ano de idade, recebeu atendimento clínico-cirúrgico por apresentar uma ferida cutânea após um banho higiênico. A história clínica revelou a ocorrência de outros ferimentos provocados por pequenos traumas e a origem consanguínea da paciente. Durante a limpeza da ferida, a tricotomia e a remoção de uma fita adesiva fixada à pele geraram novas lacerações levantando à suspeita clínica de astenia cutânea, confirmada pelo cálculo do índice de extensibilidade cutânea (CEI) que resultou em 22%, valor superior ao limítrofe de normalidade para a espécie (14,5%). A biopsia cutânea confirmou o diagnóstico clínico. A ferida do animal foi tratada rotineiramente resultando em cura clínica. Tanto as formas dominante e recessiva foram bem documentadas em gatos; entretanto, em cães, somente a forma dominante havia sido descrita pela literatura. Concluiu-se que a astenia cutânea canina pode advir de herança autossômica recessiva e isto deve ser considerado durante a abordagem clínica visando o diagnóstico e a seleção racial.Métricas
Referências
Bohling, M. W., & Henderson, R. A. (2006). Differences in cutaneous wound healing between dogs and cats. The Veterinary Clinics of North America. Small Animal Practice, 36(4), 687-692. doi: 10.1016/j.cvsm.2006.02.001
Dokuzeylül, B., Altun, E. D., Özdogan, T. H., Bozkurt, H. H., Arun, S. S., & Or, M. E. (2013). Cutaneous asthenia (Ehlers–Danlos syndrome) in a cat. Turkish Journal of Veterinary and Animal Sciences, 37(2), 245-249. doi: 10.3906/vet-1203-64
Ducatelle, R., Hoorens, J., Charlier, G., Cornelissen, F., & Calus, A. (1987). A morphometric classification of dermatosparaxis in the dog and cat. Vlaams Diergeneeskundig Tijdschrift (Belgium), 56(2), 107-117.
Halper, J. (2014). Connective tissue disorders in domestic animals. Advances in Experimental Medicine and Biology, 802, 231-240. doi: 10.1007/978-94-007-7893-1_14
Hansen, N., Foster, S. F., Burrows, A. K., Mackie, J., & Malik, R. (2015). Cutaneous asthenia (Ehlers-Danlos-like syndrome) of Burmese cats. Journal of Feline Medicine and Surgery, 17(11) 954-963. doi: 10.1177/1098612x15610683
Hegreberg, G. A., Padgett, G. A., Gorham, J. R., & Henson, J. B. (1969). A connective tissue disease of dogs and mink resembling the Ehlers-Danlos syndrome of man: II. Mode of inheritance. The Journal of Heredity, 60, 249-254. doi: 10.1093/oxfordjournals.jhered.a107983
Menezes, L. B. de, Moraes Faria, A. de, Paulo, N. M., Fleury, L. F. F., & Brito, M. S. de. (2007). Hérnia perineal associada à colagenopatia em uma cadela. Acta Scientiae Veterinariae, 35(3), 377-379.
Minor, R. R., Lein, D. H., Patterson, D. F., Krook, L., Porter, T. G., & Kane, A. C. (1983). Defects in collagen fibrillogenesis causing hyperextensible, fragile skin in dogs. Journal of the American Veterinary Medical Association, 182(2) 142-148.
Paciello, O., Lamagna, F., Lamagna, B., & Papparella, S. (2003). Ehlers-Danlos-like syndrome in 2 dogs: clinical, histologic, and ultrastructural findings. Veterinary Clinical Pathology, 32(1), 13-18. 10.1111/j.1939-165X.2003.tb00306.x
Patterson, D., & Minor, R. (1977). Hereditary fragility and hyperextensibility of the skin of cats. A defect in collagen fibrillogenesis. Laboratory Investigation; a Journal of Technical Methods and Pathology, 37(2), 170-179.
Woods, C. G., Cox, J., Springell, K., Hampshire, D. J., Mohamed, M. D., Mckibbin, M., Stern, R., Raymond, F. L., Sandford, R., Sharif, S. M. (2006). Quantification of homozygosity in consanguineous individuals with autosomal recessive disease. The American Journal of Human Genetics, 78(5), 889-896. 10.1086/503875
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Semina: Ciências Agrárias
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os Direitos Autorais para artigos publicados são de direito da revista. Em virtude da aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais.
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua e a credibilidade do veículo. Respeitará, no entanto, o estilo de escrever dos autores.
Alterações, correções ou sugestões de ordem conceitual serão encaminhadas aos autores, quando necessário. Nesses casos, os artigos, depois de adequados, deverão ser submetidos a nova apreciação.
As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.