EDITORIAL CONVIDADO: ‘CAMINANTE, NO HAY CAMINO SE HACE CAMINO AL ANDAR’

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DOI:

https://doi.org/10.5433/2318-9223.2021v9n1p1-4

Resumo

O Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Estadual de Londrina comemora 10 anos de existência! Neste aniversário, reconheço uma de suas principais conquistas, a Revista Organizações e Sustentabilidade. Com uma curta parada e retomada, nos vemos diante da visão de Antonio Machado Ruiz, poeta espanhol, ‘caminhante, o caminho se faz ao caminhar’.

Criamos o periódico com características pioneira e contemporânea, ainda que uma revista acadêmica possa parecer algo arcaico – esse é um dos lados da ciência. Uma proposta que pudesse ultrapassar alguns limites e apresentar outros novos em Estudos Organizacionais brasileiros, por meio dos trabalhos e experiências empíricas que não se fundassem num ou noutro paradigma, mas que os trouxessem em pluralidade, diversidade conceitual e de debate, qualificada por natureza científica e democrática.

Nascido no Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA) da Universidade Estadual de Londrina (UEL) do estado do Paraná, âmbito do Departamento de Administração, em meio às discussões e/ou pretensões no âmbito das organizações, gestão e sustentabilidade, além de nossas práticas de pesquisa e ensino, e, buscas pessoais e profissionais. Aqui o uso ‘nós’ refere-se aos atores, professores pesquisadores, muitos alunos do programa de pós-graduação e alguns da graduação em Administração da UEL, além de colegas de outras instituições, que foram essenciais.

Sem a precisão de quando isso começou, ao final de 2012 iniciamos a discussão de uma proposta dentro do PPGA, e, no primeiro triênio do ano seguinte, um projeto com a constituição de um ‘comitê gestor’ formado por quatro professores e dois alunos representando as duas linhas de estudos e pesquisas do programa. Em busca de fundar algo independente dos modismos que os assuntos sobre desenvolvimento sustentável produziam, pois havia escassez de periódicos nacionais sobre os fenômenos organizacionais e a sustentabilidade na área de Administração.

Obviamente que em termos institucionais e relações socio-acadêmicas (naqueles primeiros anos e contexto), ter uma revista de qualidade significava, além de sua propriedade, a perspectiva de projeção e prestígio para o seu realizador, isto é, o PPGA, o Departamento de Administração e a universidade. Para os que trabalharam na revista e alguns autores de referência que foram convidados, significou dar mais sentido aos nossos trabalhos e pesquisas.

Por assim, rendendo agradecimentos a todos os atores que passaram e aos que sucederam até hoje, permita-me, caro leitor, tomar a palavra à minha pessoa para expressar importantes percepções de um editor. Aquelas que se apresentaram no caminhar de um periódico nacional de instituição pública e em fase de reconhecimento, que teve a ousadia de estar ‘quali(S)ficado’, várias compartilhadas com outros editores de periódicos com porte e pretensões semelhantes.

As pressões por produtividade, em especial a obrigação de publicações imposta aos corpos docente e discente dos programas stricto sensu, de alguma maneira impactariam no crescimento – para mais ou menos, e, à mercê do Qualis, com desdém do ideal qualitativo interno para a revista.

E impactou, constato com uma verificação nas atas e registros informais do período que fui editor. Além disso, ainda que eu estivesse distante e noutros projetos, acompanhei o impacto no período do meu sucessor a partir de 2016 – que assumiu com muita competência –, porque de fato houve uma parada após 2020. E não se pode dizer que a pandemia é a mãe de todas as causas: ela pode esconder os fatores que o sistema nacional enfraquece ou fortalece um periódico.

O sistema nacional ‘capesiano’ (leia-se, pela CAPES) de avaliação da pós-graduação, em contradição a muitos méritos de um modelo base que foi institucionalizado a partir da década de 1970, tem a insistência em deformar os autores, especialmente os professores e alunos do próprio sistema, com a punição da publicação em periódicos brasileiros que não estão na constante elite ‘qualisada’, resultante do produtivismo que incendeia trabalhos de pouca densidade ou temporalmente assistemáticos, e, da premiação de partições (ou picotação) de um mesmo estudo em várias publicações, com o estímulo da submissão no exterior da maior parte das contribuições dos fenômenos nacionais e regionais, o que torna a tarefa mais difícil para os autores em face do desinteresse estrangeiro por objetos essencialmente brasileiros. 

Ao longo desta década do periódico, a ousadia foi requisitando ações mais agudas, também por outros motivos, por exemplo, a política nacional e estadual que desincentivou a retenção do conhecimento científico e o recrudescimento da realocação dos recursos anteriormente destinados às instituições de ensino do estado para outras áreas e interesses, impactando diretamente na estrutura da universidade.

Contudo, esta nova edição mostra que a parada não foi tão longa, mas necessária para retomar a caminhada e para orgulho de 10 anos de existência. Parabéns Organizações e Sustentabilidade, parabenizo o atual editor ao insistir e continuar, e os autores por seus estudos nesta edição. Sem saber se é uma travessia do limiar, o que mais importa é o caminhar!

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Biografia do Autor

Ivan de Souza Dutra

Doutor em Administração, Universidade de São Paulo, Brasil. Docente no Departamento de Administração da Universidade Estadual de Londrina, Brasil. Docente no Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Estadual de Londrina, Brasil.

ORCID iD: 0000-0003-3400-5179 | ID Lattes: 0879246709347158

E-mail: ivandutra@uel.br (autor correspondente)

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Publicado

2022-09-24

Como Citar

de Souza Dutra, I. (2022). EDITORIAL CONVIDADO: ‘CAMINANTE, NO HAY CAMINO SE HACE CAMINO AL ANDAR’. Organizações E Sustentabilidade, 9(1), 1–4. https://doi.org/10.5433/2318-9223.2021v9n1p1-4

Edição

Seção

Editorial