Topofobia e Topofilia em O Quinze: uma análise ecocrítica da obra de Rachel de Queiroz

Autores

  • Elisângela Campos Damasceno Sarmento UNEB - Campus Juazeiro
  • Geraldo Jorge Barbosa de Moura Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE

DOI:

https://doi.org/10.5433/2447-1747.2022v31n1p75

Palavras-chave:

Geografia Humanista, Literatura, Ecologia Humana.

Resumo

Em 1930, a escritora Rachel de Queiroz publica a obra O Quinze que se enquadra na prosa regionalista da segunda fase do Modernismo brasileiro, pondo em evidência o sertão cearense. Nesse contexto, esta pesquisa tem como objetivo investigar, sob o método da Análise do Discurso de Linha Francesa e da perspectiva Ecocrítica - que estuda as imbricações entre a Literatura e a Ecologia -, as relações homem-ambiente e as representações do sertanejo e do sertão que a autora delineia, dialogando, também, com o sentimento humano que é despertado na interlocução com o lugar, com o ambiente e com o território, tendo em vista os conceitos de topofobia – aversão ao ambiente físico - e topofilia – familiaridade ou apego, propostos, em 1980, pelo geógrafo chinês Yi-Fu Tuan. Sendo assim, os discursos presentes na narrativa demonstram a predominância do sentimento de horror à caatinga (topofobia), em virtude dos problemas decorrentes da seca, embora ocorra uma alteração da paisagem em meio às primeiras chuvas, modificando, também, a relação do homem com o ambiente, tornando-a mais amena e, portanto, topofílica. Desse modo, a Ecocrítica constitui-se como um campo interdisciplinar e transdisciplinar, representando, assim, uma robusta ferramenta à compreensão das relações homem-ambiente.

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Biografia do Autor

Elisângela Campos Damasceno Sarmento, UNEB - Campus Juazeiro

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental - Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus Juazeiro. Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – IFPI – Campus Paulistana.

Geraldo Jorge Barbosa de Moura, Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE

Doutorado em Ciências Biológicas pela UFPB-UFRN/Brasil e UBA/Argentina. Professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE.

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Publicado

2022-01-12

Como Citar

Sarmento, E. C. D., & Moura, G. J. B. de. (2022). Topofobia e Topofilia em O Quinze: uma análise ecocrítica da obra de Rachel de Queiroz. Geografia (Londrina), 31(1), 75–94. https://doi.org/10.5433/2447-1747.2022v31n1p75

Edição

Seção

Artigos