Ser e não ser: ficção e representação na construção do eu em O ano da morte de Ricardo Reis
DOI:
https://doi.org/10.5433/el.2022v29.e46246Palavras-chave:
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis, Identidade, Ficção, Representação.Resumo
Este ensaio é fruto de uma reflexão sobre identidade e mimesis a partir da leitura do romance O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago. Ao dar corpo discursivo ao heterônimo de Fernando Pessoa, Saramago retoma temas como o desencantamento e constituição do sujeito e a impossibilidade de fixação de uma identidade. No contexto de primeira metade do século XX, a experiência aparece igualmente fragmentada pelo avanço capitalista e tecnológico, consequências da Modernidade que se percebem mais evidentes no século XXI com o simulacro digital e suas possibilidades. Inserindo um heterônimo como consciência nos anos de 1935 e 1936, Saramago também explora temas correlatos, como mimesis, simulacro, memória e tempo, tornando o enredo parte especular da problemática estrutura da ficção. As perguntas deste ensaio, em nada diferente das perguntas feitas antes por Pessoa, Reis e Saramago, são: Quem somos? Quem acreditamos ser? Pretendo apontar como a ficção e seu espelhamento possibilitam uma experiência de si e do fora, do outro, experiências tão necessárias para a construção de um eu e para um rascunho de resposta que seja à pergunta anterior e primeva.
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