Muito além da serenata: a seresta como pervivência da lírica trovadoresca
DOI:
https://doi.org/10.5433/el.2021v28.e44921Palavras-chave:
Seresta, Canção de amor, Tradições, Lírica.Resumo
No panorama cultural brasileiro, a canção compõe parte vital das produções culturais, bem como das investigações acadêmicas relacionadas ao fenômeno. Apesar dessa importância, ficaram de lado as investigações sobre a seresta (gênero de música popular com enfoque no conteúdo amoroso), principalmente pelo relativo esquecimento que sofreu. Nesse sentido, o presente artigo busca retomar esse tipo de canção, contextualizá-lo em relação à produção lírica amorosa no ocidente, retomar seu desenvolvimento histórico e apresentar uma breve análise sobre a manutenção temática das canções de amor que são (e podem ser) consideradas repertório de seresta. Para isso, procedeu-se a uma breve retomada da literatura trovadoresca, da história da canção urbana portuguesa e brasileira, do surgimento e da cristalização da serenata-seresta no Brasil, incluindo considerações sobre o conteúdo do repertório coletado e indagações sobre a construção das “tradições” seresteiras, sob a perspectiva de Hobsbawm. Destaca-se que o fio condutor para a manifestação lírica sob este gênero não respeita definições concretas, mas uma visão social do que se considera amor no momento em que se recorta o gênero analisado.
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