Literatura e canção: a arte na ecologia do sertão e do sertanejo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/el.2021v28.e44920

Palavras-chave:

Literatura, Canção, Ecologia Humana.

Resumo

A arte (literatura, poesia, música) configura-se como um forte elemento à interpretação da realidade. Nesse sentido, este artigo tem como objetivo interpretar, sob o método da Análise do Discurso de Linha Francesa e da perspectiva Ecocrítica - que estuda as imbricações entre a Arte e a Ecologia -, a temática da seca com base nos romances regionalistas O Quinze, de Rachel de Queiroz, e Vidas Secas, de Graciliano Ramos, na interface com a canção Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, trazendo à tona representações da Ecologia do Sertão e do Sertanejo. Apresenta, como principais resultados, a dualidade da Ecologia do Sertão: ora adversa, despertando, no sertanejo, sentimentos topofóbicos; ora aprazível, suscitando uma relação afetiva topofílica do homem com o lugar habitado. Somado a isso, observa-se que as relações sociais em que o sertanejo está inserido são pautadas, predominantemente, pelo legado da colonialidade do poder, do saber e do ser.

Biografia do Autor

Elisângela Campos Damasceno Sarmento, Instituto Federal do Piauí - IFPI

Doutoranda em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental, Universidade do Estado da Bahia (UNEB), campus Juazeiro, Bahia, Brasil.  Professora no Instituto Federal do Piauí - IFPI 

Geraldo Jorge Barbosa de Moura, Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE

Professor Doutor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Pernambuco, Brasil. 

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Publicado

2022-03-10

Como Citar

Sarmento, E. C. D., & Moura, G. J. B. de. (2022). Literatura e canção: a arte na ecologia do sertão e do sertanejo. Estação Literária, 28, 81–99. https://doi.org/10.5433/el.2021v28.e44920

Edição

Seção

Artigos do Dossiê Temático