O corpo inabitável: abjeção e violência de gênero em O lugar sem limites, de José Donoso
DOI:
https://doi.org/10.5433/el.2020v26.e40345Palavras-chave:
José Donoso, O lugar sem limites, Abjeção, Violência de gênero.Resumo
O presente estudo trata dos temas do corpo abjeto e da violência de gênero no romance de José Donoso intitulado O lugar sem limites, publicado originalmente em 1966. Nele, de forma pioneira na literatura latino-americana, Manuela, uma dançarina travesti, é a personagem protagonista que assinala, tanto através de suas memórias de rejeições, discriminações e abusos físicos e psicológicos, quanto através do seu percurso trágico, os dispositivos de poder e normatividade que comandam o que Judith Butler denomina como corpos que importam, relegando à marginalização e à violência de gênero, em contrapartida, as subjetividades queer, portadoras de corpos “inabitáveis”. A categoria da abjeção, tal como definida por Julia Kristeva, também se constitui como aporte teórico-crítico preponderante para a análise do romance, na medida em que traça as associações entre o (não-)ser inabitável e o intolerável.
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