Professores tutores e a flexibilização do tempo de trabalho

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2236-6407.2018v9n1p03

Palavras-chave:

educação a distância, flexibilização, tempo social, trabalho

Resumo

O artigo buscou investigar o modo como os professores tutores vivenciam a temporalidade laboral, numa área em que as tecnologias alteram a ideia de presencialidade. Com base nisso, salienta-se que a relação tempo/trabalho se tornou um âmbito privilegiado de análise dessa investigação, compreendendo as mudanças na realidade laboral, bem como suas repercussões para o contexto da Educação. O processo de flexibilização, revelado nos discursos destes profissionais, aufere destaque no recorte deste estudo. Com base na abordagem qualitativa, e utilizando-se da Sócio-hermenêutica, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 11 tutores. Percebeu-se que as jornadas tradicionais, caracterizadas pela linearidade, dão lugar a períodos de trabalho mais fragmentados e individualizados. O uso das tecnologias, no exercício de tutoria, sugere certa autonomia na organização individual das atividades a serem executadas, entretanto, a noção que o trabalhador tem de ausência de controle se torna ‘ilusória’, uma vez que esse aspecto se manifesta sutilmente.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Felipe Teófilo Ponte, Universidade Federal do Ceará

Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará

Cassio Adriano Braz de Aquino, Universidade Federal do Ceará

Doutor em Psicologia Social pela Universidad Complutense de Madrid. Professor Associado do Departamento de Psicologia da UFC.

Referências

Alonso, E. (1998). La mirada cualitativa en Sociología. Madrid: Fundamentos.

Adorno, T. (2002). Industria cultural e sociedade. São Paulo, SP: Paz e Terra.

Alves, D. (2008). Gestão, produção e experiência do tempo no teleatendimento (Tese de Doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul.

Alves, G. (2007). Dimensões da reestruturação produtiva: Ensaios de sociologia do trabalho. Bauru, SP: Praxis.

Alves, G. (2011). Trabalho e Subjetividade: O espírito do toyotismo na era do capitalismo manipulatório. São Paulo, SP: Boitempo.
Antunes, R. (2005). O caracol e sua concha: Ensaios sobre a nova morfologia do trabalho. São Paulo, SP: Boitempo.

Antunes, R. (2015). Adeus ao trabalho?: Ensaios sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. São Paulo, SP: Cortez.

Aquino, C. (2007). Transformações no modelo industrial, ‘novos’ trabalhos e novas temporalidades. Psicologia & Sociedade, 19(edição especial 1), 21-28. doi:10.1590/S0102-71822007000400005

Aquino, C. (2008). O Processo de precarização laboral e a produção subjetiva: um olhar desde a psicologia social. O público e o privado, 1(11), 167-176.

Aquino, C. (2009). Reestruturação da temporalidade laboral a partir do discurso dos trabalhadores do turismo. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 12(2), 271-283.

Bauer, M., & Gaskell, G. (2002). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: Um manual prático. Petrópolis, RJ: Vozes.

Belloni, M. (2003). Educação a Distância. Campinas, SP: Autores Associados.

Beriáin, J. (2009). Las formas complejas del tiempo en la modernidad. Acta Sociológica, 1(49), 71-99.

Castel, R. (2015). As metamorfoses da questão social: Uma crônica do salário. Petrópolis, RJ: Vozes.

Castells, M. (1999). Sociedade em rede. São Paulo, SP: Paz e Terra.

Coelho, A. (2012). Construção do discurso da sustentabilidade: Uma prática de análise sociológica do discurso no campo organizacional (Tese de Doutorado). Universidade Vale do Itajaí, Santa Catarina.

Conde, F. (2009). Análisis sociológico del sistema de discursos. Madrid: Centro de Investigaciones Sociológicas.

Coriat, B. (1976). Ciencia, tecnica y capital. Madrid: Aermann Blume Ediciones.

Coriat, M. (2008). El Taller y el cronómetro: Ensaio sobre el taylorismo, el fordismo y la produção en massa. Madrid: Siglo XXI.

Ernst, M. (2003). La flexibilité du temps de travail: Entre autonomie et contraintes. Une étude de cas en Suisse (Tese de Doutorado). Université de Marne-la-Vallée, Paris.

Fontanella, B., Ricas, J., & Turato, E. (2008). Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde: Contribuições teóricas. Cadernos de Saúde Pública, 24(1), 17-27. doi:10.1590/S0102-311X2008000100003

Foucault, M. (1999). Vigiar e punir: Nascimento da prisão. Petrópoles RJ: Vozes.

Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) (2010). Resolução FNDE nº8 de 30 de abril de 2010. Recuperado de https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&sgl_tipo=RES&num_ato=00000008&seq_ato=000&vlr_ano=2010&sgl_orgao=CD/FNDE/MEC

Garrido, A. (2006). Sociopsicología de trabajo. Barcelona: UOC.

Gasparini, G. (1996). Tempo e trabalho no ocidente. In J. F. Chanlat (Ed.), O indivíduo na organização (Vol. 03, pp. 111-126). São Paulo, SP: Atlas.

Grisci, C. (1999). Trabalho, tempo e subjetividade: Impactos da reestruturação produtiva e o papel da psicologia nas organizações. Psicologia: Ciência e Profissão, 19(1), 2-13. doi:10.1590/S1414-98931999000100002

Grisci, C. (2008). Trabalho imaterial, controle rizomático e subjetividade no novo paradigma tecnológico. RAE-eletrônica, 7(1). doi:10.1590/S1676-56482008000100005

Harvey, D. (2008). Condições pós-modernas: Uma perspectiva sobre as origens das mudanças culturais. São Paulo, SP: Loyola.

Iñiguez, L. (2004). Manual de análise do discurso em ciencias sociais. Petrópolis, RJ: Vozes.

Lencastre, D. (2012). Educação on-line: análise e estratégia para criação de um protótipo. In Júnior, J. & Coutinho, C. (Eds.), Educação on-line: Conceitos, metodologias, ferramentas e aplicações (pp. 129-138). Curitiba, PR: CRV.

Lévy, P. (2011). O que é o Virtual? São Paulo, SP: Editora 34.

Lojkine, J. (1995). A Revolução Informacional. São Paulo, SP: Cortez.

Masi, D. (2001). O futuro do trabalho: Fadiga e ócio na sociedade pós-industrial. Rio de Janeiro, RJ: José Olympio.

Mill, D. (2012). Docência virtual: Uma visão crítica. Campinas, SP: Papirus.

Miguélez, F. (2004). La flexibilidade laboral. Trabajo: Revista andaluza de relaciones Laborales, 01(13), 17-36.

Nardi, H. (2006). Ética, trabalho e subjetividade: Trajetórias de vida no contexto do capitalismo contemporâneo. Porto Alegre, RS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Niles, J. (1976). Telecommunications – transportation tradeoff: Options for tomorrow. New York: John & Sons.

Pagán, R. (2007). Diferencias salariales entre el empleo a tiempo completo y parcial. Revista de Economía Aplicada, 15(43), 05-47.

Paugam, S. (2000). Le salarié de la précarité. Les nouvelles formes de l’intégration professionnelle. Paris: PUF.

Ponte, F. T. (2015). O (re)dimensionamento da temporalidade laboral na vivência de professores tutores da educação on-line. (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Ceará.

Preti, O. (1996). Educação a distância: Inícios e indícios de um percurso. Cuiabá, MT: NEAD/IE - Universidade Federal de Mato Grosso.

Ruiz, R. (2009). Análisis Sociológico del Discursos: Métodos y Lógicas. Forum Qualitative Sozialforschung/Forum: Qualitative Social Research, 10(2). Recuperado de http://www.qualitativeresearch.net/index.php/fqs/article/view/1298

Sato, L., Bernardo, M., & Oliveira, F. (2008). Psicologia social do trabalho e cotidiano: A viência de trabalhadores em diferentes contextos micropolíticos. Psicologia para América Latina, (15). Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1870-350X2008000400010

Sennet, R. (2006). A cultura do novo capitalismo. Rio de Janeiro, RJ: Record.

Sue, R. (1995). Temps et ordre social. Paris: PUF

Zuin, A. (2006). Educação a distância ou educação distante? O programa Universidade Aberta do Brasil, o tutor e o professor virtual. Educação & Sociedade, 27(96), 935-954. doi:10.1590/S0101-73302006000300014

Downloads

Publicado

2018-05-28

Como Citar

Ponte, F. T., & Aquino, C. A. B. de. (2018). Professores tutores e a flexibilização do tempo de trabalho. Estudos Interdisciplinares Em Psicologia, 9(1), 03–25. https://doi.org/10.5433/2236-6407.2018v9n1p03

Edição

Seção

Artigos Originais