Psicologia e práticas psicossociais: narrativas e concepções de psicólogos de Centros de Atenção Psicossocial

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2236-6407.2016v7n2p02

Palavras-chave:

centros comunitários de saúde mental, intervenção psicossocial, atendimento psicológico

Resumo

A atenção psicossocial, modelo de cuidado em saúde mental vigente no Brasil, preconiza o trabalho interdisciplinar, intersetorial e territorial. Este trabalho tem como objetivo apresentar concepções de psicólogos dos Centros de Atenção Psicossocial de uma cidade paranaense sobre as práticas psicossociais desenvolvidas em seu cotidiano. Foram realizadas entrevistas individuais semiestruturadas e encontros grupais, utilizando-se a técnica de Grupo Operativo de Pichón-Rivière. As entrevistas e os grupos foram gravados, transcritos na íntegra e analisados qualitativamente. Os resultados apontam a dicotomia entre o fazer clínico e o fazer psicossocial e a identidade profissional dos participantes atrelada ao modelo clínico tradicional da psicologia. Algumas práticas psicossociais estão gradualmente sendo reconhecidas pelos profissionais como práticas legítimas da Psicologia, e poderiam ser consideradas clínica ampliada dentro da área. Conclui-se que para a efetivação de práticas psicossociais, é imprescindível a transformação nos cursos de formação e a criação de estratégias de educação permanente para os profissionais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Thais Thomé Seni da Silva e Oliveira, Dipartimento di Salute Mentale di Trieste

Doutora e Pós-doutora  em Psicologia pela FFCLRP-USP. Pesquisadora colaboradora do Dipartimento di Salute Mentale di Trieste

Regina Helena Lima Caldana, Universidade de São Paulo

Doutora pela Universidade Federal de São Carlos. Professora da Universidade de São Paulo. - FFCLRP     

Referências

Amarante, P. (2011). Saúde mental e atenção psicossocial. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.

Biasoli-Alves, Z.M.M. & Dias-da-Silva, M. G. F. (1992). Análise qualitativa de dados de entrevista: uma proposta. Paidéia (Ribeirão Preto), 2, 61-69.

Bogdan, R. & Biklen, S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação. Portugal: Porto Editora.

Cambuy, K. & Amatuzzi, M. M. (2012). Experiências comunitárias: repensando a clínica psicológica no SUS. Psicologia e Sociedade, 24(3), 574-683.

Campos, G.W.S. & Amaral, M.A. (2007). A clínica ampliada e compartilhada, a gestão democrática e redes de atenção como referenciais teóricooperacionais para a reforma do hospital. Ciência e Saúde Coletiva, 12(4), 849-859.

Cardoso, A. S. F. & Dall'Agnol, C.M.(2011). Processo grupal: reflexões de uma equipe de enfermagem. Revista da escola de enfermagem da USP, 45(6), 1412-1418.

Cassol, P. B., Terra, M.G, Mostardeiro, S.C.T.S., Gonçalves, M.O. & Pinheiro, U.M.S. (2012). Tratamento em um grupo operativo em saúde: percepção dos usuários de álcool e outras drogas. Revista Gaúcha de Enfermagem, 33(1), 132-138.

Colosio, R., Fernandes, M. I. A., Bergamaschi, D.P., Scarcelli, I. R., Lopes, I. C. & Hearst, N. et al. (2007). Prevenção de infecção pelo HIV por intermédio da utilização do grupo operativo entre homens que fazem sexo com homens. Cadernos de Saúde Pública (FIOCRUZ), 23, 949-959.

Conselho Federal de Psicologia – CFP. (2005). Pesquisa de Opinião WHO - Quem é o psicólogo brasileiro – Ano 2001, Brasília: Autor. Recuperado de: http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2005/05/Pesquisa_WHO.pdf

Conselho Federal de Psicologia - CFP. (2013). Referências técnicas para atuação de Psicólogas (os) no CAPS – Centro de Atenção Psicossocial. Brasília: Autor. Recuperado de: http://crepop.pol.org.br/novo/wpcontent/uploads/2013/07/MIOLO_TECNICAS_DE_ATUACAO2.pdf

Costa- Rosa, A. (2000). O modo Psicossocial: um paradigma das práticas substitutivas ao modo asilar. In: Amarante, P. (org.) Ensaios: subjetividade, saúde mental e sociedade. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.

Cunha, G. T. (2010). A Construção da Clínica Ampliada na Atenção Básica. São Paulo: Hucitec.

Dimenstein, M. (2000). A cultura profissional do psicólogo e o ideário individualista: implicações para a prática no campo da assistência pública à saúde. Estudos de Psicologia, 5(1), 95-121.

Dimenstein, M. (2004). A reorientação da atenção em saúde mental: sobre a qualidade e humanização da assistência. Psicologia: ciência e profissão, 24(4), 112-117.

Dimenstein, M. (2006). A prática dos psicólogos no Sistema Único de Saúde/SUS. In: Conselho Federal de Psicologia. Cartilha do I Fórum Nacional de Psicologia e Saúde Pública: contribuições técnicas e políticas para avançar o SUS (pp.08-16). Brasília: Autor.

Dimenstein, M. & Macedo, J. P. (2012). Formação em Psicologia: requisitos para atuação na atenção primária e psicossocial. Psicologia: Ciência e Profissão, 32(n.spe), 232-245.

Ferreira Neto, J. L. (2008). Intervenção psicossocial em saúde e formação do psicólogo. Psicologia e Sociedade, 20(1), 62-69.

Figueiredo, V.V. & Rodrigues, M.M.P. (2004). Atuação do psicólogo nos CAPS do Estado do Espírito Santo. Psicologia em Estudo, 9(2), 173-181.

Fortuna, C.M., Mishima, S.M., Matumoto, S. & Pereira, M.J.B. (2005). O trabalho de equipe no programa de saúde da família: reflexões a partir de conceitos do processo grupal e de grupos operativos. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 13(2), 262-268.

Grando, M.K. (2007). Reuniões de equipe na Estratégia Saúde da Família a partir do referencial pichoniano de grupo operativo. Dissertação de Mestrado, Escola de Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre.

Jasiner, C. (2000). Observando la observación: adiós a Pilatos. Revista Campo Grupal, Buenos Aires, 18, 17-25. Lancetti, A. (2009). Clínica Peripatética. São Paulo: Hucitec.

Lucchese, R. & Barros, S. (2007). A utilização do grupo operativo como método de coleta de dados em pesquisa qualitativa. Revista Eletrônica de Enfermagem, 9(3), 796-805.

Mezzina, R. (2005). Paradigm Shift in Psychiatry: Processes and Outcomes. In: Ramon, S. & Williams, J.E. Mental Health at the Crossroads: The Promise of the Psychosocial Approach (pp.81-93). London: Ashgate.

Ministério da Saúde, (2004a). Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Clínica ampliada, equipe de referência e projeto terapêutico singular / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização – 1. ed. – Brasília: Autor.

Ministério da Saúde. (2004b). Legislação em Saúde Mental – 1990/2004. Brasília: Autor.

Ministério da Saúde. (2005). Secretaria de Atenção à Saúde. DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Brasília: Autor. Recuperado de http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Relatorio15_anos_Caracas.pdf

Ministério da Saúde. (2007). Secretaria de Atenção à Saúde/DAPE. Saúde Mental no SUS: acesso ao tratamento e mudança do modelo de atenção. Relatório de Gestão 2003-2006. Brasília: Autor. Recuperado de: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relatorio_gestao_saude_mental _2003-2006.pdf

Ministério da Saúde. (2009). Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Clínica ampliada e compartilhada. Brasília: Autor.

Ministério da Saúde. (2011). Portaria GM/MS nº 3.088/2011 - preconiza o atendimento a pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. Brasília: Autor.

Onocko Campos, R. T. (2001). Clínica: a palavra negada - sobre as práticas clínicas nos serviços substitutivos de Saúde Mental. Saúde em Debate, 25(58), 98-111.

Pegoraro, R.F. & Caldana, R.H.L. (2008). Sofrimento psíquico em familiares de usuários de um Centro de Atenção Psicossocial. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, 12(25), 295-307.

Passos, E. (2007). Ética e Psicologia: teoria e prática. São Paulo: Vetor.

Pereira, F. M. & Pereira Neto, A. (2003). O psicólogo no Brasil: notas sobre seu processo de profissionalização. Psicologia em Estudo, 8(2) 19-27.

Pichón-Rivière, E. (2000a). O processo grupal. São Paulo: Martins Fontes (Trabalho original publicado em 1983).

Pichón-Rivière, E. (2000b). Teoria do vínculo. São Paulo: Martins Fontes (Trabalho original publicado em 1982).

Silva, R.C. (1998). A falsa dicotomia qualitativo – quantitativo: Paradigmas que informam nossas práticas de pesquisas. In: Romanelli, G. (org.) Diálogos metodológicos sobre prática de pesquisa (pp. 159-174). Ribeirão Preto: Legis Summa.

Spink, M.J. (2003). Psicologia social e saúde - prática, saberes e sentidos. Petrópolis: Vozes.

Van Acker, M. T. V. (2008). A reflexão e a prática docente: considerações a partir de uma pesquisa-ação. Tese de Doutorado, Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Yamamoto, O.H. (2012). 50 anos de profissão: responsabilidade social ou projeto ético-político? Psicologia: ciência e profissão, 32(n.spe), 6-17.

Yasui, S. & Costa-Rosa, A. (2008). A Estratégia Atenção Psicossocial: desafio na prática dos novos dispositivos de Saúde Mental. Saúde em Debate, 32(78/79/80), 27-37.

Yasui, S. (2010). Rupturas e encontros: desafios da reforma psiquiátrica brasileira. Rio de Janeiro: Fiocruz.

Downloads

Publicado

2016-10-31

Como Citar

Oliveira, T. T. S. da S. e, & Caldana, R. H. L. (2016). Psicologia e práticas psicossociais: narrativas e concepções de psicólogos de Centros de Atenção Psicossocial. Estudos Interdisciplinares Em Psicologia, 7(2), 02–21. https://doi.org/10.5433/2236-6407.2016v7n2p02

Edição

Seção

Artigos Originais