Telenovelas e a questão racial: o papel do estatuto da igualdade racial na representatividade

Welliton Fernando dos Santos; Léia Aparecida Veiga

doi:10.5433/1984-7939.2024v21n37p160

Autores

Welliton Fernando dos Santos Universidade Estadual de Londrina https://orcid.org/0009-0005-0382-8721
Léia Aparecida Veiga Universidade Estadual de Londrina https://orcid.org/0000-0002-7870-293X

DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-7939.2024v21n37p160

Palavras-chave:

Representatividade, Estatuto da Igualdade Racial, Estereótipos

Resumo

Este estudo teve como objetivo analisar a representatividade de atores negros nas telenovelas da Rede Globo após a promulgação do Estatuto da Igualdade Racial em 2010. Apesar do mito da "democracia racial" perpetuar a falsa percepção de ausência de racismo no Brasil, a realidade social do país demonstra o contrário. Com base nisso, a pesquisa concentrou-se em investigar a presença de atores negros nos papéis principais das novelas exibidas às 21h pela emissora, no período posterior à aprovação da lei n° 12.288. A metodologia incluiu a análise de materiais bibliográficos sobre o tema e a utilização de dados secundários disponíveis no site da Rede Globo. Os resultados apontaram uma predominância de atores brancos nas produções exibidas entre 2010 e 2018. Conclui-se que, mesmo com o Estatuto da Igualdade Racial, as telenovelas continuam privilegiando atores brancos em detrimento de atores negros, evidenciando a persistente desigualdade de oportunidades.

Downloads

Biografia do Autor

Welliton Fernando dos Santos, Universidade Estadual de Londrina

Graduado em Geografia, pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Léia Aparecida Veiga, Universidade Estadual de Londrina

Doutora em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Professora de Geografia da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Referências

ARAÚJO, J. Z. De. A negação do Brasil: identidade racial e estereótipos sobre o negro na história da telenovela brasileira. São Paulo: Editora SENAC, 2000.

BRASIL. Lei Nº 11.645, Estatuto Da Igualdade Racial, 20 de julho de 2010. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12288.htm . Acesso 29/08/2019.

CAMBRAIA, B. Mulheres negras: corpo e cor de uma fetichização que reflete no entretenimento. Portal IG, Acesso em 07/06/2017. Disponível em: https://gente.ig.com.br/cultura/2017-06-07/fetichizacao-mulheres-negras.html

CAMPOS, L.; FERES, J. “Globo, a gente se vê por aqui?” - Diversidade racial nas telenovelas das últimas três décadas (1985- 2014). Plural – Revista de Ciências Sociais, São Paulo, v. 23, n. 1, p. 36-52, 2016. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2016.118380

FERREIRA, S. I.; COSTA, C. S. da. A questão racial no Brasil: desafios para a ação afirmativa e para a educação antirracista. In: SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO (SEMIEDU), 29, 2021, Cuiabá. Anais [...]. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação, 2021. p. 2493-2504.Disponível em: https://sol.sbc.org.br/index.php/semiedu/article/download/20348/20176/. Acesso em: 18/03/2025.

GLOBO. Memória Globo. Disponível em: http://memoriaglobo.globo.com/. Acesso em: [18/03/2025].

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Brasileiro de 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. Disponível em: https://censo2010.ibge.gov.br/. Acesso em: 29 ago. 2024.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua): Características gerais dos domicílios e dos moradores 2018. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9171-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-continua-mensal.html. Acesso em: 29 ago. 2024.

JACINO, R. O trabalho do negro livre na cidade de São Paulo. 2006. 110 f. Dissertação (Mestrado em História Econômica), Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade Estadual de São Paulo/USP, São Paulo, 2006.

LARA, S. H. Blowin in the Wind: E. P. Thompson e a experiência negra no Brasil. Proj. História, São Paulo, (12), out. 1995.

PAES, S. Nega maluca, black face e racismo. Geledes, [s.d.]. Disponível em: https://www.geledes.org.br/nega-maluca-black-face-e-racismo/#gs.U0_ywl4. Acesso em: 29 ago. 2024.

PETRUCELLI, J. L.; SABOIA, A. L. (org.). Características étnico-raciais da população: classificações e identidades. Estudos e análises. Rio de Janeiro: IBGE, 2013.

PRODIGIOS, K. C. M. A importância das ações afirmativas no Brasil: O caso das cotas raciais de acesso à Universidade. Hegemonia – Revista Eletrônica de Relações Internacionais do Centro Universitário Unicuro, Brasília, n. 21, p. 154-194, jul./dez. 2017. Disponível em:

https://revistahegemonia.emnuvens.com.br/hegemonia/article/download/212/165/327 Acesso em: 18/03/2025.

RODRIGUES, R. N. Os africanos no Brasil [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2010. 303 p. Disponível em: http://static.scielo.org/scielobooks/mmtct/pdf/rodrigues-9788579820106.pdf>. Acesso em 12/02/2025. DOI: https://doi.org/10.7476/9788579820106

SENKEVICS, A. A cor e a raça nos censos demográficos nacionais. Ensaios de Gênero – blog. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/cor-e-raca-nos-censosdemograficos-nacionais/> Acesso 16122024.

SILVA, F. Maternidade negra em Um defeito de cor: a representação literária como disrupção do nacionalismo. Estudos de literatura brasileira contemporânea. N. 54. Ago 2018. São Paulo, 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/10.1590/2316-40185414

VASCOUTO, L. Estereótipos Racistas que Novelas Brasileiras Precisam Parar de Usar. Nó de Oito. 2 Agosto, de 2017. Disponível em: http://nodeoito.com/estereotipos-racistas-novelas-brasileiras/. Acesso dia 07/08/2024.