Claudia Andujar: da representação à manifestação do invisível

Resumo

Este artigo investiga, inicialmente, os modos pelos quais Claudia Andujar busca, a partir da construção de uma sintaxe imagética própria, representar os espíritos xapiri, da cosmologia Yanomami, visíveis apenas para os xamãs. Posteriormente, a partir do diálogo entre o modo de ver xamânico, descrito por Davi Kopenawa, e a teoria antropológica da arte de Alfred Gell, entende-se uma nova relação possível entre a fotografia de Andujar e os espíritos xapiri, expandida da representação icônica, relacionada à semelhança, para representação anicônica, como índice de presença e, desse modo, a imagem poderá ser pensada como manifestação. Por fim, tal potência da imagem é compreendida na perspectiva da agência do ato de ver, de modo que o visível se constitui apenas através dos outros corpos hábeis a vê-lo.