Por uma outra mise-en-scène: polifonia e afetividade no filme Welcome
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-7939.2014v10n17p241Palavras-chave:
Teses e Dissertações. Análise Cinematográfica. Estética.Resumo
Tradicionalmente conhecido como país de respeito aos direitos humanos e de asilo político, nos últimos anos a França recebeu notoriedade pela intolerância e expulsão de imigrantes. Muitas destas situações estão presentes em Welcome (Philippe Lioret, 2009) e provocaram um intenso debate social e político em torno da imigração. A visibilidade midiática de diferentes questões relacionadas ao tema possibilitada pelo filme culminou com o fim do delito de solidariedade – lei que punia cidadãos franceses que auxiliassem imigrantes em situação irregular no país. Para compreender as situações apresentadas na película utilizamos os estudos de Zygmunt Bauman (1999, 2005, 2007 e 2009), contextualizando o filme e sua produção. Em seguida, discutimos o processo de construção imagética com base nos conceitos de orientalismo de Edward Said (2007), e eurocentrismo de Ella Shohat e Robert Stam (2006), e as especifidades da França no tocante ao racismo, por meio das obras de Albert Memmi (1993) e Michel Wieviorka (1998). A presença do imigrante em Welcome foi identificada como tendo características polifônicas, de acordo com a perspectiva de polifonia de Mikhail Bakhtin. A partir do estudo de algumas características cinematográficas, fundamentado em Luís Nogueira (2010) e dos conceitos de imagem—afecção e rostidade de Gilles Deleuze (1985, 1995) entendemos que o uso de enquadramentos em primeiro plano teve como objetivo produzir uma individualização do imigrante e uma afetividade em relação a ele. Desta forma, acreditamos que Welcome contribui no sentido de ensejar novas possibilidades de ficcionalização do imigrante, bem como de outras minorias.Métricas
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