Perfil das infecções relacionadas à assistência à saúde por Acinetobacter baumannii em pacientes covid-19

Resumo

Coinfecção por patógenos bacterianos em infecções respiratórias virais como a COVID-19 são importantes causa de morbidade e mortalidade. O uso excessivo de antibióticos durante a pandemia de COVID-19 e o aumento da incidência da resistência microbiana, especialmente de Acinetobacter baumannii (A. baumannii) constituem importante preocupação de saúde pública por tratar-se de um importante patógeno hospitalar. Diante disso, este estudo teve como objetivo descrever o perfil das infecções por A. baumannii em pacientes hospitalizados durante a pandemia de COVID-19 e estabelecer os fatores de risco associados à coinfecção. Para tanto foi realizado um estudo descritivo, de revisão de literatura nas bases de dados PubMed e Scielo utilizando como descritores "COVID-19", "Acinetobacter baumannii" e "resistência antimicrobiana". Os dados obtidos demonstraram que coinfecções e infecções secundárias em pacientes com SARS-CoV-2 variaram de 0,6 a 45%. Houve um predomínio de infecções por bactérias gram-negativas, especialmente A. baumannii e Klebsiella pneumoniae, apresentando os isolados de A. baumannii suscetibilidade reduzida à maioria dos antimicrobianos testados e tendo a polimixina como o agente mais ativo. Houve um aumento de cerca de 23% de infecções por microrganismos multidroga resistentes (MDR), com aumento significativo de 108% para A. baumannii resistente a carbapenêmicos (CRAB), havendo surtos associados a CRAB produtores de OXA-23 e ArmA apontados como responsáveis pela disseminação inter-hospitalar deste patógeno. Pacientes do sexo masculino, com idade acima de 60 anos, diabéticos e obesos predominaram nas internações em UTIs e coinfecção por CRAB em pacientes COVID-19 deste setor foram responsáveis pelo aumento da mortalidade em 30 dias.

Palavras-chave: Coinfecção, Acinetobacter baumanni, COVID-19, Resistência a Multidrogas