Culturas ancestrais do movimento

uma perspectiva sobre as migrações africanas.

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2022v15n30p202-217

Palavras-chave:

África, culturas, migrações, liberdade, confinamento

Resumo

O livre deslocar-se de um lugar a outro sempre foi algo importante para os povos africanos. Isso não significa culturas sem fronteiras, sejam elas físicas ou simbólicas. O cultivo da mobilidade é praticado desde tempos imemoriais, configurando-se um dos preceitos que orientam as experiências socioculturais da África. Esta reflexão encontra motivações no pensamento de Achille Mbembe, em suas considerações sobre as aspirações africanas, uma delas a de mover-se sem amarras em um mundo que ao longo da história impôs a esses povos um passado de escravização e um presente ainda marcado pelo confinamento. No sentido de realçar as aspirações de deslocar-se livremente pela Terra, mas também as dificuldades em concretizá-las, este artigo estabelece conexões entre as atuais migrações africanas e as antigas práticas culturais de deslocamento cultivadas na África, buscando suscitar um debate sobre o direito de ir e vir dos povos daquele continente.

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Biografia do Autor

Claudelir Correa Clemente, Universidade Federal de Uberlândia

Doutora em Antropologia, docente da Universidade Federal de Uberlância, coordenadora do grupo de pesquisa Mobilidades, vinculos sociais, território e etnicidade (MOVITE). Pos-doutorado na Ecole de Hautes Etudes en Sciences Sociales

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Publicado

29-12-2022

Como Citar

CLEMENTE, Claudelir Correa. Culturas ancestrais do movimento: uma perspectiva sobre as migrações africanas. Antíteses, [S. l.], v. 15, n. 30, p. 202–217, 2022. DOI: 10.5433/1984-3356.2022v15n30p202-217. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/45400. Acesso em: 4 nov. 2024.