Os limites da basileia segundo João Crisóstomo: reflexões sobre o tratado ´Uma comparação entre o rei e o monge´
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-3356.2015v8n16p130Palavras-chave:
Antiguidade tardia, Antioquia, Basileia, Monacato, João Crisóstomo.Resumo
Vivendo numa sociedade confrontada amiúde pela ameaça dos persas e dos germanos, João Crisóstomo, ao contrário de seus antecessores, como Eusébio de Cesareia, não concebia o governo do basileus como dotado de qualquer significado religioso especial. O Império Romano, para João, constituía apenas um governo de homens sobre homens resultante de uma eleição. Um governo que, portanto, não se encontrava inscrito na ordem da natureza e nem tampouco comportava elementos místicos, sobrenaturais, visto estar sujeito à corrupção e à degenerescência. Em suas obras, João raramente se refere ao Imperium Christianum e é bastante lacônico ao mencionar os soberanos de seu tempo, o que sugere certo desinteresse pelo tema. Na realidade, o basileus não representava, segundo o autor, o modelo de cristão a ser imitado, distinção que caberia ao monge. Tendo em vista estas considerações, temos por finalidade discutir as características do ofício régio na Antiguidade Tardia, período de consolidação do movimento monástico, à luz do pensamento de João Crisóstomo. Para tanto, exploraremos uma das suas primeiras obras: o tratado Uma comparação entre o rei e o monge, composto no início da década de 370, em Antioquia.Downloads
Referências
CHRYSOSTOM. Homilies on the epistles of Paul to the Corinthians. Peabody: Hendrickson, 2004.
EUSEBIO DE CESAREA. Vida de Constantino. Introducción, traducción y notas de Martín Gurruchaga. Madrid: Gredos, 1994.
JOHN CHRYSOSTOM. A comparison between a king and a monk. Against the opponents of the monastic life. Translated with an introduction by David G. Hunter. Lewiston: The Edwin Meller Press, 1988.
PALLADIUS. Dialogue on the life of St. John Chrysostom. Translated by Johannes Quasten. Mahwah: Paulist Press, 1985.
SÃO JOÃO CRISÓSTOMO. Comentário às cartas de São Paulo. São Paulo: Paulus, 2010. v. 2.
BIBLIOGRAFIA
BAUR, C. John Chrysostom and his time. Westmister: Newman Press, 1959.
BERARDINO, A. (Ed.). Dicionário patrístico e de antigüidades cristãs. São Paulo: Paulus, 2002.
BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. Edição coordenada por Gilberto Gorgulho, Ivo Storniolo e Ana Flora Anderson. São Paulo: Sociedade Bíblica Católica Internacional, 1997
BRÄNDLE, R. Jean Chrysostome, Saint Jean Bouche d'or (349-407): Christianisme et politique au IVe siècle. Paris: Du Cerf, 2003.
BROCK, S. P. Early Syrian asceticism. Numen, v. 20, n. 1, p. 1-19, 1973.
BROWN, P. The rise and function of the holy man. The Journal of Roman Studies, v. 61, p. 80-101, 1971.
CANER, D. F. Not of this world: the invention of monasticism. In: ROUSSEAU, P. (Ed.). A companion to Late Antiquity. Oxford: Wiley-Blackwell, 2012. p. 589-600.
CARTER, R. E. Sain John Chrysostom's rhetorical use of Socratic distinction between kinghip and tyranny. Traditio, n. 14, p. 367-370, 1958.
DOWNEY, G. A history of Antioch in Syria. Princeton: Princeton University Press, 1961.
DRAKE, H. Church and Empire. In: HARVEY, S. A.; HUNTER, D. G. (Ed.). The Oxford handbook of Early Christian studies. Oxford: Oxford University Press, 2010. p. 446-464.
DVORNIK, F. Early Christian and Byzantine political philosophy. Washington: The Dumbarton Oak Center for Byzantine Studies, 1966. v. 2.
FESTUGIÈRE, A. J. Antioche païenne et chrétienne: Libanius, Chrysostome et les moines de Syrie. Paris: E. de Boccard, 1959.
GONZÁLEZ SALINERO, R. El antijudaísmo cristiano occidental (siglos IV y V). Madrid: Trotta, 2000.
HORNBLOWER, S.; SPAWFORTH, A. (Ed.). The Oxford classical dictionary. Oxford: Oxford University Press, 2012.
HUNTER, D. G. Introduction. In: JOHN CHRYSOSTOM. A comparison between a king and a monk. Against the opponents of the monastic life. Lewiston: The Edwin Mellen Press, 1988. p. 1-68.
KELLY, J. N. D. Golden Mouth: the story of John Chrysostom – ascetic, preacher, bishop. London: Duckworth, 1995.
LENSKY, N. Valens and the monks: cudgeling and conscription as a means of social control. Dumbarton Oak Papers, v. 58, p. 93-117, 2004.
LEROUX, J. M. Saint Jean Chrysostome et le monachisme. In: KANNENGIESSER, C. (Ed.). Jean Chrysostome et Augustin. Paris: Beauchesne, 1975. p. 125-144.
LIEBESCHUETZ, J. H. W. G. Ambrose and John Chrysostom. Oxford: Oxford University Press, 2011.
MARAVAL, P. Le monachisme oriental. In: MAYEUR, J. et al. Histoire du Christianisme. Paris: Desclée, 1995. t. 2, p. 719-745.
MAYER, W. What does it mean to say that John Chrysostom was a monk ? Studia Patristica, v. 41, p. 451-455, 2006.
MONTEFIORE, S. Jerusalém, a biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
MORESCHINI, C.; NORELLI, E. História da literatura cristã antiga grega e latina. São Paulo: Loyola, 2000.
PASQUATO, PASQUATO, O. Giovanni Crisostomo e l'Impero Romano. In: INCONTRO DI STUDIOSI DELL'ANTICHITÀ CRISTIANA: Giovanni Crisostomo: Oriente e Occidente tra IV e V secolo, 33., 2004, Rome. Roma: Institutum Patristicum Augustinianum, 2005. p. 781-798.
QUASTEN, J. Patrology. Notre Dame: Christian Classics, 1949. v. I.
RUBENSON, S. Ascetiscism and monasticism, I: Eastern. In: NOBLE, T.; SMITH, J. The Cambridge History of Christianity. Cambridge: Cambridge University Press, 2008. p. 637-668.
SANDWELL, I. Christian self-definition in the fourth century AD: John Chrysostom on Christianity, imperial rule and the city. In: SANDWELL, I.; HUSKINSON, J. (Ed.). Culture and society in Later Roman Antioch. Oxford: Oxbow Books, 2004. p. 35-58.
SCHAFF, P.; WACE, H. (Ed.). The seven ecumenical councils. Peabody: Hendrickson, 2004. v. 14.
SILVA, G. V. da. Constâncio II, o Anticristo: Hilário de Poitiers e a construção da imagem imperial. Dimensões, v. 15, p. 219-235, 2003a.
SILVA, G. V. da. Reis,santos e feiticeiros: Constâncio II e os fundamentos místicos da basileia (337-361). Vitória: Edufes, 2003.
SILVA, G. V. da; MARVILLA, M. De laudibus Constantini; o discurso de Eusébio de Cesaréia sobre a realeza. Dimensões, v. 18, p. 384-392, 2006.
SOLER, E. Le sacré et le salut à Antioche au IVe siècle apr. J.-C. Beyrouth: Institut Français du Proche-Orient, 2006.
TEJA, R. Monacato e história social: los orígenes del monacato y la sociedad del Bajo Imperio romano. In: HIDALGO DE LA VEGA, M. J. (Ed.). Homenaje a Marcelo Vigil Pascual. Salamanca: Universidad de Salamanca, 1989. p. 81-96.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A Revista Antíteses adota a Licença Creative Commons Attribution 4.0 International, portanto, os direitos autorais relativos aos artigos publicados são do(s) autor (es), que cedem à Revista Antíteses o direito de exclusividade de primeira publicação.
Sob essa licença é possível: Compartilhar - copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato. Adaptar - remixar, transformar, e criar a partir do material, atribuindo o devido crédito.
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/