Pensamento histórico de jovens sobre “gênero” a partir da revista Capricho (2005-2006)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2014v7n14p534

Palavras-chave:

Literacia histórica, Revista Capricho, Cultura midiática, Ensino de história e gênero

Resumo

Objetiva-se investigar a o pensamento histórico de jovens sobre “gênero”, a partir da revista Capricho (abr/2005-mar/2006), utilizando-a como uma fonte histórica. Interessa observar se construíram uma “literacia histórica” e se a mobilizam nas suas práticas de leitura, considerando tal literacia como um modo de ler e interpretar o mundo historicamente. A apreensão destas ideias deu-se através de uma prática didático-pedagógica, pautada no uso escolar de fontes históricas, na qual se analisa a “literacia histórica” de estudantes do segundo ano “A” do Ensino Médio do Colégio de Aplicação – Londrina/PR, em relação a esta revista. Utilizou-se a técnica de grupos focais interposta aos pressupostos da aula-oficina, buscando desenvolver uma interpretação/leitura das fontes e sua compreensão contextualizada. Em três aulas gravadas e transcritas, coletou-se ideias prévias de estudantes e suas interpretações da fonte, através da qual trabalha-se a construção de uma literacia histórica. É necessária uma problematização e análise, na perspectiva histórica, deste sujeito o qual se pesquisa, os/as estudantes do “2ºA”, sob o pressuposto de que a adolescência é uma construção discursiva e um fenômenos cultural, ou seja, problematiza-se este grupo de sujeitos, adolescentes, de modo a desnaturalizá-los. Assim, aborda-se as relações destes jovens com a questão de gênero, tomando o espaço escolar como importante na construção desta relação e, ainda, na produção das diferenças. Em um segundo momento, discute-se a revista Capricho e as várias dimensões que assume nesta pesquisa, isto é, como um produto da cultura midiática que pede uma avaliação que abarque, inclusive, a dimensão da sua apropriação, ou ainda, dos usos e interpretações dos estudantes. A escolha do recorte temporal deu-se em função da existência de um padrão editorial em relação à identidade da jovem: as edições analisadas evidenciam a preocupação com uma dada autenticidade da leitora, através do slogan “seja diferente, seja você”. Também, a revista Capricho é entendida como fonte histórica utilizada em contexto escolar. Apoiados em referenciais do campo da História e da Comunicação, entende-se a relação entre Capricho e leitoras em sua complexidade, ambas constroem uma a outra recursivamente, são interdependentes. A partir desta ideia, é possível pensar e problematizar não apenas a mídia enquanto produtora de pedagogias de gênero, mas também a o público enquanto um co-produtor da revista, já que esta se apropria dos seus códigos culturais, a fim de não destoar do horizonte de expectativas de suas leitoras. Enfim, apoia-se em referenciais do campo investigativo da Educação Histórica, onde se procura investigar, também, como se dá o aprendizado histórico dos sujeitos. Ainda, utiliza-se o conceito de “literacia histórica” cunhado por Peter Lee, em uma análise das falas de alunos sobre questões de gênero e sexualidade na Capricho. Percebeu-se que os alunos já trazem ideias e noções sobre gênero e que tais ideias reproduzem, em certa medida, uma concepção conservadora. Entretanto, demonstram capacidade de observar e historicizar as questões de gênero que a Capricho traz, lendo-a como uma fonte histórica, ou seja, contextualizando seus discursos, o que significa uma “literacia histórica”.

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Biografia do Autor

Flavia Mantovani, Universidade Estadual de Londrina - UEL

Mestra em História Social pela Universidade Estadual de Londrina. Professora de História no Ensino Fundamental e Médio de São Paulo.

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Publicado

19-12-2014

Como Citar

MANTOVANI, Flavia. Pensamento histórico de jovens sobre “gênero” a partir da revista Capricho (2005-2006). Antíteses, [S. l.], v. 7, n. 14, p. 534–536, 2014. DOI: 10.5433/1984-3356.2014v7n14p534. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/20554. Acesso em: 21 nov. 2024.