Chamadas abertas para publicação em 2023
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1) Chamada do v. 43 n. 1 (2023) - "Literatura e Tecnocultura"
Submissão até 30 de novembro de 2022 e publicação prevista para maio de 2023.
Atenção: prorrogado até o dia 15 de dezembro.
Ementa: Em Mudança de horizonte: o sol novo a cada dia, nada de novo sob o sol, mas..., o filósofo alemão Dietmar Kamper (2018), a partir de uma perspectiva antropológica do corpo, investiga o nosso absoluto servilismo às imagens saídas de telas e de aparatos técnicos e tecnológicos. Segundo ele, "[d]urante o século XX, a autorreferencialidade do espírito humano caiu numa prisão de imagens, padrões e signos da qual não existe saída. Isso não foi apenas impedido pelos aparelhos, mas por eles realizado. Os bilhões de computadores são o lugar onde a própria imponência humana experimenta seu schibboleth" (p. 21-22). Ora, não é mais necessário questionar, em mais de vinte anos de século XXI, se em algum momento futuro teremos a realização dos desejos transhumanistas mais radicais. Se as antropotecnias do progresso civilizatório ocidental produziram a diluição do paradigma homem/objeto, estaríamos, portanto, no limite de uma experiência sensível, afetiva, política e estética do mundo contemporâneo completamente agenciado pelos aparatos tecnológicos? Do inescapável mundo tecnocultural, cabe investigar de que modo as práticas literárias, do fim de milênio até os dias atuais, legitimaram uma sensibilidade mediatizada. Em outros termos, é preciso avaliar como a literatura tem problematizado os modos coletivos de sensorialidade e percepção dos media ao mesmo tempo em que assume a expressão de corporeidades nômades na dimensão das virtualidades do mundo digital. As pesquisas centradas nas Materialidades da Comunicação, nos Media Studies e no controverso Pós-humanismo têm produzido um campo epistêmico dos mais relevantes para as questões do literário. Guardadas as particularidades desses exercícios teóricos, a proposta subjacente a este volume – Literatura e Tecnocultura – concentra-se na premissa assumida de que as práticas literárias contemporâneas, em face da natureza radical das mudanças tecnoculturais e do regime dos corpos midiáticos, tornaram-se complexas enquanto sintoma de um ser/estar no mundo agenciado e performatizado pela tecnologização. Nesse sentido, serão acolhidos trabalhos que discutam a produção literária contemporânea em articulação com as práticas culturais dos meios técnicos e tecnológicos.
Editores responsáveis:
Alex Martoni (UFJF) e Barbara Marques (UEL)
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2) Chamada do v. 43 n. 2 (2023) - "A paisagem e suas construções literárias"
Submissão até 30 de abril de 2023 e publicação prevista para outubro de 2023.
Ementa: Há algumas décadas, desde pelo menos os anos 70 do século passado, a paisagem tem ganhado força de discussão em várias áreas do conhecimento, num processo de reavaliação do conceito e de seu alcance. Não obstante as particularidades de um campo para outro, as abordagens contemporâneas da paisagem coincidem em um ponto central, o do distanciamento de sua compreensão simplesmente como sinônimo de natureza ou de um dado espaço material captado pela visão. Partindo de uma perspectiva fenomenológica, as reflexões atuais em torno da paisagem apontam para o seu aspecto cultural, na medida em que colocam o sujeito como condição de sua existência, o que permite concebê-la, como mostra Michel Collot, como “espaço percebido” (2012, p.11), “que não é nem uma pura representação, nem uma simples presença, mas o produto do encontro entre o mundo e um ponto de vista” (2013, p.18). Nessa formulação, a paisagem revela-se como um complexo indissociável entre um lugar, uma percepção e uma imagem, capaz de expressar um pensamento e um conhecimento atrelados a uma perspectiva relacional, a por em xeque o paradigma dualista do conhecimento que tem se sustentado no mundo moderno ocidental, que se quer neutro, geométrico, mecânico e quantitativo, como bem afirma Augustin Berque em El pensamiento paisajero (2009). Na sua forma movente e intercambiante, trajetiva, apartada de dualismos, a paisagem constitui-se “como uma manifestação exemplar da multiplicidade dos fenômenos humanos e sociais” (COLLOT, 2013, p.15), um “espaço vivido”, da experiência, portanto, que a literatura tem explorado das mais variadas formas no decorrer do tempo.
Assim, a presente chamada abre-se para trabalhos que problematizem configurações diversas da paisagem no âmbito das representações literárias, em diferentes gêneros e momentos, como expressão de uma maneira de ver, ser e estar no e com o mundo.
Editores responsáveis:
André Pinheiro (UFPI) e Regina Célia dos Santos Alves (UEL)