Migração Esportiva: um olhar para os corredores de rua africanos no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.5433/2447-1747.2022v31n1p357Palavras-chave:
Atletismo, Migração, Esporte, Corrida de rua, Globalização.Resumo
A migração pode ser caracterizada a priori como a troca de residência definitiva ou temporária. Esse fenômeno é observado em diferentes setores da sociedade, bem como ocorre por diferentes motivos, e nesta pesquisa a migração se relaciona ao setor esportivo. Dentro do contexto esportivo, um dos grupos que estão em constante mobilidade migratória é o de corredores de rua oriundos de países do leste africano, o qual se desloca para diferentes países, inclusive o Brasil. Entretanto, os impactos da entrada desses indivíduos não são sempre bons, divergências e resistências são observadas por parte dos atletas nativos brasileiros, que argumentam dificuldade em competir com esses indivíduos, uma vez que são considerados os melhores do mundo nas corridas de médias e longas distâncias. Diante disso, a presente pesquisa parte do questionamento de quais fatores influenciam o processo migratório dos corredores de rua africanos para o Brasil. Frente ao problema exposto, estabeleceu-se como objetivo principal analisar os fatores que influenciam o processo migratório de atletas de corrida de rua africanos para o Brasil. Para atender a demanda estabelecida pelo objetivo, elaborou-se um modelo analítico da migração esportiva, modelo este formulado após compreensão da necessidade de agregar diferentes perspectivas para a análise do fenômeno. A ideia central do modelo proposto foi a de analisar o processo migratório a partir de quatro dimensões: dimensão cultural, dimensão política, dimensão econômica e dimensão pessoal. Para atender aos anseios do modelo analítico, a pesquisa de cunho explicativo se apropriou de múltiplas técnicas de pesquisa, bibliográfica, observacional, entrevistas e documental. Como resultados verificou-se que a migração de corredores de ruas africanos para o Brasil reflete alguns aspectos da globalização do esporte. No que tange à dimensão cultural, identificou-se uma divisão internacional do trabalho esportivo. Já na dimensão política, detectou-se a atuação de diferentes atores políticos em uma disputa pela flexibilização da migração e participação de estrangeiros em competição. Economicamente, observou-se que há um desequilíbrio entre o Brasil e os países que enviam os atletas corredores de rua, sendo que a origem dos atletas se enquadra como periférica, assim como apontado pela perspectiva do sistema mundial. Por fim, na dimensão pessoal, identificou-se que mesmo as estruturas da globalização atuando na pressão para a migração, os indivíduos são capazes de calcular os riscos em relação à sua decisão de migrar, e suas relações pessoais contribuem para conhecer os responsáveis por efetivar o processo migratório. Conclui-se então que o fator predominante para a decisão de migrar é o fator econômico. No entanto, as demais dimensões, políticas, culturais e a pessoal, moldam o padrão de migração dos corredores de rua africanos para o Brasil.Downloads
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