Intertextos de Romeu e Julieta nos folhetos nordestinos

 

 

Intertexts of Romeo and Juliet in northeastern leaflets

 

 

Weber Firmino Alves[23]

https://orcid.org/0000-0001-9012-9112

 

            Naelza de Arajo Wanderley[24]

            https://orcid.org/0000-0002-3622-7317

 

Resumo: As adaptaes constituem um fenmeno longevo que remonta Grcia antiga, quando os poetas iniciaram a prtica da releitura dos mitos, com a liberdade de modific-los e introduzir inovaes. Semelhantemente, os cordelistas nordestinos, ao adaptarem narrativas cannicas para os versos populares dos folhetos, assumiram o papel de tradutores de uma tradio literria que passa a ser escrita em uma linguagem mais prxima do povo. Assim, o presente artigo discute a presena do intertexto de Romeu e Julieta em folhetos nordestinos, incorporando adaptaes dos textos-fonte. A leitura dos textos estabelece uma comparao com os intertextos desse amor contrariado nos cordis de Joo Martins de Athayde, Maria Ilza Bezerra, Sebastio Marinho e Stlio Torquato Lima, a partir das ideias de Abreu (2004), Hutcheon (2013), Kristeva (2005), Rougemont (1988), entre outros. Faz-se uma avaliao da construo do enredo de Romeu e Julieta na tradio literria, com vistas a perceber nas adaptaes para o romanceiro nordestino, suas divergncias e semelhanas, compreendendo-se que as adaptaes no so cpias, mas funcionam como produes distintas, assumindo importantes funes sociais no contexto da cultura-alvo, principalmente a de socializar um texto universal para a cultura local.

Palavras-Chave: Amor contrariado; Romeu e Julieta; Literatura; Cordel.

 

Abstract: Adaptations are a long-lived phenomenon that dates back to ancient Greece, when poets began the practice of re-reading myths, with the freedom to modify them and introduce innovations. Similarly, Northeastern poets, by adapting canonical narratives to the popular verses of the leaflets, assumed the role of translators of a literary tradition that is now written in a language closer to the people. Thus, this article discusses the presence of the Romeo and Juliet intertext in northeastern leaflets, incorporating adaptations from the source texts. Reading the texts establishes a comparison with the intertexts of this forbidden love in the cordel booklets of Joo Martins de Athayde, Maria Ilza Bezerra, Sebastio Marinho and Stlio Torquato Lima, based on the ideas of Abreu (2004), Hutcheon (2013), Kristeva (2005), Rougemont (1988), among others. An evaluation of the construction of the plot of Romeo and Juliet in the literary tradition is made, with a view to realizing in the adaptations for the Northeastern flyers, their divergences and similarities, understanding that the adaptations are not copies, but function as distinct productions, assuming important social functions in the context of the target culture, mainly that of socializing a universal text for the local culture.  

Keywords: Forbidden love; Romeo and Juliet; Literature; Cordel booklets.

 

 

Introduo

 

A histria de Romeu e Julieta conhecida como a grande narrativa ocidental do amor romntico e retrata o sentimento puro de afeio entre dois jovens de famlias rivais que se apaixonam e pem em xeque a tradio de dio entre suas famlias. Embora seja conhecida muito mais pela pea de Shakespeare, a construo dessa histria ocorreu ao longo de vrios sculos at tomar a forma proposta pelo bardo ingls. Entretanto, as adaptaes do enredo no se encerraram na literatura inglesa, pois continuam sendo (re)elaboradas atravs de recontos que so apresentados ao pblico em diferentes suportes e linguagens.

Entre esses recontos encontram-se as adaptaes elaboradas por cordelistas nordestinos, os quais tambm se interessaram pela temtica da histria desses amantes, sobretudo pelo aspecto de contrariedade da realizao amorosa. Em um processo de recorte, inveno e adaptao, estes tradutores do povo colocaram no papel o produto de suas leituras, adaptando a trama ao contexto da regio e linguagem de seu pblico leitor.

 

 

Romeu e Julieta e a temtica do sofrimento amoroso

 

A palavra amor um substantivo cuja definio evoca conceitos diversos, seja devido diversidade do objeto a quem o dirigimos, ou mesmo devido s intenes de quem o experimenta. O verbo amar, seu derivado, pode designar, no uso cotidiano, desde o sentimento de afeio por um familiar, um carinho fraterno, ou mesmo a atrao ertica. A literatura se apropriou deste sentimento como tema de suas produes artsticas porque, enquanto manifestao do fazer humano, a arte reflete nossas experincias.

A clssica histria de Romeu e Julieta remonta a uma tradio literria que tematiza o amor a partir de suas contrariedades, sendo herdeira de diversos enredos cuja trama culmina na morte dos amantes, sob a gide de que Ҏ melhor morrer do que no amar. Na tradio latina, temos cincia do poema Pramo e Tisbe, de Ovdio, publicado na sua Metamorfoses, uma histria que se acredita fazer parte do conjunto de narrativas que inspiraram a composio romejulietiana[25].

Esse mito latino explica a cor avermelhada da amora em face de que, perante uma amoreira plantada junto ao sepulcro do rei Nine, matou-se pelo amor um casal de jovens apaixonados. Os jovens so vizinhos na Babilnia, se apaixonam e fazem votos de casar, mas os seus pais probem o enlace amoroso, impedindo-os at de conversarem. Diante disso, trocam apenas gestos e olhares, at descobrirem uma fenda no muro de suas casas, por onde secretamente trocam declaraes de amor e sentem o hlito um do outro. Ento, pela fenda, os amantes marcam um encontro noturno no sepulcro do rei Nino. Tisbe chegou primeiro, mas acabou se escondendo numa gruta prxima diante da chegada de uma leoa ainda com o sangue da presa na boca, em direo fonte para saciar sua sede. A fera rasgou o leno cado da jovem, deixando-o embebecido de sangue. Ao chegar na fonte, Pramo entendeu que sua amada teria sido tragada por uma fera e resolveu tirar sua prpria vida com sua espada, culpando-se da morte de Tisbe. Por sua vez, chegando junto amoreira, estranhando a mudana na cor da amora que, de branca se tornara escura como o sangue, gritou ao ver o corpo de Pramo. Desesperada, a jovem decide tambm se juntar na morte ao seu amado, conforme registra Ovdio (2016, p.120):

Teu amor, tua mo te ho dado a morte!
Eu tambm tenho mos (exclama a triste),
Eu tambm tenho amor capaz de extremos,
Que esforo me dar para seguir-te.
Sim, eu te seguirei, serei chamada
Da tua desventura a causa, a scia.
Ai! S podia a morte separar-nos...
Mas no, nem ela mesma nos separa.
vs, dai terno ouvido s preces de ambos,
Mseros pais de mseros amantes,
Que une por lei do Fado Amor, e a Morte;
Deixai que o mesmo tmulo os encerre.

E tu, rvore, tu, que ests cobrindo
Agora um s cadver miserando,
Logo dois cobrirs. Sinais conserva
Da tragdia que vs, e por teus frutos
Difunde sempre a cor de luto, e mgoa,
Monumento fatal do negro caso.

            A composio dramtica do poema constri um clima de sensibilidade e pureza entre os amantes, despertando no leitor a compreenso de que, em face do impossvel, quando contrariado, o puro amor no teme e prefere a morte. De tristeza, os alvos frutos da amoreira se tornaram rubros de negra cor, umedecidos pelo sangue dos amantes para nunca mais serem como antes. Finalmente, os pais do casal aceitam reunir as cinzas dos dois numa mesma urna e, apenas na morte, o casal termina junto.

            Encontra-se, pois, estabelecido o enredo que passa a se caracterizar pela composio dos seguintes elementos: jovens apaixonados; oposio do amor dos familiares; ruptura entre a proibio parental; estratgia dos amantes em romper a separao; aparente morte de um dos amantes; suicdio do sobrevivente; consequente suicdio do amante aparentemente morto. Em todos os casos, o derramamento do prprio sangue caracteriza a expresso dos amantes, pois viver sem amor a pior de todas as tragdias.

No Oriente, a histria de Laila e Kais (Laila e Majnun), uma lenda popular rabe de tradio oral que remonta ao sculo VII, foi registrada em mais de oito mil versos, pelo poeta Nizami em 1188, por encomenda do soberano Shirvanshah. A trama conta sobre a paixo proibida de dois jovens, as aflies da separao e a consequente dor da perda. Essa histria de amor da literatura persa foi amplamente utilizada como fonte de inspirao por escritores ao longo dos sculos, fazendo parte do conjunto de histrias clssicas de amores condenados que estabelecem relao com o enredo de Romeu e Julieta.

Seguindo a tradio temtica do sofrimento amoroso, na Idade Mdia, sobretudo na pena dos trovadores, a ideia do amor corts se revelava como a contemplao de um objeto superior, perante quem o poeta se submete, numa condio de vassalagem, experimentando o prazer de amar e sofrer. Acerca disso, Rougemont (1988, p. 63) escreve:

Que a poesia dos trovadores? A exaltao do amor infeliz. Em toda a lrica e na lrica de Petrarca e Dante h somente um tema: o amor; no o amor feliz, pleno ou satisfeito (esse espetculo nada pode engendrar), mas, ao contrrio, o amor perpetuamente insatisfeito; enfim, h apenas dois personagens: o poeta, que oitocentas, novecentas ou mil vezes repete seu lamento, e uma bela, que sempre diz no.

Observemos que as tramas com o tema do sofrer por amor possuem exatamente em seus conflitos a razo de ser da histria, pois os autores encontrados no representam necessariamente algo objetivamente insuportvel, mas os entes renunciam em nome da felicidade. Assim, o tema das narrativas de amor contrariado exatamente a separao dos amantes, mas em nome da paixo e do amor que lhes atormenta, razo pela qual esse sentimento exaltado e transfigurado, mesmo em prejuzo da felicidade e da prpria vida. As tramas de amor contrariado, ento, retratam amores correspondidos que enfrentam dificuldades para se concretizarem. Konder (2007, p.119) destaca, remetendo-se a Agnes Heller que, na obra Shakespeare, os amores so sempre correspondidos. O estudioso, contudo, destaca que, ao longo da produo shakespeariana,

[...] estavam sendo criadas novas condies histricas, nas quais a abertura para o dilogo no podia ficar limitada a algo visvel e tinha de admitir a legitimidade da suspeita do corao na relao com os outros, no confronto da minha subjetividade com a subjetividade deles. Nem os que amavam, nem os que queriam entender o que era o amor podiam recorrer a esquemas fatalistas. O amor, em especial, passava a exigir a participao efetiva dos sujeitos diferentes, movendo-se dos dois lados; ele passava a exigir o espao necessrio para que cada sujeito pudesse fazer suas opes, tomar suas iniciativas.

Rougemont v em Romeu e Julieta, de Shakespeare, a tragdia corts que representa a mais bela ressurreio do mito de Tristo e Isolda, ainda anterior adaptao da pea de Wagner. O estudioso desconsidera, contudo,  que a composio da pea shakespeariana possui trs verses italianas: Il Novellino, de Masuccio Salernitano, de 1476, com a novela 33, que descreve a histria de Mariotto e Giannozza, dois jovens amantes da nobreza, cujo amor proibido pelo dio de suas famlias; Historia novellamente ritroata di due nobili amanti, de Luigi da Porto, de 1530, com traos romejulietianos, pois a trama ocorre em Verona, as famlias so chamadas de Montecchi e Cappelletti, divergindo no fato de que a moa se apaixona primeiro e mais oferecida; Romeo e Giulietta, escrita em 1554 por Matteo Bandello, bispo e poeta do sculo XVI, compondo um conjunto de novelas, cuja escrita se enquadra no que atualmente denominamos conto, visto que o texto original possui uma escrita corrida, numa narrativa curta de nico clmax e desfecho.

Na Inglaterra, Shakespeare tambm no foi o primeiro a adaptar a narrativa romejulietiana, pois, em 1559, Arthur Brooke publicou um longo poema com 3020 versos, intitulado A trgica histria de Romeu e Julieta. A pea de Shakespeare aproveita deste poema a trama da tragdia e informaes sobre a Itlia e os hbitos culturais e sociais do pas. Entretanto, faz mudanas que ultrapassam a transmutao do enredo, pois Brooke estabelecia um axioma moralizante de que a desobedincia dos amantes teria sido a causa de sua tragdia, mas o dramaturgo ingls retira a responsabilidade deles e transfere para o dio das duas famlias. Heliodora (2014, p.98) argumenta:

Copiando a trama muito fielmente de um poema moralizante do ingls Arthur Brooke, que tivera imenso sucesso, em vez de condenar os dois jovens pelo imperdovel pecado de desobedincia aos pais, Shakespeare os faz vtimas da luta entre suas famlias, e escreve no apenas uma grande histria de amor como tambm uma grave denncia contra a guerra civil, ilustradas na pea por meio do conflito entre os Montquio e os Capuleto.

Outra diferena na composio est associada durao dos fatos, pois Shakespeare compe a ao em cinco dias – do conhecimento do casal ao suicdio, ao passo que, no poema de Brook, o casal permanece casado por seis meses. Quando a verso de Shakespeare (2017) comparada com a de Bandello (2012), possvel perceber tambm significativas distines: no desfecho da novela, Romeu se suicida com veneno e a jovem apela para a morte e morre repentinamente de dor; por sua vez, na pea shakespeariana, Romeu se envenena e a jovem se suicida com o punhal do seu amante, aproximando-se da teia significante de Pramo e Tisbe. Ao final, tanto Shakespeare quanto Bandello informam da reconciliao das famlias, sendo que a novela bandelliana prev que tal paz no durou muito tempo depois. A verso shakespeariana concebe um final de paz duradoura e a fala do prncipe de Verona culpa o dio das famlias e a condescendncia do poder do Estado.

            A seguir, ento, examinaremos o modo como o romanceiro nordestino se apropriou do enredo romejulietiano, oferecendo uma nova composio adaptada ao cordel.

 

 

Adaptaes de Romeu e Julieta para os cordis nordestinos

 

Na Grcia antiga, os poetas realizavam releitura dos mitos, com a liberdade de modific-los. Sfocles, por exemplo, entre outras mudanas, altera o nome da me de dipo, introduz a enigmtica esfinge e a peste. Essas inovaes eram adaptaes que chamavam a ateno do pblico, sem a preocupao de fidelidade total ao texto-fonte. Linda Hutcheon (2013, p. 23-24) diz que os adaptadores narram histrias ao seu prprio modo, asseverando que:

Eles utilizam as mesmas ferramentas que os contadores de histrias sempre utilizaram, ou seja, eles tornam as ideias concretas ou reais, fazem selees que no apenas simplificam, como tambm ampliam e vo alm, fazem analogias, criticam ou mostram seu respeito, e assim por diante. As histrias que contam, entretanto, so tomadas de outros lugares, e no inteiramente inventadas. Tal como as pardias, as adaptaes tm uma relao declarada e definitiva com textos anteriores, geralmente chamados de fontes; diferentemente das pardias, todavia, elas costumam anunciar abertamente tal relao

Adaptar um texto significa traduzi-lo para um suporte, gnero ou linguagem diferente. A depreciao que ainda nutrimos pelas adaptaes produto da valorizao romntica da originalidade e do gnio criativo, bem como do prprio apego que fs tm pela fidelidade s fontes. Contudo, as adaptaes so fundamentais cultura ocidental, de modo que as histrias so sempre recontadas por suportes diferentes. Hutcheon (2013, p. 27) afirma:

Trabalhar com adaptaes significa pens-las como obras inerentemente palimpsestuosas [...] assombradas a todo instante pelos textos adaptados. Se conhecemos esse texto anterior, sentimos constantemente sua presena pairando sobre aquele que estamos experienciando diretamente. Quando dizemos que a obra uma adaptao, anunciamos abertamente sua relao declarada com outra(s) obra(s). isso que Grard Genette (1982, p. 5) entende por um texto em segundo grau, criado e ento recebido em conexo com um texto anterior. Eis o motivo pelo qual os estudos de adaptao so frequentemente estudos comparados.

assim que o enredo romejulietiano chega ao Nordeste do Brasil na pena de cordelistas que assumem o papel de contar para o povo a clssica histria de amor adaptada nos versos dos folhetos. Ao menos quatro cordis nordestinos realizaram adaptaes da narrativa de Romeu e Julieta, em tempos diferentes, sob os seguintes ttulos: Romance de Romeu e Julieta (1975), atribudo a Joo Martins de Athayde (Paraba); Romeu e Julieta (2001), de Maria Ilza Bezerra (Piau); Romeu e Julieta em cordel (2011), de Sebastio Marinho (Paraba); Romeu e Julieta: William Shakeaspere (2012), de Stlio Torquato Lima (Cear). A recepo no Nordeste do enredo de amor contrariado lembra os diversos casos no locus sertanejo de conflitos familiares com numerosas mortes.

Assim como Shakespeare, Bandello e tantos outros foram adaptadores, os poetas populares assumem esse compromisso, trazendo para o verso as narrativas de outros, fazendo referncia ou no s fontes de sua composio. Ariano Suassuna (1973 apud SUASSUNA, 2012, p.176) comenta esse papel do cantador nordestino:

O cantador nordestino no se detm absolutamente diante dessas consideraes: apropria-se tranquilamente dos filmes, peas de teatro, notcias de jornal e mesmo dos folhetos dos outros. Que importa o comeo, se, no final, a obra sua? Ele, depois de tudo, acrescentou duas ou trs cenas, torceu o sentido de trs ou quatro outras, de modo que a obra resultante nova. No era assim que procediam Moilire, Shakespeare, Homero e Cervantes? [...] Os cantadores procedem do mesmo jeito. H mesmo, uma palavra que entre eles, indica o fato, o verbo versar, que significa colocar em verso a histria em prosa de outro. Quando Shakespeare escreveu Romeu e Julieta no fez mais do que versar as crnicas italianas de Luigi Dal Porto e Bandello.

Tradicionalmente, os cordis se apresentam mais atrativos do que os textos em prosa para o pblico leitor por serem escritos em versos compostos num padro que favorece as leituras coletivas em voz alta, pois, conforme Abreu (2004), fazendo referncia s palavras do poeta Manoel dAlmeida Filho, o povo nordestino se acostumou a ler o verso como quem canta.

Ainda segundo essa autora, as adaptaes de textos clssicos realizadas pela literatura de cordel no ocorrem aleatoriamente, mas seguem um certo padro que caracteriza a composio e a recepo dos folhetos. H um certo padro no processo de adaptao dos textos eruditos, pois, de modo geral, os cordelistas escolhem narrativas que sejam prximas do que se convencionou denominar romances de cordel, um subgnero de folheto nordestino com 24 ou mais pginas, com narrativas ficcionais, tematizadas entre o amor e a luta, privilegiando histrias semelhantes s narrativas tradicionais da literatura popular.

Os folhetos nordestinos, publicados desde a segunda metade do sc. XIX tornaram os homens pobres na posio de autores, leitores, editores e crticos de composies poticas, envolvendo pessoas simples no mundo das letras, pelo vis da composio e recepo dos versos. Foi assim que Romeu e Julieta, como diversas outras narrativas cannicas, chegaram ao Nordeste, pelo vis da recepo dos cordelistas, como destaca Abreu (2004, p. 200):

A distino entre a composio e a recepo de folhetos nordestinos e a produo e a leitura de obras literrias eruditas fica clara quando se examinam verses para folheto de narrativas eruditas, fato relativamente comum no interior da literatura de folhetos, em que h verses de A Escrava Isaura, de Bernardo Guimares, de Ubirajara, Iracema, A Viuvinha, de Jos de Alencar, de Amor de Perdio, de Camilo Castelo Branco, de Paulo e Virgnia, de Bernardin de Saint Pierre, de Romeu e Julieta, de Shakespeare, de O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas, para citar apenas alguns exemplos.

Segundo Abreu (2004), a recepo e nova composio dos poetas leva em conta a seleo de narrativas eruditas com enredos, cujo tema central envolve, basicamente, o amor e a luta, variando entre os trs ncleos temticos seguintes: mulheres virtuosas perseguidas por perversos apaixonados; amores contrariados; e enfrentamentos entre poderosos e valentes. As adaptaes romejulietianas se enquadram, certamente, nos romances de amor contrariado.

Ademais, a estudiosa afirma que a seleo e adaptao dos textos cannicos para o cordel segue os seguintes critrios: semelhana de enredo com os romances tradicionais dos folhetos; transposio da prosa para o verso setisslabos (padro dos folhetos); adequao da sintaxe e do lxico; desembaraamento da trama com a reestruturao do enredo, reduzindo personagens e aes; caracterizao sucinta das personagens com poucos atributos fsicos e morais, basicamente para identific-las no enredo como boas ou ms, viles ou heris, etc.; por vezes, faz-se a alterao do enredo para adequar ao final dos paradigmas do cordel, qual seja, a felicidade dos apaixonados; apresentao dos sentimentos mais por aes do que por descries. Alm disso, geralmente, os folhetos privilegiam o tipo de narrador-onisciente, com o papel preponderante de interpretar as atitudes dos personagens e fazer juzo de valor tico e moral, pois as histrias tm um carter exemplar.

Semelhantemente, os quatro cordis romejulietianos constroem a narrativa de forma lrica, de modo que possvel reconhecer os aspectos destacados por Abreu (2004). Quando comparados, percebemos que os cordis possuem um enredo cuja estrutura bsica pode ser resumida assim: inimizade entre as proles; amor ingnuo entre os filhos dos patriarcas; a igreja como medianeira na reconciliao; casamento secreto entre os namorados/rivais; morte do primo de Julieta; exlio de Romeu; acordo secreto da morte de Julieta; m comunicao com Romeu; morte do conde Pris; suicdio dos jovens.

 

 

Cordis nordestinos: intertextos de Romeu e Julieta

 

A produo literria dialoga com outras produes artsticas, culturais e do prprio universo da literatura. Kristeva (2005) v o texto como um mosaico de citaes, retomando sempre outros textos, seja pela vinculao, a retomada explcita, um ato legtimo ou a ilegalidade do plgio.

A intertextualidade admite a formao de uma grande rede de textos que sempre retoma produes anteriores, cujos fios se encontram com outros, formando um grande mosaico caleidoscpico e multidimensional. Assim, a criao artstica tanto individual como coletiva, pois a memria do artista tambm se compe de citaes, lembranas e esquecimentos involuntrios ou no.

Os quatro cordis romejulietianos dialogam intertextualmente com a tradio europeia da qual so herdeiros, mas, ao faz-lo, reconstroem o prototexto original, adaptando ao novo contexto de produo. Tal processo de reescritura muito mais percebido sob a pena do cordel mais antigo de Athayde, devido ao seu vnculo com a tradio amparada na cultura de conflitos parentais do incio do sculo XX no serto nordestino.

Do ponto de vista do suporte, Athayde e Ilza Bezerra, mantm a publicao no modelo tipogrfico do folheto de cordel. Por outro lado, os cordis de Marinho e Lima foram publicados em livros por editoras de divulgao nacional, respectivamente, a Nova Alexandria e o Armazm da Cultura.

Quanto fonte de adaptao, os trs cordis recentes de Bezerra, Lima e Marinho apresentam-se claramente identificados com a pea de William Shakespeare[26], conforme se pode perceber, a seguir:

Vasculhando alfarrbios

Desbotados na gaveta,

Deparei-me com a obra

Maior de todo planeta:

a shakespeariana

De Romeu e Julieta (MARINHO, 2011, p.13)

 

Atravs desta histria

Resgatarei a leitura

De um drama muito antigo,

Famoso em sua candura,

Porque o cordel arte

E valoriza a cultura.

As personagens do drama

Comoveram muita gente

Por mostrar um grande amor

Profundo e contundente,

Criadas por Shakespeare

Pra se amar eternamente (BEZERRA, 2011, p.1)

 

No h em todo o planeta

Algo que vena o amor,

Que belo qual borboleta,

Forte qual mar em furor.

o que mostra a historieta

De Romeu e Julieta.

Shakespeare seu autor. (LIMA, 2012, p.70)

            No caso do cordel de Athayde, no encontramos nenhuma indicao textual que relacione o texto com a obra de Shakespeare. Todavia, desde que Ariano Suassuna (2018) adaptou o cordel de Athayde para sua pea A histria do Amor de Romeu e Julieta: imitao Brasileira de Matteo Bandello, referenciou, pelo prprio ttulo, o conto italiano como sendo a fonte usada por Athayde. O texto de Athayde, porm, no nos permite ter tanta certeza disso, embora possamos inferir, pelas duas primeiras sextilhas, que o autor tenha conhecido a histria atravs do cinema ou de alguma encenao teatral:

Vou  contar  neste  romance

a  desdita  de  Romeu

na  sua  curta  existncia

de  tudo  que  padeceu

foi a lenda mais tocante

que  a  nossa  imprensa  escreveu

Essa  histria    conhecida

em  quase  toda  nao

no teatro e no cinema

tem  causado  sensao

deixando  amarga  lembrana

no mais brutal corao. (ATHAYDE, 1975, p.1)

            A poesia de Athayde estabelece uma teia intertextual produtiva que ultrapassa os limites da linguagem verbal dos textos fundantes e chega a outros universos semiticos, visto que o prprio poeta admite que esta histria j foi traduzida para outras mdias, como o teatro e o cinema, e j Ҏ conhecida em quase toda nao.

Athayde (1975) incorpora alteraes significativas, como o juzo de valor negativo para a famlia Capuleto (raa tirana), em detrimento descrio positiva da famlia Montquio (famlia honesta e humana). Assim, esta representa o bem e a honra, valores exaltados na tica nordestina, enquanto aquela retrata a impiedade e o autoritarismo.

No conto de Bandello, no h essa dicotomia moralista retratada no romanceiro popular, de modo que um amigo de Romeu, embora reconhea o afeto de Montquio pelo filho, descreve a sua dureza e apego aos bens materiais: [...] voc – deixe-me ser sincero – corts, virtuoso, amvel e de boa cultura, o que muito valoriza sua juventude. Alm disso, nico filho de um pai cuja grande riqueza de todos conhecida; possvel que ele seja avaro e o repreenda se voc esbanja os seus dotes (BANDELLO, 2012, p.19).

            O enredo athaydiano desenvolve o conflito das duas famlias, acrescentando uma tragdia no apresentada em nenhuma das tradies romejulietianas. No cordel, Montquio foi preso por Capuleto e assistiu o assassinato brutal de sua esposa, que ainda tinha Romeu nos braos. A composio deste conflito aumenta o drama, pois no houve qualquer misericrdia do tirano Capuleto:

Montequio inda pediu

mas ele no atendeu,

disse o duque a um carrasco

esse logo obedeceu

dos braos da propria me,

foi arrancado Romeu. [...]

Ali tirou um punhal

Que na cinta carregava

Cravou-o no peito da jovem

Dizendo: eu bem que jurava;

O punhal ia rangindo

Com a fora que ele botava

Disse ela: senhor duque

seu corao perverso

tenha d do meu filhinho

que ainda fica no bero;

ele calcou no punhal

que sumiu-se at no tero (ATHAYDE, 1975, p.4-5)[27]

            Na continuidade da narrativa, Montquio retira o punhal da esposa e jura que seu filho haver de vingar-se do algoz inimigo. Como se no bastasse o assassinato a mo armada, Capuleto arrastou pela cidade o corpo da esposa de Montquio e mandou jog-la no mar, privando-lhe at de um enterro digno.

Alm disso, a presena de Romeu no baile de mscaras da famlia Capuleto retratada de forma diferente. No conto, Romeu reconhecido e tolerado sem troca de ofensas, sobretudo por ser muito jovem. Na verso de Athayde, o jovem Montquio comparece com o punhal para vingar-se, conforme incumbncia do pai. Entretanto, ao se apaixonar por Julieta, Romeu obrigado a fazer uma escolha entre o amor de seu pai e o da jovem Capuleto, numa tenso cuja escolha pesa a balana contra o cdigo de tica nordestino, conforme descreve o poeta:

Por fim falou o mancebo:

escuta, loura criana

do castelo do meu pai

vim tomar uma vingana;

e arrastando um punhal

aos ps da moa lhe lana

Diante a tua beleza

eu sinto o peito chagado

pelos teus olhos azuis

tornei-me escravizado

e te confesso sem pejo

Por ti, vivo apaixonado

Teu pai matou minha me

Quando eu era pequenino,

E eu ving-lo jurei

Mas a fora do destino

Fez com que tudo acabasse

Ante o teu porte divino

Serei perjuro e jamais

Ao meu pas voltarei

Aos teus ps palida imagem

Como escravo viverei

Juro-te em nome dos cus

Que junto a ti morrerei (ATHAYDE, 1975, p.15,16)

            A deciso de Romeu est tomada e no h retorno, razo pela qual o cordelista emite seu parecer, apresentando um juzo de valor com base na tica sertaneja para a qual a desonra famlia uma atitude imperdovel e, diante da qual, o eu lrico esquece a abnegao dos jovens apaixonados e execra:

 

Quem possui este romance

conhece bem o que leu,

a esposa de Montequio

em que condio morreu

tambm conhece a misria,

e covardia de Romeu. [...]

Romeu fez como saguim

que se ilude com careta

bastou ver no peito dela

um ramo de violeta

foi perguntar logo seu nome

lhe dissera; Julieta

Nas condies que ele estava

no tinha mais um rodeio

era vingar-se de tudo

fingindo como um passeio

no tinha o que perguntar

quem bonito nem feio

Mas ele no fez assim

depois que se achou na sala

viu Julieta danando

fez tudo pra namor-la

inda ela sendo uma deusa

ela devera odi-la

Romeu foi falso a seu pai

por isto teve castigo

como faltou-lhe a coragem

para enfrentar o perigo

casou-se com a prpria filha

do seu fatal inimigo (ATHAYDE, 1975, p.30,31)

O enredo athaydiano construiu a imagem de um Montquio vitimado para, ao final, emitir um juzo de valor sobre a tomada de atitude de Romeu ao renunciar a vingana em nome do amor filha do inimigo. A composio de cordelista certamente considera o silncio que o enredo bandelliano realiza em relao esposa de Montquio, pois, no conto, a famlia Capuleto composta por um casal e a sua filha, mas isso no sucede na famlia Montquio, em que apenas o pai e o filho so retratados. Certamente, essa uma das razes porque Bandello tido como fonte de Athayde e no Shakespeare, para quem a me de Romeu morreu devido ao seu exlio em Mntua.

Na verso de Athayde, Romeu no apresentado como um heri, assim como acontece nas verses clssicas ou mesmo no romanceiro popular dos outros cordis. Aqui, ele tratado como um traidor dos seus progenitores, algum que renegou o seu sangue. No dizer de Oliveira (2019, p.1003), o cordel assumindo o papel de correia transmissora de alguns valores culturais nordestinos. O estabelecimento de uma moral no plena novidade dos romances nordestinos, pois, conforme Oliveira (2019, p.998), os autores europeus j o faziam:

Brooke pregava em seu poema que a desobedincia de Julieta foi a causa deflagradora da tragdia dos dois jovens, uma vez que Julieta no quis ouvir os conselhos da me. Com seu poema, Brooke deixa para os jovens a lio de que o ato de no obedecer s ordens dos pais pode gerar consequncias amargas e irreversveis. Esse tom moralizante foi relutado por Shakespeare em sua pea que retirou a responsabilidade da tragdia das mos de Julieta, transferindo-a para as duas famlias nobres e o seu eterno dio.

No cordel de Lima (2012), a moral da narrativa pronunciada no incio e no final do cordel, exaltando o poder do amor que une o casal na morte e pacifica a relao entras famlias rivais:

No h em todo o planeta

Algo que vena o amor,

Que belo qual borboleta, 

Forte qual mar em furor.

o que mostra a historieta

De Romeu e Julieta.

Shakespeare seu autor. [...]

Mas, no fim, o amor ganhou

pois o dio ali morreu

E a verdade floresceu

Mesmo sendo borboleta,

Nenhuma fora excedeu

Ao amor, neste planeta

Diz Shakespeare, no eu,

Na histria que escreveu

De Romeu e Julieta. (LIMA, 2012, p.70,74).

Na narrativa de Bezerra (2011), a moral aparece tambm no final do romance, enfatizando as consequncias do dio e o modo como a paz selou-se:

E a que ponto chega o dio

Ficou marcado no instante.

A Maldio teve o fim

Selou-se a paz doravante.

Isto serviu de lio. (BEZERRA, 2011, p.31)

O tempo da narrativa semelhante em todos os cordis, tal como em Shakespeare cuja ao transcorre num perodo de cinco dias, quando os jovens se conhecem, se casam, consumam o amor, Romeu foge e acabam se encontrando no sepulcro com a morte.

No cordel de Lima (2012), o casal se conhece na festa, com Romeu mascarado e oculto, resolvem se casar e a morte de Teobaldo no desenvolvida, como um elemento da composio que potencializou o conflito das famlias, apenas exilando Romeu, sem qualquer comprometimento de Julieta. Nos folhetos de Bezerra (2011) e de Marinho (2011), por outro lado, Romeu reconhecido por Teobaldo no baile de mscaras, mas Capuleto reconhece a virtude do jovem Montquio e tolera sua presena, orientando o sobrinho a nada fazer, tendo em vista que o rapaz se mostrava virtuoso e educado. Em todos os cordis, Romeu mata Teobaldo apenas aps a provocao deste, que chega a matar Mercrio, amigo do jovem Montquio.

Entretanto, apenas os cordis de Bezerra (2011) e de Marinho (2011) desenvolvem o drama de Julieta entre o primo morto e o marido exilado, exaltando ainda mais a natureza do conflito familiar e desencadeando a angstia da moa. Na verso de Bezerra (2011), a senhora Capuleto, relacionava o sofrimento de Julieta morte do Teobaldo, e promete que Romeu pagaria, sem saber, contudo, que a jovem chorava pela saudade do seu esposo.

Somente no cordel de Marinho (2011), aparece a senhora Montquio, apelando ao prncipe para no estabelecer a pena capital a Romeu devido morte de Teobaldo, tal como requeria a senhora Capuleto. Tal construo estabelece uma forte distino do carter narrativo de Athayde, para quem a morte da senhora Montquio no incio do folheto elemento fundamental do conflito entre os rivais.

Cabe ainda registrar que as ltimas estrofes dos cordis de Bezerra e Marinho encerram em forma de acrstico, um carimbo de autoria caracterstico do cordel.

 

 

Consideraes finais

 

talo Calvino (1993, p.11) define um clssico como um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer. No que pese a diversidade de reescrituras de Romeu e Julieta, possvel consider-lo o grande enredo do ocidente, com o qual qualquer narrativa de amor proibido ser sempre comparada. Sendo assim, no de se estranhar que os poetas populares tenham encontrado razes para traduzir Romeu e Julieta para o cordel.

Enfatizamos, porm, que as adaptaes dos cordis demonstram a liberdade dos autores em contar ao seu modo a trama. Contudo, do ponto de vista do enredo, foi possvel perceber muito mais liberdade no texto de Athayde, sobretudo pela incorporao de fatos e temas que permitem a identificao do pblico leitor dos folhetos com o texto. Entretanto, no se percebe o mesmo processo criativo nos demais textos aqui estudados, que se mostram mais propensos a cristalizar a histria de Shakespeare.

 

 

Referncias

 

ABREU, Mrcia. Ento se Forma a Histria Bonita - Relaes entre Folhetos de Cordel e Literatura Erudita. Horizontes Antropolgicos, Porto Alegre, ano 10, n. 22, p. 199-218, jul./dez. 2004. Disponvel em: <http://www.scielo.br/j/ha/a/QL9WD9 8KHC5wQFZY7CZ6LMK/?lang=pt.> Acesso em: 27 maio 2021.

 

ATHAYDE, Joo Martins de. Romance de Romeu e Julieta. Juazeiro do Norte: Joo Martins de Athayde, 1975.

 

BANDELLO, Matteo. Romeu e Julieta. So Paulo: Paulus, 2012.

 

BEZERRA, Maria Ilza. Romeu e Julieta. 3. ed. So Paulo: Editora Luzeiro Ltda., 2011.

 

CALVINO, Italo. Por que ler os clssicos. So Paulo: Companhia das Letras, 1993.

 

HELIODORA, Barbara. Shakespeare: o que as peas contam: tudo o que voc precisa saber para descobrir e amar a obra do maior dramaturgo de todos os tempos. Rio de Janeiro: Edies de Janeiro, 2014.

 

HUTCHEON, Linda. Uma teoria da adaptao. Florianplis: UFSC, 2013.

 

KONDER, Leandro. Sobre o amor. So Paulo: Boitempo, 2007.

 

KRISTEVA, Julia. Introduo semanlise. 2. ed. So Paulo: Perspectiva, 2005.

 

LIMA, Stlio Torquato. Primas em cordel: verses rimadas de 12 clssicos da literatura universal. Fortaleza: Armazm da Cultura, 2012.

 

MARINHO, Sebastio. Romeu e Julieta em Cordel. So Paulo: Nova Alexandria, 2011.

 

NIZAMI , Laila e Majnun: A Clssica histria de amor da literatura persa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar editor, 2003.

 

OLIVEIRA, Elins de A. V. e. Romeu e Julieta na Histria da Literatura Ocidental. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2019. Disponvel em: <https://editora.pucrs.br/edipucrs/acessolivre/ Ebooks/Web/978-85-397-0198-8/Trabalhos/29.pdf> Acesso em: 06 ago. 2021

 

OVDIO, Pblio Naso. Metamorfoses. Porto Alegre: Concreta, 2016.

 

ROUGEMONT, Denis de. O amor e o Ocidente. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1988.

SHAKESPEARE, William. Romeu e Julieta. So Paulo: Peixoto Neto, 2017.

 

SUASSUNA, Ariano. A histria de amor de Romeu e Julieta. In: ______. Teatro Completo de Ariano Suasuna: entremezes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2018. v.3.

 

SUASSUNA, Ariano. A compadecida e o romanceiro nordestino. In: ______. Almanaque Armorial. 3. ed. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 2012.

 

 

[Recebido: 16 ago 21- Aceito: 16 set 21]



[23] Doutorando em Linguagem e Ensino pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).  Mestre em Literatura e Interculturalidade pela Universidade Estadual da Paraba (2011). Professor efetivo do Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia da Paraba (IFPB).  Contato: prweberalves@gmail.com

[24] Doutora em Letras pela Universidade Federal da Paraba (2005) e Ps-doutorado na rea de Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (2007). Atualmente, professora Associada da Universidade Federal de Campina Grande (UAEF/PPGCF/PPGLE/UFCG).. Contato: naelzanobrega@gmail.com

[25] Utilizaremos esse neologismo para se referir trama de Romeu e Julieta, considerando as mais diversas obras medievais que remontam ao mesmo enredo.

[26] A preocupao em contar a verso do autor, certamente justifica a pouca modificao no enredo por estes autores.

[27] Foi preservada a escrita original dos cordis.