Poticas Orais, corpo-memria e o ritmo das narrativas de mestres e mestras contadores de histrias tradicionais

 

 

Oral Poetics, memory-body and the rhythm from narratives of masters storytellers of traditional stories

 

 

Luciene Souza Santos[97]

https://orcid.org/0000-0002-6751-1070

 

Margarida da Silveira Corsi[98]

https://orcid.org/0000-0002-5216-8660

 

Lana Lula Amorim[99]

https://orcid.org/0000-0003-3784-4357

 

 

Resumo: O presente artigo versa sobre a literatura oral e a sua relao com a memria, por meio da voz de mestres e mestras da tradio, guardies da arte de contar histrias. A memria aqui apresentada nasce das vivncias e necessidades de comunidades que tambm as transmitem entre geraes. Uma memria passvel de sofrer mudanas geradas pelo tempo e pelas mltiplas vozes que a transmitem de um ouvido a outro, de um espao-tempo a outro. O texto reflete ainda sobre a importncia do corpo enquanto lugar de memria, engendrado em seus ritos, rituais e narrativas e compreende a literatura oral sob novas perspectivas paradigmticas e epistemolgicas. Por fim, esse trabalho tem seu foco tambm na compreenso de que escutando os contadores de histrias, com suas narrativas de vida e contos de tradio que a leitura da palavra, compreendida aqui como palavra no mundo e com o mundo, que a transmisso de saberes pelas vias da oralidade acontece. Esses mestres e mestras carregam consigo o papel de salvaguardar e dar movimento s memrias histricas e saberes coletivos, construindo as culturas e rompendo as lacunas, que ainda existem, entre o passado e o presente, entre a escrita e a oralidade.

Palavras-chave: Poticas orais. Corpo-memria. Contadores de histrias tradicionais.

 

 

Abstract: This article argues about oral literature and its relation with memory through the voice of tradition masters, guardians of the storytelling art. The memory presented here arises from the experiences and needs of communities that also transmit them among generations. A memory liable to undergo changes generated by time and by the multiple voices that transmit it from one ear to another, from one space-time to another. The text also reflects about the importance of the body as a place of memory, engendered in its rites, rituals and narratives and comprises oral literature under new paradigmatic and epistemological perspectives. Finally, this work also focuses on understanding that it is listening to storytellers with their life narratives and traditional talesthat the reading word, understood here as the word in the world and with the world, that the knowledge transmission through oral routes happens. These masters has the important role of safeguarding and movementing historical memories and collective knowledge, building cultures and bridging the gaps that still exists, between the past and the present, between writing and orality.

Keywords: Oral Poetics; Memory-body; Traditional storytellers.

 

 

O papel da memria enquanto resultado do entrelaamento das experincias cotidianas e o seu lugar nas prticas dos contadores de histrias

 

Era uma vez uma mulher que, ao amamentar, entoou a primeira cano de ninar, plantando, no pequeno recm-nascido, a semente do desejo de ouvir a voz que traz conhecimentos, vivncias, medos e prazeres. No muito distante dali, um velho paj narrava aos curumins lendas sobre Tup, Jaci e Guaraci. Do outro lado da montanha, um ancio africano contava, aos mais jovens, histrias da me-frica. O que eles tm em comum? Esses trs contadores – de modo semelhante aos repentistas, cantadores, griots, rakugokas, ancies de tribos indgenas ou avs urbanas – guardam na memria vivncias, tradies, mitos, crenas e, de modos singulares, transmitem seus conhecimentos e lies aos ouvintes, como se lhes entregassem um tesouro precioso que deve ser guardado, mas tambm dividido.

A literatura oral est ligada voz e memria. Ela nasce das vivncias e necessidades de comunidades que tambm as transmitem de boca em boca para ouvidos atentos e sedentos de conhecimento e fantasia. Narrada ou cantada oralmente, ela torna-se susceptvel s mudanas impostas pelo tempo e pelas mltiplas vozes que a transmitem de um ouvido a outro, de um espao a outro, de uma comunidade a outra.

Muitos gneros da oralidade so compostos em versos, como as narrativas cordelizadas, estruturadas em sextilhas, septilhas ou dcimas, que comprovam a afirmao de que o ritmo das frases, as partes finais ou iniciais semelhantes facilitam tremendamente a memorizao (LUYTEN, 1992, p. 8). A memorizao depende de muitos aspectos da narrao. A escolha das palavras, a musicalidade e a conciso dos elementos contribuem para que o narrador/contador guarde e transmita as lies e os encantamentos das narrativas.

Silva (2009) argumenta que as histrias orais so formadas na base da memria popular, sem determinar autoria, tempo, espao, sem atribuir nomes prprios. na voz murmurante da oralidade que os contos populares, romances sertanejos, cantigas, xcaras ganham vida e so transmitidos de boca em boca, atravs dos tempos e espaos. Assim tambm argumenta Oliveira (2012, p. 52), ao afirmar que as narrativas populares

conectam o homem com o seu mundo concreto, descrevem as vicissitudes e os caminhos seguidos ou por trilhar, mostram claramente a possibilidade de interveno no real, na medida em que a palavra voa de boca a ouvido, perpetuando a voz de um povo.

Depositrios de um tesouro imenso, os contadores de histrias transmitem aos ouvintes um conjunto de ideias, fatos e sonhos, atravs de contos, lendas, provrbios, ditados populares, canes e fbulas, provenientes do passado longnquo, quando a memria era o modo primordial de preservar e transmitir histrias, crenas e valores. Passadas de gerao em gerao, essas narrativas vo ganhando contornos prprios, de acordo com as necessidades das geraes, comunidades e estilos dos contadores de histrias. Assim,

as tradies populares como bens culturais imateriais so fludos e dinmicos, transformam-se continuamente, absorvendo elementos de outras culturas atravs dos mais variados meios. A prpria palavra tradio, do latim traditio, tradere, implica uma ao de entregar, de transmitir, de levar e de trazer de um lugar a outro (OLIVEIRA, 2012, p. 50).

Esse levar de um espao a outro ou de um ouvido a outro majestosamente exercido por contadores de histrias, cantadores de repente, recitadores de poesias orais. Narradores que transmitem as tradies e histrias de suas naes, e tambm de terras longnquas, associando vivncias, crenas e culturas, que servem de exemplo para as vivncias dos ouvintes. So estas vivncias, saberes e sonhos que tornam possveis histrias de peixes mgicos, mquinas voadoras, bois misteriosos, moas transformadas em touros, pedras em moas, curumins em pssaros, assim como de vaqueiros, cangaceiros ou beatos imbudos de imensa coragem.

Alm da importncia da memria, que permite ao contador de histrias transmitir oralmente fatos e mitos, o tempo da narrao tambm um elemento primordial da tradio oral. H um complexo fio da memria que perpassa por diferentes modalidades de tempo. Por exemplo, as expresses Era uma vez, Certa vez, remetem ao tempo mtico, da imaginao, um passado indefinido que permite ao narrador contar histrias inimaginveis. H o tempo histrico, que pode relatar oralmente fatos vivenciados pelo narrador, que, confiante em sua memria e em suas vivncias, relata-as aos seus descendentes.

Outro tempo possvel o tempo familiar que permite aos descendentes contarem a seus filhos e netos histrias de seus antepassados, como aquelas que o pracinha da Segunda Guerra trouxe na sua bagagem de experincias. possvel tambm falar em tempo pessoal, que diz respeito ao tempo dos nossos pais ou dos pais de nossos pais, que frequentemente afirmam No meu tempo... para enfatizar todo gnero de mudanas ocorridas desde suas infncias. Todas estas modalidades de tempo remetem a narraes orais que transmitem experincias vividas, ouvidas ou histrias ficcionais.

Nas narrativas orais tambm percebemos um espao voltil que marcado em expresses como Num lugar muito distante, Num certo reino, que permitem ao ouvinte a experincia catrtica de criar o lugar ideal ou relacion-lo ao seu espao particular. Assim tambm ocorre com relao composio dos perfis das personagens que, atravs de expresses como Havia uma mulher, nos liberta da obrigatoriedade de um perfil fixo de mulher e nos permite cri-lo em nossa imaginao, a partir de nossas vivncias, crenas e desejos.

Na acepo de Zumthor (2018), a narrao de uma histria comporta muito mais que aspectos verbais. A enunciao oral associa-se voz, entonao, aos gestos, s pausas, s expresses faciais, aos movimentos do corpo de quem narra, os quais chegam a quem ouve como elementos da trama, contribuindo para a significao do texto narrado ou cantado. Tudo isso est implicado na performance da narrao, Ҝnico modo vivo de comunicao potica (ZUMTHOR, 2018, p. 33), que nos permite experimentar a vida enquanto contamos ou ouvimos uma histria. Lembremos ainda que, para Zumthor (2018, p. 18),

Nas poticas transmitidas pela voz [...], a autonomia relativa do texto, em relao obra, diminui muito: [...] todo lugar da obra se investiria dos elementos performticos, no textuais, como a pessoa e o jogo do intrprete, o auditrio, as circunstncias, o ambiente cultural e, em profundidade, as relaes intersubjetivas, as relaes entre a representao e o vivido.

Para definir o conceito de performance, o medievalista recorre a suas leituras e pesquisas e conclui que precisamos considerar diversos aspectos, dentre os quais, destacamos: a necessidade de um acontecimento oral e gestual; a ideia de presena de um corpo; a energia propriamente potica marcada nas sensaes de contadores e ouvintes; a noo de espao que se torna possvel atravs do corpo (ZUMTHOR, 2018, p. 36-38).

Conforme Oliveira (2012, p. 48), preciso considerar as fases produo, transmisso (comunicao), recepo, conservao e repetio de histrias para encontrar as vozes sibilantes deste processo que vai da oralidade escrita. Estgios trabalhados por Zumthor (2018, p. 60), respectivamente, acerca da oralidade, como: formao, transmisso, recepo, conservao e reiterao. De acordo com Zumthor (2018), se a formao se opera pela voz, a transmisso se d quando um personagem, usando voz e gesto, recorre a palavra, que ser recebida por outro personagem por meio da audio e da viso, processos unidos pela performance do discurso, copresena geradora do prazer. A conservao est a cargo da memria, mas a memria implica, na reiterao, incessantes variaes recriadoras (ZUMTHOR, 2018, p. 61), o que o autor chama de movncia.

Contadores so nmades por excelncia – ou porque viajam de um pas a outro, de uma cidade a outra, de uma fazenda a outra, enfim, de um espao a outro; ou porque cruzam a linha do imaginrio, buscando outra atmosfera possvel que lhes permita e nos permita segui-los de um mundo a outro. Muitas histrias chegam atravs de homens e mulheres que vo de fazenda em fazenda, de cidade em cidade, narrando suas histrias maravilhosas que nos convidam a abrir nossas portas e almas. Essas narrativas nos incitam e nos levam a acolher essas palavras como um tesouro precioso e a aprender com elas que o estrangeiro/desconhecido pode ser um amigo que ainda no encontramos. Elas nos ensinam que preciso abrir nossos coraes para novas aventuras, novos conhecimentos, novas culturas (BRICOUT, s.d).

Aceitar o convite da voz narrativa funciona como entrar num mundo desconhecido, pertencente a outro, imergindo em outra atmosfera, como dos mitos e histrias indgenas ou africanos, do mundo maravilhoso de cavaleiros de prata, paves misteriosos, moas invisveis, melancias encantadas, mulheres douradas, prncipes valentes, homens lobos, curupiras, caiporas, mapinguaris, mulas sem cabea, botos que se transformam em homens, sereias com cantos hipnticos.

Silva (2009, p. 233) afirma que o folclore e a literatura oral esto na base da literatura de muitos lugares, confirmando o ideal de que a oralidade fornece s narrativas orais populares, assim como aos gneros consagrados pela crtica, um repertrio precioso de histrias. De acordo com Cascudo (1984, p. 24),

Todos os autos populares, danas dramticas, as jornadas dos pastoris, as louvaes das lapinhas, Cheganas, Bumba-meu-boi, Fandango, Congos, o mundo sonoro e policolor dos reisados, aglutinando saltos de outras representaes apagadas da memria coletiva, resistindo numa figura, num verso, num desenho coreogrfico, so elementos vivos da literatura oral.

Foi tambm no imaginrio popular que surgiram as primeiras histrias narradas pela voz de contadores e transmitidas de gerao em gerao at um dia serem recolhidas por algum, passando a serem transmitidas de forma impressa, possibilitando o contexto da leitura silenciosa. A partir da, o narrador passa a ser essa voz que, representada na brancura da pgina, aspira a concretude na interao com o leitor (PORTELA, 2009, p. 748). Entretanto, este narrador carrega, frequentemente, traos da enunciao oral, assegurando elementos da performance de vozes ancestrais. Zumthor (2018, p. 70-71), ao tratar da leitura, afirma que a compreenso das palavras necessita de uma interveno corporal, sob forma de uma operao vocal: seja aquela da voz percebida, pronunciada ou ouvida ou de uma voz inaudvel, de uma articulao interiorizada.

De acordo com Oliveira (2012), na oralidade que a prpria literatura cannica tem sua origem. Toda fico e toda poesia podem ter origem na voz de um contador de histrias, que criou, ouviu ou presenciou um acontecimento, contou e aumentou fatos (ficcionais, mitolgicos, histricos) e os transmitiu a outro algum que fez o mesmo e assim por diante, ad aeternum. Isso prova que a literatura impressa serviu-se e serve-se ainda da fico oral, especialmente no que tange aos mitos e lendas reescritos em diversos gneros e suportes da literatura. Mas a literatura oral est viva entre ns. As manifestaes orais de diversos gneros fazem parte de nossa existncia. Nas tribos, nas pequenas cidades ou nos grandes centros, testemunhamos inmeros exemplos e contadores e contadoras de histrias, que possibilitam diversas formas de corpo-a-corpo com o mundo e de rupturas da clausura do corpo (ZUMTHOR, 2018, p. 71.77).

Os aspectos artsticos e etnogrficos do texto oral reafirmam seu valor esttico e cultural. So narrativas que comportam imagens semnticas relacionadas a determinadas culturas, comprovando o valor da memria e da voz como elementos imprescindveis na transmisso de conhecimentos culturais, histricos, sociais e artsticos. Todos estes aspectos fortalecem a importncia de contar e ouvir histrias, nos dias de hoje e antigamente, e reiteram a necessidade de recuperar e recolher histrias que so ou foram contadas por homens e mulheres cheios de palavras, gestos e cultura.

 

 

Corpo-memria e a performance dos narradores orais

 

Certa tarde, na vida que dana ou na dana que vive, ouvi um tambor, segui seu chamado e fui encantada. O encanto veio das letras que brotam das pedrinhas miudinhas, que constituem o cho de um viver atento, vibrante, agradecido, que sabe ouvir o que e o que j foi, que sabe agradecer os que j viveram e que, por isso, ainda vivem (Lara Sayo).

Enquanto grupos sociais, os indivduos buscaram seus meios de se organizar e de construir ou reconstruir os modos de ser e estar no mundo. Os lugares, as histrias, os saberes e fazeres do o tom e o sabor a tudo aquilo que vai se constituindo e dando sentido ao que h no mundo. Atravs das formas como os indivduos interferem e tambm transformam esses espaos, sejam eles fsicos ou simblicos, que vai se inscrevendo a histria da humanidade. Nesse locus da historicidade onde se aloca a fundamental importncia da palavra, seja ela escrita ou falada para a transmisso, compreenso e apreenso dos saberes sociais.

No entanto, fundamental compreender que os estudos da palavra, aqui referidos, assumem uma natureza representativa para alm das compreenses do que epistemologicamente se disps os estudos da literatura tradicionalmente. Somente na compreenso da leitura em dilogo com outras linguagens e da elaborao do sentido dela no mundo, que se torna possvel adentrar no campo das poticas orais. E nesse sentido, entram as questes da palavra escrita, mas tambm sua relao com os cantos, as danas, os ritmos, os gestos e, sobretudo, a voz.

O estudo da voz nas poticas orais amplifica a certeza de um reconhecimento duplo para as questes da literatura oral: primeiro a elucidao de que essas poticas no estavam centradas especificamente nos estudos literrios, mas na sua interseco e dilogo entre vrias reas, interligando e compreendendo sua dimenso esttica, enquanto norteadora da existncia de uma noo a respeito do performativo-literrio que ali surge. E a segunda trata especificamente sobre a importncia do corpo inscrito na literatura. Um corpo que tem historicidade, que se move e movimenta, criando uma espcie de rito de si, composto de uma escritura e permitindo-se ler, medida que transmite saberes oriundos de suas vivncias, memrias e saberes.

A noo de corpo como lugar de memria, representa o reconhecimento das dimenses estticas e performticas da palavra, uma vez que os aspectos artsticos dos movimentos fsicos e das expresses corporais vo se agregando e entrelaando em diferentes nuances aos aspectos semnticos da palavra escrita, at se perpetrarem numa nova compreenso do corpo como lugar de memria. Isso, para os contadores de histrias orais, se evidencia na expressividade latente de suas narrativas. Sobre essa semntica potica, Zumthor (2007, p. 78) elucida:

Nesse sentido, pode-se dizer que o discurso potico valoriza e explora um fato central, no qual se fundamenta, sem o qual inconcebvel: em uma semntica que abarca o mundo ( eminentemente o caso da semntica potica), o corpo ao mesmo tempo o ponto de partida, o ponto de origem e o referente do discurso. O corpo d a medida e as dimenses do mundo; o que verdade na ordem lingustica, na qual, segundo o uso universal das lnguas, os eixos espaciais direita/esquerda, alto/baixo e outros so apenas projeo do corpo sobre o cosmo. por isso que o texto potico significa o mundo. pelo corpo que o sentido a percebido.

O lugar da potica inscrita no corpo o ponto de partida para se compreender um universo que se abre no campo epistmico dos estudos das poticas orais, e, adentrar nos seus signos e significados, inicialmente repensar o poder da palavra potica. Alm disso, fundamental analisar nesse jogo, a relao ldica do corpo-poesia com as formas narrativas que deles se extraem. Isso porque, atravs da performance em si, os narradores ou contadores de histrias vo transmitindo suas leituras, suas histrias e seus saberes, transmutando em memrias coletivas, o que antes era compreendido apenas como experincias individuais ou de um determinado grupo.

O texto potico , portanto, ressignificado, medida que a fuso corpo-palavra-leitura se estabelece na compreenso de que o texto est em todas as coisas e lugares e que ele dialoga com o corpo e sua corporeidade, estabelecendo essa relao da palavra escrita com a palavra falada. Expressa nos ritos e rituais, a palavra escrita est, portanto, atrelada a seus significados, mas para alm deles, se agrega tambm s mltiplas linguagens do corpo e dos seus ritmos. Sobre isso, Derrida (2008, p. 14) discute a respeito da necessidade de uma ruptura do logocentrismo na escrita, e enfatiza:

Em todos os casos, a voz o que est mais prximo do significado, tanto quando este determinado rigorosamente como sentido (pensado ou vivido) como quando o , com menos preciso, como coisa. Com respeito ao que uniria indissoluvelmente a voz alma ou ao pensamento do sentido significado, e mesmo coisa mesma [...], todos significantes, e em primeiro lugar o significante escrito, seria derivado. Seria sempre tcnico e representativo. No teria nenhum sentido constituinte. Esta derivao a prpria origem da noo de significante. A noo de signo implica sempre, nela mesma, a distino do significado e do significante, nem que fossem no limite, como diz Saussure, como as duas faces de uma nica folha. Tal noo permanece, portanto, na descendncia deste logocentrismo que tambm um fonocentrismo: proximidade absoluta da voz e do ser, da voz e do sentido do ser, da voz e da idealidade do sentido.

Alm de uma proposta de disruptura com a supremacia do texto escrito, essa concepo vem reivindicar a necessidade de um questionamento que a literatura necessita e prescreve a respeito do lugar da palavra no mbito das poticas orais e isso subverte e transcende a prpria noo de literatura, alm de abrir as portas para o fortalecimento dos estudos da literatura oral na contemporaneidade. Nesse prisma, encontra-se a noo de corpo como rito, uma vez que a palavra pode ser lida para alm do texto escrito, atravs da gestualidade e da performance que o narrador das literaturas orais representa, a partir de suas narrativas. Se para Derrida (2008) no existe o fora do texto, a leitura do texto nunca se encerra em si mesma e est sempre aberta leitura do outro e de outros textos.

A questo do texto, nesse sentido, se resolve no dilogo com o corpo enquanto palavra, pleno de toda a sua historicidade. iluminada a noo do corpo como performance da palavra, uma vez que, partindo da premissa de que, se no existe nada fora do texto, no existe tambm nada fora do corpo. Nesse sentido, a gestualidade assume sua importncia na compreenso dos textos das poticas orais, j que atravs da voz, dos cantos, dos ritmos, das expresses que se encontra o tom da literatura oral. Sobre isso, Zumthor (2007, p. 77), explica:

E nesse sentido que se diz, de maneira paradoxal, que se pensa sempre com o corpo: o discurso que algum me faz sobre o mundo (qualquer que seja o aspecto do mundo de que ele me fala) constitui para mim um corpo-a-corpo com o mundo. O mundo me toca, eu sou tocado por ele; ao dupla, reversvel, igualmente vlida nos dois sentidos. Essa ideia, eclipsada durante um certo tempo, renasce hoje, em uma espcie de volta ao rechaado, e, sem dvida, ligado ao conjunto de fenmenos contemporneos que se embrulham sob o termo duvidoso de ps-modernidade. A generalizao, hoje, da ideia de performance uma das consequncias.

Sobre esse conjunto de fenmenos contemporneos a que se refere Zumthor, debrua-se a importncia dos estudos da memria e sua relao com a literatura oral. Legar histria da literatura a importncia das narrativas enquanto compreenso de mundo ao redor se faz necessrio nos estudos contemporneos, uma vez que a presena do narrador e suas histrias esteve, vez por outra, envolvida com a noo de tradio, como sinnimo daquilo que passado, obsolescente ou, como prope a concepo benjaminiana de narrador, um conhecimento acabado em si e que deve ser transmitido s futuras geraes em suas formas mais puras, fixas e imveis.

Ao contrrio, ouvir as histrias dos narradores na contemporaneidade, buscando os sentidos de sua historicidade latente, mas em consonncia com sua movncia, o legado que as literaturas orais na ps-modernidade deixam para os estudos literrios. E nessa compreenso, se forem agregadas as questes das literaturas orais de origem africana, possvel enriquecer ainda mais essa perspectiva de valor de sua historicidade e valorao de memrias histricas e sociais. Sobre a dimenso esttica da criao literria africana, Risrio (1996, p. 24) assertivamente destaca que

A riqueza da criao textual na frica um fato indisputvel. A menos que uma inteno ideolgica explcita tente rasurar programaticamente a existncia milenar do texto criativo naquele continente, como na poca em que fantasias racistas de calibre variado se esforaram para expurgar o negro da esfera da espcie humana. Alis, aqueles que um dia pretenderam expulsar o negro do crculo da humanidade, ou quando nada, confin-lo a um compartimento subterrneo desta, tipo dernier chelon da espcie, tiveram diante de si, como obstculo intransponvel, a fora e a finura das produes estticas africanas.

Com essa crtica assertiva em relao recepo do texto literrio e ao reconhecimento da riqueza cultural que os estudos literrios legaram do continente africano, Risrio corrobora a importncia da valorizao das narrativas transmitidas pelos contadores de histria orais de origem africana. Esses sbios transmissores das suas origens, atravs de prticas performticas da contao de histrias, atravs das literaturas, danas, cantos e ritmo, encontram-se ainda hoje por todo o mundo, exercendo a misso de transmisso dos saberes seculares to fundamentais, mas incipientemente valorizados e reconhecidos para a humanidade.

De fato, no se pretende aqui adentrar a conceituao das temticas dos gris, especificamente, no sentido de ampliar a conceituao do termo, nem tampouco problematizar a fundo tais atribuies e funes, apesar de to importantes e fundamentais para a histria da humanidade, porm a inteno de traz-los discusso lanar luz importncia da palavra – escrita e falada – africana, na compreenso dos estudos da literatura oral, uma vez que os povos de origem africana so identificados e definidos como os mestres e mestras da palavra oral, portanto esto sempre associados ao reconhecimento da importncia das poticas orais.

Enfim, a partir dessas reflexes, apreende-se a importncia do corpo enquanto lugar de memria, engendrado em seus ritos, rituais e narrativas, uma vez que sendo compreendida a literatura oral sob novas perspectivas paradigmticas e epistemolgicas, se compreende tambm a importncia da ressignificao do corpo como rito, corpo enquanto leitor do mundo, uma vez que a palavra, seja ela escrita ou falada, est no mundo e que antes de tudo, a partir do corpo que se chega a ela. Nesse sentido, se refaz a compreenso da leitura da palavra, a leitura da escrita e a consonncia de ambas com a leitura da palavra-corpo-escrita.

 

 

Um estudo da memria a partir das narrativas orais: os mestres contadores de histrias da tradio e seu papel na transmisso da cultura

 

Os pequenos sonhos, dizem os habitantes da floresta de Elgon, na frica Central, no tm grande importncia. Mas, se uma pessoa tiver um sonho grande, toda a comunidade deve ser reunida para ouvi-lo. Ento, como um elgoni sabe que foi um sonho grande? Ao acordar, h um sentimento instintivo sobre a sua significao para o grupo – mant-lo em segredo um pensamento que nunca ocorre (Clyde W. Ford[100]).

Os sentidos onricos dos povos elgoni descrevem claramente um cenrio permeado de memrias. Dessas memrias que vo se recriando, medida que so contadas, que so trocadas, que so repassadas, como num conto, como num canto, como num sonho. No amplo sentido terico, os estudos de memria abarcam o campo cientfico global que envolve e intersecciona os estudos da psicologia, da histria, das linguagens, do corpo e suas relaes com o tempo-espao em que esto inseridos. Reconhecer, o que aqui interessa a respeito desses estudos, os da memria social dos povos, a partir de uma perspectiva problemtica da histria, explicam de certo modo, as concepes do que vem a ser a memria coletiva e quais so os seus lugares simblicos e espaciais. Sobre isso, Candau (2019, p. 157) elucida:

A funo identitria desses lugares fica explcita na definio que dada a eles pelo historiador: toda unidade significativa de ordem material ou ideal, da qual a vontade dos homens ou o trabalho do tempo fez um elemento simblico do patrimnio memorial de uma comunidade qualquer. Um lugar de memria um lugar onde a memria trabalha.

Essa premissa vem complementar a noo de que se existem lugares de memria, sejam eles fsicos ou simblicos e imagticos-afetivos, a tradio potica nos remeteria a esses lugares, a partir de seus mitos, narrativas lendrias, ritos e rituais. No entanto, Candau (2019, p. 164) traz luz a discusso de que as memrias esto sempre em movimento em relao sua historicidade e para que no recaia no equvoco de querer mant-la em conservao, elas devem obedecer um princpio de afirmao de si mesma, mas sendo compreendidas como um projeto inacabado, sem a ideia onrica de conservar os fatos tais quais aconteceram, nem de se refazer o passado, uma vez que a memria coletiva s se constitui a partir de uma movncia ativa, permeada de historicidade, estabelecendo as fronteiras, mas perfazendo as lacunas entre passado e presente.

Le Goff (1990) entende a narrao ou o ato narrativo como um ato mnemnico fundamental, ou seja, narrar histrias , em si, uma maneira de dialogar, gerir e experimentar as memrias, sejam elas individuais ou coletivas. Imergido pelas noes do tempo, cabe estabelecer a que distncia temporal essas memrias se constituem na dialtica distino entre o tempo presente e os acontecimentos do passado. dinmica, pois essa distino se refaz medida da reciprocidade existente nesses dilogos dos tempos. Sobre isso, Le Goff (1990, p. 205) define:

A distino passado/presente que aqui nos ocupa a que existe na conscincia coletiva, em especial na conscincia social histrica. Mas torna-se necessrio, antes de mais nada, chamar a ateno para a pertinncia desta posio e evocar o par passado/presente em outras perspectivas, que ultrapassam as da memria coletiva e da Histria.

A importncia da memria, a partir das perspectivas da transmisso dos saberes do passado, a de que os narradores e mestres da oralidade definidos como seus principais difusores refazem e salvaguardam um passado ancestral, permeado de saberes tradicionais em consonncia com as concepes dos estudos da memria, da literatura oral e todas as suas possibilidades de dilogo. Sobre isso, Abib (2017, p. 89) explica:

Talvez, uma das caractersticas mais marcantes das manifestaes oriundas do universo da cultura popular, em qualquer parte do mundo, e que nos remetem a essa lgica diferenciada que busquei analisar, sejam justamente as formas de transmisso de seu passado – que carrega a mitologia ancestral e os saberes tradicionais do grupo – atravs de trs elementos fundamentais presentes nesse universo: a memria, a oralidade e a ritualidade.

Isso quer dizer das memrias individuais e da maneira como elas vo se configurando como coletivas e partilhadas, atravs dos processos como a oralidade e os rituais dos narradores, fortalecendo a importncia das tradies, oriundas do passado, mas no perdendo de vista a noo de cultura em movimento e tradio no-esttica, como propem Lopes e Simas (2020, p.75), que, ao explicarem o mito da vida, morte e ressurreio, trazem claramente essa noo de tradio em movimento. Uma vez que a prpria vida se reinventa, reinventam-se tambm as tradies, os saberes e as histrias que se contam delas. Nesse sentido, fica translcida a noo de que atravs de mitos como esse que a

poderosa sntese da ideia de morte como condio necessria para que exista a vida, comporta uma fabulosa variante de leitura e mostra como os saberes africanos normalmente se referem a uma ideia de tradio que no esttica. Nas culturas orais, o conhecimento se fundamenta no ato de se transmitir ou entregar algo para que o receptor tenha condies de colocar mais um elo em uma corrente dinmica e mutvel (LOPES; SIMAS, 2020, p. 75).

Passado e presente se fundem nessa dinmica. Ainda assim, substancial a representao das tradies para a construo de uma compreenso maior, que abarque rigorosamente os conceitos das culturas, essas sendo compreendidas no plural, tal e qual mandam as questes dos tempos contemporneos, uma vez que as identidades so representadas como mltiplas (HALL, 2006), tambm as culturas pertencentes delas so pluralizadas. Mas a importncia da tradio, como herana, como legado, como estrato e ponto de partida dessas culturas, no pode ser negada, esquecida e perdida na dana do tempo. Por esses caminhos, os da tradio, que se explicam a importncia das narrativas e principalmente dos narradores na tarefa de transformar os saberes individuais em experincias de memrias coletivas. Sobre isso, entende-se que,

De fato, cada vez que no interior de um grupo restrito as memrias individuais querem e podem se abrir facilmente umas s outras, como nos casos em que existe uma escuta compartilhada visando os mesmos objetos (por exemplo, monumentos, comemoraes, lugares que tero o papel de ponto de apoio, de sementes da recordao), percebe-se ento uma focalizao cultural e homogeneizao parcial das representaes do passado (CANDAU, 2019, p. 46).

Retoma-se assim, a questo das poticas orais e a sua interrelao com a perspectiva da memria, como se amarrasse o fio de uma colcha de retalhos, na interseco entre as poticas orais com a memria e a tradio cultural e suas nuances existentes em concrdia com a palavra escrita e inscrita no corpo. na importncia ambivalente na elaborao das memrias, dentro do espao ldico do tempo, que se estabelece a relao entre memria e as poticas orais. Desse encantamento entre ambas, percebe-se que Memria e poesia se encontram no jogo de criao do mundo. Jogo do tempo: do que , do que foi e do que ser, que ao se mostrar no canto do poeta, instaura uma poca histrica (ABIB, 2014, p. 94).

Assim, e por fim, na escuta das histrias dos narradores, das histrias da vida, da leitura da palavra, compreendida aqui como palavra no mundo e com o mundo, que nasce e cresce a importncia do contador de histrias e de todos os mestres da tradio que tm a misso da transmisso de saberes pelas vias da oralidade. Esses que esto certamente a servio de algo maior, o de salvaguardar e dar movimento s memrias histricas e saberes coletivos, construindo as culturas e rompendo as lacunas, que ainda existem, entre o passado e o presente, entre a escrita e a oralidade, num bonito jogo simblico de vida, morte e ressurreio.

 

 

Referncias

 

ABIB, Pedro Rodolpho Jungers. Capoeira Angola: cultura popular e o jogo dos saberes na roda. 2. ed. Salvador: EDUFBA, 2017.

 

BRICOUT, Bernadette. EPISODE 1: La Cl des contes (58min). LA COMPAGNIE DES AUTEURS, par Matthieu Garrigou-Lagrange. France Culture. s.d. Disponvel em: https://www.franceculture.fr/emissions/la-compagnie-des-auteurs/contes-14-la-cle-des-contes. Acesso em: 13 jul. 2020.

 

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HALL, Stuart. A identidade cultural na ps-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

 

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LOPES, Nei; SIMAS, Luiz Antnio. Filosofias Africanas: uma introduo. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2020.

 

LUYTEN, Joseph M. O que Literatura popular. 5. edio. So Paulo: Brasiliense, 1992.

 

OLIVEIRA, Carlos Jorge Dantas de. A Formao da Literatura de Cordel Brasileira, Santiago de Compostela: Universidade de Santiago de Compostela (USC), 2012. 381f. Tese de Doutorado (Programa de Doutorado em Teoria da Literatura e Literatura Comparada – Faculdade de Filologia, Universidade de Santiago de Compostela – 2012).

 

PORTELLA, Mirtes Maria de Oliveira. Entre a letra e a voz: o espao do leitor no conto de tradio oral. In: CELLI – Colquio de Estudos Lingusticos e Literrios 3, 2007, Maring. Anais... Maring, 2009, p. 749-760.

 

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SILVA, Celso Cisto. A literatura popular: silncios e murmrios na histria da literatura brasileira. Letrnica. v. 2, n. 2, p. 233-248, dezembro 2009.

 

ZUMTHOR, Paul. Performance, Recepo, Leitura. (1990). Trad. Jerusa Pires Ferreira e Suely Fenerich. So Paulo: UBU Editora, 2018.

 

_________. Performance, Recepo, Leitura. Trad. Jerusa Pires Ferreira e Suely Fenerich. 2. ed. rev. e ampl. So Paulo: Cosac Naify, 2007.

 

 

[Recebido:16 fev 2021– Aceito: 16 mar 2021]

 



[97] Possui graduao em Licenciatura em Letras Vernculas pela Universidade Estadual de Feira de Santana (1999), Mestrado em Educao pela Universidade Federal da Bahia (2005) e Doutorado em Programa de Ps-Graduao em Educao pela Universidade Federal da Bahia (2013). Atualmente professora adjunta da Universidade Estadual de Feira de Santana e Contadora de Histrias. Coordena o Programa de Ps-graduao Mestrado Profissional em Letras /PROFLETRAS/UEFS e lder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Poticas Orais/UEFS. Tem experincia na rea de Educao, com nfase em Poltica Educacional, atuando principalmente nos seguintes temas: Contao de Histrias, Leitura, Literatura Infantil e Juvenil, Formao do Leitor e EaD

[98] Possuo graduao em Letras pela Universidade Estadual de Maring (1996), mestrado em Letras pela Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (2001) e doutorado em Letras pela Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (2007). Sou professora ASSOCIADO C e fao parte do quadro permanente da Universidade Estadual de Maring. Tenho experincia na rea de Letras, com nfase em Literatura e Cinema e ensino de Lnguas, atuando principalmente nos seguintes temas: literatura comparada, literatura e outras artes, ensino de literatura, leitura e letramento texto literrio, interao verbal, lnguas estrangeiras modernas. Atuo na Ps-graduao do Profletras, Mestrado profissional em Letras, ministrando a disciplina Leitura do texto literrio. Participo do grupo de pesquisa Ressignificaes do passado na Amrica: processos de leitura, escrita e traduo de gneros hbridos de histria e fico – vias para a descolonizao. Com Ps-doutorado intitulado La dame aux Camlias – romance, drama, pera, filme, cordel: releituras comparadas do perfil de uma cortes, na UNIOESTE/Cascavel, sob tutoria do Professor doutor Gilmei Francisco Fleck; em parceria com a Universit Lyon 2, sob tutoria da Professora Doutora Maria da Conceiao Coelho Ferreira.

[99] Mestranda em Estudos Literrios pela UEFS (Bolsista Capes). Pedagoga pela Universidade Federal da Bahia (2007). Trabalhou como arte-educadora no Espao Cultural Pierre Verger entre os anos de 2010-2016, nas reas de Cultura Digital e incentivo leitura, tendo recebido o Prmio Pontos de Leitura (2012). Ministra oficinas de escrita e leitura, tendo participado da exposio "As aventura de Pierre Verger" (2015). Trabalhou como pedagoga no Programa de Informtica na Educao Especial da OSID, orientando projetos de pessoas com deficincia, durante os anos de 2005 a 2007. Durante dois anos foi bolsista de Iniciao cientfica PIBIC, nas reas de gesto educacional e educao e diversidade. Atua como pesquisadora e professora, principalmente nos seguintes temas: educao e diversidade - informtica educativa - arte-educao - educao e cultura.

 

[100] FORD, W. Clyde. O heri com rosto africano: mitos da frica. So Paulo: Summus, 1999.