Pontes sobre o rio Capiberibe e o mar
Brigdes over the Capiberibe river
and the sea
Ana Cristina Marinho[67]
https://orcid.org/0000-0003-2645-6113
Resumo: O artigo busca
construir uma cartografia de duas editoras/livrarias que publicavam/comercializavam
colees de livros populares em finais do sculo XIX e incio do XX: a Livraria
Portugueza, localizada na cidade do Porto, e a Livraria Contempornea,
localizada na cidade de Recife, Pernambuco. Nesse mapa, encontramos dois comerciantes
portugueses e um terceiro personagem, o poeta, editor e comerciante de livros
Leandro Gomes de Barros, que viveu na cidade de Recife e manteve, nas duas
primeiras dcadas do XX, uma intensa atividade ligada ao livro e leitura,
caracterizando-se como um agente literrio. O encontro desses trs personagens possibilita
discusses sobre a escrita, a leitura e a comercializao de livros no incio
do sculo XX, no Brasil e em Portugal. O percurso terico foi norteado por
discusses sobre a histria do livro e da leitura encontradas em Abreu (1999), Chartier
(1997), Anselmo (1991) e Vencio (2005), alm de estudos sobre cartografias
literrias de Fernandes (2012), Cury (2007), Harley (1990) e Martin-Barbero (2004).
Palavras-chave: Leandro Gomes de
Barros; Livraria Contemporanea; Livraria Portugueza; Edies populares.
Abstract: The article seeks to build a cartography of two publishers/bookstores
that published/marketed collections of popular books in the late 19th and early
20th centuries: Livraria Portugueza,
located in the city of Porto, and Livraria Contempornea, located in the city of Recife - Pernambuco.
On this map, we find two Portuguese traders and a third character, the poet,
editor, and book trader Leandro Gomes de Barros, who lived in the city of
Recife and maintained, in the first two decades of the 20th, an intense activity
linked to books and reading, being characterized as a literary agent. The
meeting of these three characters allows discussions about writing, reading,
and selling books in the early 20th century, in Brazil and Portugal. The
journey was guided by discussions about the history of books and reading
(Abreu, 1999; Chartier, 1997; Anselmo, 1991; Vencio, 2005), in addition to studies on literary
cartography (Fernandes, 2012; Maria Zilda Cury, 2007; Harley, 1990; Martin-Barbero,
2004).
Key-Words: Leandro Gomes de
Barros; Livraria Contemporanea; Livraria Portugueza; Popular Editions.
Neste texto, busco refazer os caminhos de uma editora
do Porto, a Livraria Portugueza, que publicava livros de cordel e os enviava
para o Brasil, j em finais do sculo XIX e incio do sculo XX. Nessa mesma
poca, criava-se e consolidava-se no Brasil a literatura de folhetos, diferente
em vrios aspectos da literatura de cordel portuguesa. As obras impressas pelo
editor portugus Joaquim Maria da Costa, e enviadas a Pernambuco, eram vendidas
na Livraria Contemporanea, de Ramiro Moreira da Costa, casa frequentada pela
elite pernambucana e tambm pelo poeta Leandro Gomes de Barros. Seguirei os
passos de dois editores de livros populares e um proprietrio de livraria que
exerciam suas atividades no perodo que vai de 1883 (data mais antiga de
publicao de obras pela Livraria Portugueza a que tive acesso) a 1918 (ano da
morte de Leandro Gomes de Barros).
Quando iniciei a pesquisa nos arquivos da
Biblioteca Nacional do Porto, no esperava me encontrar com o poeta Leandro
Gomes de Barros, antigo conhecido dos estudos sobre tradies orais e populares
que fazem parte da minha trajetria como pesquisadora e professora de
literatura na Universidade Federal da Paraba.[68] Inquietavam-me, naquele
ano de 2013, as discusses veiculadas em jornais e revistas, e tambm em
ambientes de discusso acadmica (congressos, seminrios) sobre os novos
escritores de literatura brasileira que circulavam em diferentes espaos, participavam
de feiras literrias e estabeleciam relaes diferenciadas com as editoras, o
mercado, o pblico e a crtica.
Para Maria Zilda Cury, possvel falar em novas
cartografias literrias, nesses primeiros anos do sculo XXI, pois os
escritores assumem a postura de agentes culturais, transitando por espaos que
no o estritamente literrio, o que, inevitavelmente, interfere na escrita de
seus textos (CURY, 2007, p. 7). Pensando na literatura de folhetos no Brasil,
chamada por Mrcia Abreu de um gnero editorial e no apenas um gnero
literrio (ABREU, 1999), essas novas geografias narrativas no me pareciam to
novas assim. Os poetas populares, nas primeiras dcadas do sculo XX, eram
agentes culturais, viajantes performticos, sobreviventes do verso e da lira.
No estudo sobre a Tipografia So Francisco
(1940-1972), em Juazeiro do Norte- CE, Rosilene Melo evidencia o quanto a
histria das tipografias populares est ligada s estratgias de sobrevivncia
criadas pelos poetas e editores, em um mercado que sofre tanto influncias
econmicas quanto religiosas, familiares e afetivas (MELO, 2010). A literatura
de folhetos no Brasil acompanhou os caminhos da estrada de ferro, do algodo e da
borracha, mas tambm os caminhos da f, do misticismo, do encantamento pelo
verso que transformaram pequenas cidades, como Juazeiro do Norte, em grandes
centros de distribuio de folhetos de cordel.
No Nordeste brasileiro surgiram, ainda nas
quatro primeiras dcadas do sculo XX, tipografias em cidades como Areia,
Itabaiana, Guarabira e Catol do Rocha-PB, Novas Russas-CE e Currais Novos-RN.
Em Juazeiro do Norte, a Tipografia So Francisco, posteriormente Lira
Nordestina, se configurou como a maior editora popular, sobrevivendo durante 30
anos e agregando em torno da produo e venda de folhetos poetas, cantadores,
danadores de coco e reisado, praticantes de umbanda e candombl, astrlogos,
curandeiros, rezadores, artistas da madeira, da palha, do barro.
Se fosse possvel desenhar novos mapas culturais
no Brasil, a partir da trajetria de poetas e vendedores de folhetos, as
cidades de Belm (Editora Guajarina), Juazeiro do Norte (Tipografia So
Francisco), Campina Grande (Tipografia Estrela da poesia) e So Paulo (Editora
Preldio) estariam muito mais prximas da cidade de Recife, lugar escolhido por
Leandro Gomes de Barros para editar seus folhetos, do que os estados vizinhos
do Rio Grande do Norte e Alagoas.
A
construo de territrios se d a partir de interesses comerciais, polticos,
mas tambm simblicos, afetivos, emocionais. As fronteiras geogrficas ou
polticas no podem ser referncias para a delimitao de territrios
culturais. Hoffman (1999) considera a desterritorializao como marca dominante
nas produes literrias da ltima dcada do sculo XX. Personagens em
trnsito, poetas transformados em agentes culturais, configuram o que a autora chama
de novos nmades. Pensando na experincia dos poetas e editores da literatura
de folhetos no Brasil, essas vivncias nmades no representam nenhuma novidade,
como pudemos perceber ao longo da pesquisa.
A abordagem cartogrfica, que aqui busco seguir,
toma a historiografia no como uma sucesso de fatos, eventos, e sim como uma
justaposio de textos, mapas, enfatizando o processo de construo das
relaes de poder presente nos textos (FERNANDES, 2012). Para Frederico
Fernandes,
Enquanto a abordagem sincrnica
culturalista guia-se pela tenso dicotmica, na qual os vetores ideolgicos de
formao cultural so intensificados, a abordagem cartogrfica uma anlise
descritiva e interventiva que considera os efeitos de subjetividade dos agentes
envolvidos na performance (FERNANDES, 2012, p. 151).
Essa anlise descritiva e interventiva busca
interligar sujeitos e objetos, na tentativa de construir novos mapas da cultura
pois, segundo Martin-Barbero (2004), a cartografia no precisa representar
apenas fronteiras, pode representar encontros, relaes, intercmbios. E
nesse sentido do encontro e dos intercmbios que caminha a minha escrita, numa
tentativa de ligar a cidade do Porto cidade do Recife, a vida de livreiros,
editores e tipgrafos dessas duas cidades, ao percurso de poetas populares.
Trs sujeitos se cruzam nessa histria: Joaquim Maria da Costa, editor da
Livraria Portugueza, na cidade do Porto; Ramiro Moreira da Costa, portugus
emigrado para Recife, proprietrio da Livraria Contempornea e Leandro Gomes de
Barros, poeta e editor de folhetos, um dos responsveis pela criao do gnero
literatura de cordel no Brasil.
Um
Costa de l e outro de c
A Editora de Joaquim Maria da Costa, sucessor
dos Machado & Costa, estava localizada no Largo dos Loyos, 55-56, Porto. A
Livraria Portugueza vendia colees de entremezes, fados, contos populares,
lindos livrinhos em versos amorosos e cartas amorosas em prosa e verso. Em um
folheto de 1902 aparece o seguinte anncio: Linda Colleco de livrinhos
amorosos; Linda Colleco de Oraculos; Livrinhos de Canticos Religiosos;
Colleco de contos modernos; Linda Colleco de testamentos. Em 1903, a
editora passou a vender tambm Almanachs e Reportorios Saragoanos para o
anno e Histrias e contos recreativos para o povo. Publicava ainda a
Coleco de fados modernos (1893 a 1897) que teve em torno de 16 nmeros. Na
quarta-capa do folheto Brados de Comiserao a favor das almas do purgatrio
(s/d) encontramos a seguinte indicao das atividades desenvolvidas pela
Livraria Portugueza:
Neste estabelecimento h um variadssimo
sortimento de compndios adoptados em todos os lyceus, collegios, aulas e
escolas oficiais e particulares do reino; livros de missa e semana santa, desde
o preo de 160 reis at 9$000 reis; obras msticas aprovadas pelas autoridades
eclesisticas; literatura histrica e clssica, de direito e medicina; uma
abundante colleco de romances dos melhores autores e a preos reduzidos; bom
sortido de obras recreativas e populares; obras theatraes; dramas, comedias,
scenas e poesias cmicas; livros em branco, cartilhas, pautas, traslados,
almanachs e reportrios de todos os autores, histrias e contos em prosa e
verso para o povo; Alphabetos, taboadas, methodo faclimo, catecismo, Manual
Enciclophedico; impressos para as escolas e professores de instruo primaria.
Grande desconto para revender. Pedidos a Joaquim Maria da Costa, com direo
acima mencionada.
Alm dos cordis publicados pela Livraria
Portugueza, tive acesso a textos e colees de histrias populares publicados
por outros casas como a Typographia de Antonio Alvarez Ribeiro (Officina de
Antonio Alvarez Ribeiro; Tipografia da viva Alvarez Ribeiro & Filhos); o
Bazar Feniano - Livraria de Antonio da Silva Santos & C, que depois passa
para Diamantino da Silva Cardoso, j no sculo XX; a Livraria Chardron de Lello
& Irmo; a Livraria Lello e irmo; a Typographia Gandra e Filhos; a
Livraria de J. E. da Cruz Coutinho e a Livraria Civilizao, de Eduardo da
Costa Santos. O pesquisador Arnaldo Saraiva tambm menciona, no seu livro Folhetos
de cordel e outros da minha coleo, outras 16
livrarias/tipografias/oficinas da cidade do Porto que editavam cordis
(SARAIVA, 2006).
Selecionei uma coleo editada por Ramiro
Moreira da Costa para acompanhar o percurso desses livros: a Coleo de Histria
Populares. Os livros dessa coleo eram impressos na Typographia a vapor de
Arthur Jos de Souza & Irmo, Largo de S. Domingos, 66-67 (ou 74-76). Cada
ttulo da coleo era vendido, em 1904, por 60, 80 ou 100 reis. Segundo Giselle
Martins Venncio,
As colees criadas pelas casas
editoriais europeias podem ser consideradas o principal instrumento de afirmao
do poder dos editores marcando uma verdadeira ruptura no processo de publicao
de livros desenvolvido at ento. A criao de colees populares foi,
justamente, o que permitiu aos editores o estabelecimento de um comando
editorial atravs do qual eles passaram a estabelecer as normas do mercado (VENNCIO,
2005, p. 5).
No percurso feito pela pesquisadora, trilhando
os caminhos da coleo Biblioteca do Povo e das Escolas, e que envolve trs
livreiros/editores – David Corazzi, Lisboa; Francisco Alves, Rio de Janeiro
e Gualter Rodrigues, Cear –, possvel conhecer
aspectos da histria dos livros, desvendando, pelo menos em parte, a dinmica
cultural que se estabelecia entre a Europa e as diversas regies do Brasil no
sculo XIX (VENNCIO, 2005, p. 5). Seguindo esse mesmo caminho, tento traar
uma cartografia da produo e comercializao de folhetos de cordel, de finais
do sculo XIX at as primeiras duas dcadas do sculo XX, levada pela mo do
poeta Leandro Gomes de Barros. Mas, antes, sigo a refazer o percurso que me
trouxe de volta para o Brasil.
Tive acesso a 29 ttulos da Coleo de
Histrias Populares, o mais antigo deles datado de 1891. Ttulos como as
verdadeiras histrias da Princesa Magalona, da Imperatriz Porcina, de Joo de
Calais, do infante D. Pedro de Portugal, do Imperador Carlos Magno, passando
pela Verdadeira Malicia e maldade das mulheres e a malicia dos homens (1901)
e chegando Histria curiosa e engraada do Preto e o Bugio Ambos no Matto,
discorrendo sobre a arte de ter dinheiro sem ir ao Brasil e acrescentado com o
engraado Tango Americano e O velho, o rapaz e o burro e as canonetas –
o sonho (1897).
A editora tambm
publicava a Bibliotheca de Leituras Populares, que reunia obras mais voltadas
para histrias de crimes, venturas e desventuras amorosas, milagres de santos,
monlogos para amadores dramticos, entre outros ttulos. E ainda, segundo
informaes de Arnaldo Saraiva, a coleo de contos populares portugueses –
16 ttulos publicados desde o ano de 1885.
Joaquim Maria da Costa,
no folheto Breves noes de Histria Ingleza, escreve a seguinte advertncia:
Advertncia do
editor aos leitores dos livrinhos
Quando me
resolvi publicar a Bibliotheca da Histria de todos os povos no tive em mira
lucros a auferir de tal publicao, mas to somente divulgar o mais possvel
pelas classes menos abastadas, que no conhecem as lnguas estrangeiras umas
breves noes, ou pequeno resumo da Histria das grandes naes do mundo para
instruo no s dos portugueses, mas dos filhos da outras naes que desejem
aperfeioar-se no nosso idioma. Os portuguezes encontraro nesta amena leitura
o conhecimento dos principaes factos dos povos que at hoje mal conheciam, e
aos estrangeiros servir-lhe- de estmulo ao estudo quando desejem dedicarse
lngua portuguesa, pois que ao mesmo tempo que se habilitam, pelo estudo, a uma
lngua estranha, utilizam e recordam os feitos heroicos dos seus antepassados.
Se o Editor desta interessante colleco de livrinhos uteis, poder conseguir o
que intenta, julgar-se- bem pago do pequeno servio que julga prestar quelles
que desejam instruir-se, preenchendo com esta publicao uma lacuna que desde
h muito se sentia na literatura portuguesa. Porto, 1 de maro de 1903. O editor,
Joaquim Maria da Costa.
Foi a partir dos anos 1845 que comearam a
surgir as sries e colees populares em Portugal, destinadas ҈ vulgarizao
de um modelo massificado da boa literatura, de conhecimentos teis ou de
formas de comportamento social e moral (PINTO; MONTEIRO, 2013, p. 206). A
abertura do mercado e a possibilidade de os editores ganharem dinheiro com a
comercializao de obras parecia desagradar aos intelectuais e literatos, mas
garantiu o sustento de muitas famlias e contribuiu para a profissionalizao
desses mesmos trabalhadores.
Os livrinhos uteis que chegavam s classes
menos abastadas atravessaram o mar e chegaram s mos de outro livreiro
portugus. Nesse mesmo folheto de 1903 aparece a informao de venda das obras
editadas na Livraria Portugueza para a ndia, frica, EUA (Califrnia) e
Brasil. No Brasil o depsito geral de livros era a livraria do snr. Ramiro
Moreira Costa & C, em Pernambuco.
E chego ao nosso segundo viajante, atraco no
cais do porto, em Recife, e caminho at a rua 1 de Maro, onde estava
localizada a Livraria Contemporanea de Ramiro Moreira da Costa. Em 1890, j
aparecem notcias sobre caixas enviadas a Ramiro Costa em vapores que chegavam
de Lisboa ao porto do Recife (Jornal A provncia, 21 de janeiro de 1890).
A livraria vendia materiais para escritrio, instrumentos musicais, tinta e
typos, brinquedos, impressos, ferragens, papel, livros, pratos de porcelana,
pinturas de artistas franceses, charutos, imagens sacras, fotografias, mveis,
bolsas escolares...
Sobre a vida movimentada do estabelecimento, do
conta as seguintes notcias publicadas tambm no jornal A provncia:
-
Exposio do retrato do grande chefe abolicionista e republicano cearence Joo
Cordeiro, feito por Libanio Amaral (15 de maio de 1890);
-
Exposio Peitoral de Cambar – quadro com a fotografia do suntuoso
estabelecimento Agrico Industrial do Parque Pelotense [...] onde funciona a
importante fbrica do precioso medicamento denominado Peitoral de Cambar (18
de janeiro de 1891);
-
Exposio de um grande quadro das fotografias do atelier Frederico Ramosa (2
de junho de 1891);
-
Anncio procura de professor para atuar no engenho da Gamelleira, tendo a
livraria como local de contato (21 de janeiro de 1900).
Chama
a ateno uma exposio de um quadro de suntuoso estabelecimento que poderia
funcionar para atrair compradores para um remdio que seria vendido,
futuramente, no mesmo estabelecimento loja. A presena de anncios para a
contratao de professores tambm evidencia o importante papel desempenhado
pela livraria no campo da instruo e formao de novos leitores e leitoras.
Ramiro Moreira da Costa viveu 76 anos, entre
idas e vinda a Portugal para cuidar da sade e dos negcios. Chegou ao Brasil
em 1878, desembarcando no Maranho, onde foi comerciante durante algum tempo.
Depois, em 1888, instalou a Livraria Contemporanea na cidade do Recife que
passa, a partir de 1905, a aparecer nas notcias de jornal com o nome de Ramiro
Moreira da Costa & Filho. Nesse perodo, o local, mais do que um ponto de
venda, era um ponto de encontro de intelectuais, a exemplo do que acontecia no
Rio de Janeiro, como demostram os estudos sobre livrarias, tipografias e editoras
de Hallewell (1985), Abreu e Schapochnik (2005) e Venncio (2005), para citar
apenas alguns nomes.
Ramiro Costa participou da vida cultural e de
negcios da cidade do Recife. Foi suplente da comisso fiscal do Banco Popular,
eleito em 1891; em 1900 possua 20 aes da Companhia Tethys de seguros
martimos e terrestres; foi procurador do senhor Jos Gonalves Dias,
proprietrio de fbrica de surragem, compra e venda de solla, sita a rua da
Palma, n. 97 (A provncia, 16 de maio de 1900); fez parte da comisso
de rbitros da Alfndega de Pernambuco para o fim de resolver sobre as
questes que forem suscitadas acerca da classificao de mercadorias, na
Classe 19 – Papel e suas aplicaes (A provncia, 14 de maro de
1901); juiz por devoo da tradicional festa do senhor Bom-Jesus do Bom-Fim a
realizar-se no dia 01 de janeiro de 1906 na cidade de Olinda; acionista da
Companhia Industrial Fiao e Tecidos de Goyanna, em 1906, negcio que passa a
ser de um dos seus filhos; membro da Junta administrativa da Santa Casa de
Misericrdia do Recife, 1916, e, por fim, integrante da Comisso Pro-Ptria
criada em funo da situao melindrosa de Portugal diante da declarao de
guerra feita pela Alemanha (A provncia, 20 de maro de 1916). Temos aqui
apenas alguns exemplos da atuao de Ramiro Costa na cidade de Recife e tambm
em Goyanna (atual Goiana-PE), nas duas primeiras
dcadas do sculo XX.
Durante o velrio do seu filho, Eugenio de Almeida Costa,
morto aos 36 anos, compareceram associaes religiosas, membros de associaes
manicas, alto comercio, funcionrios pblicos estaduais e federais (A
provncia, 09 de agosto de 1921). Talvez esse seja um bom resumo dos
espaos ocupados pelo comerciante e da atuao do Costa de c, durante as cinco
dcadas em que viveu na cidade do Recife.
E
eis que surge o poeta
Construir uma cartografia de editores,
impressores e livreiros das cidades do Porto e do Recife me levou a um encontro
inusitado com o poeta Leandro Gomes de Barros, encontro este que terminou por
me trazer de volta s questes que me inquietavam, naquele ano de 2013: sobre os
novos escritores que circulavam em feiras e exposies, recebiam cachs para
participarem de eventos culturais e acadmicos, chamados de verdadeiros agentes
culturais. Seguindo os passos de Ramiro da Costa, atravs dos jornais
disponveis na Hemeroteca da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, como
descrito anteriormente, eis que me deparo com a seguinte notcia: Enviado pelo
seu autor o sr. Leandro Gomes de Barros, recebemos ontem um exemplar de sua
edio de versos sobre A Morte do dr. Jos Marianno. Gratos. (Jornal de
Recife, 20 de junho de 1912).
Leandro Gomes Barros, assim como o Ramiro
Moreira da Costa que comunicava ao Jornal as novidades que chegavam sua
livraria, tambm anunciava suas novas produes. Em 16 de novembro de 1915, o mesmo
jornal noticia um opsculo do poeta, tomando por tema a morte do D. Luiz
Raymundo da Silva Brito, arcebispo de Olinda. No dia 31 de maio de 1916, temos
a seguinte notcia:
Um protesto
Veio ontem ao
nosso escritrio o sr. Leandro Gomes de Barros, autor de numerosos versos
populares, tais como A vassourinha e tantos outros e declarou-nos protestar
contra o sistema de alguns indivduos venderem livros de versos com o seu nome.
Entre outros citou o nome do Sr. Simo Francisco Marques, que assim procedeu no
Amazonas.
Protestos
semelhantes tambm foram feitos pelo poeta Gonalves Dias, como comprovam os
estudos de Marisa Lajolo: o poeta se queixava na imprensa sobre a distribuio no
Brasil de exemplares da edio de seus poemas intitulados Contos, publicados
em 1857 pelo tipografo/editor alemo Brockhaus, pois o contrato com a editora
s permitia a distribuio do livro na Europa (LAJOLO, 2005).
A
participao de Leandro no mundo das editoras e livrarias no se restringia
edio e venda de folhetos. possvel afirmar que ele administrava, com a
ajuda da filha Rachel, que assinava muitos dos seus folhetos como uma forma de
garantir a originalidade da cpia, um completo sistema de produo e
comercializao. O poeta se inseria nas brechas do sistema (capitalista,
globalizado) que envolvia, alm da escrita, a edio, publicao e venda de
livros; a participao nas redes de socializao da cidade de Recife e de
outras cidades; o envio de notas para os jornais e as viagens constantes s
cidades de Juazeiro do Norte-CE, Paraba e Rio Grande do Norte, alm de cidades
do interior dos estados de Pernambuco. A imagem do poeta popular com sua mala
de livros debaixo do brao, vendendo em feiras de pequenas cidades do serto, no
parece compor, por completo, a figura do Leandro Gomes de Barros que venho tentando
desenhar.
Em
23 de agosto de 1917, o poeta enviou ao jornal A provncia o folheto O
po e a batata. Essa primeira notcia que encontrei me conduziu a uma srie de
outras notas publicadas em jornais de Pernambuco e do Cear. No jornal O
rebate (Juazeiro do Norte), de 28 de novembro de 1909, publica o cordel Lucta
do diabo com Antonio Silvino. A partir dessa publicao, localizei outros 6 poemas,
todos publicados numa seo intitulada Lyra Popular:
-
A creao do mundo, em 19 de dezembro de 1909;
-
As capas de uma viva, em 16 de janeiro de 1910;
-
Ciume de duas noivas, em 23 de janeiro de 1910;
-
O padre de Joazeiro, em 06 de fevereiro de 1910;
-
A proclamao dos banhos, em 20 de fevereiro de 1910;
-
As lagrimas de Antonio Silvino por Tempestade, em 6 de maro de 1910.
O
folheto Lucta do diabo com Antonio Silvino, publicado no jornal com um total
de 26 estrofes, est disponvel na Coleo Cordel, da Fundao Casa de
Rui Barbosa, numa verso com 40 estrofes. Nesse folheto tambm consta o poema Vingana
dum filho. Foi publicado ainda nessa coleo o folheto As lagrimas de
Antonio Silvino por Tempestade.
Sobre
o jornal O Rebate sabemos que foi impresso em Juazeiro do Norte-CE entre
os anos de 1909 e 1911, com edies semanais, geralmente aos domingos. Fundado
pelo padre Joaquim de Alencar Peixoto, tambm diretor e redator-chefe do jornal,
tinha como propsitos contribuir para a autonomia poltica de Juazeiro, naquela
poca subordinado ao Crato, e defender o Padre Ccero, um dos principais
motivadores e apoiadores do peridico. Assis Daniel Gomes analisa os poemas
publicados na seo Lyra Popular, nos anos de 1909 e 1910, e enumera os
principais temas e poetas que ocuparam as pginas do jornal (GOMES, 2013).
Leandro Gomes de Barros estava entre os primeiros, com 48% das citaes.
A publicao do folheto O padre de Joazeiro,
em 06 de fevereiro de 1910, evidencia um trao do poeta que difere dos muitos
outros folhetos nos quais a defesa do clero jamais aparecia. Talvez como parte
das estratgias do poeta para se inserir na cultura letrada, o tom bastante
ameno e h mesmo uma defesa do padre contra todos que o acusavam de se
aproveitar da f e devoo dos pobres com fins polticos:
No serto do Cear
Apareceu um pastor
E qual outro Christo,
nosso
Adorvel Salvador,
um anjo de bondade
Enviado do Senhor.
um pastor exemplar
O padre do Joazeiro
Do-lhe esmola e d
esmola
E no interesseiro
Tudo que faz de graa
No aprecia dinheiro.
[...]
A uns quinze dias
passados
Disse-me um velho
romeiro
Que est suspenso de
ordem
Por no ser interesseiro
Os padres detestam elle
Por no gostar de
dinheiro.
[...]
Elle desses que
detestam
A maldita corrupo
Julga que a graa de
Deus
o verdadeiro po
E o homem lucra tudo
Se ganhar a salvao.
As
notcias veiculadas nos peridicos chamam a ateno para uma rede de
sociabilidade que coloca o poeta em contato com as chamadas elites intelectuais
da cidade de Recife e tambm do Juazeiro do Norte, alm de profissionais
liberais e comerciantes em geral. Vejamos os que dizem os estudos mais recentes
sobre a obra do poeta e sobre a literatura de folhetos do Nordeste.
Sobre o campo literrio que envolve a literatura
de cordel, evidencio os estudos da pesquisadora Bruna Paiva de Lucena que vem
discutindo, desde a sua dissertao de mestrado, defendida em 2010, esses
lugares de disputa. No seu livro Poticas a cu aberto: o cordel e a crtica
literria, Lucena (2018) tece crticas concepo escriptocntrica da
literatura brasileira e a forma como a crtica literria, em especial as obras
de Silvio Romero, Jos Verssimo, Afrnio Coutinho e Antonio Candido, lida com
a presena/ausncia das literaturas de tradio oral na vida cultural do pas.
Lucena
(2018), no captulo I – Fora do Prumo, discorre ainda sobre as
estratgias de resistncia utilizadas pelos/as escritores/as no mbito das
poticas perifricas e populares. Menciona, a partir dos questionamentos de
Judith Butler (posicionalidade estratgica) e James C. Scott (resistncia
cotidiana), formas de resistncia presentes nas prticas dos/as escritores/as
da literatura de cordel, que, para alguns setores do meio erudito, podem
parecer formas de submisso.
Acredito que as prticas de Leandro Gomes de
Barros, as estratgias utilizadas pelo poeta para conseguir viver de poesia,
no adquiram esse carter de submisso, mesmo quando aparecem em meios
eruditos. O trnsito entre os locais da cultura (BHABHA, 2005) por onde
transitava revela, talvez, muito mais uma insero pelas bordas, com a inteno
de fazer parte do centro, do que uma submisso, mesmo que estratgica. Leandro
ocupa os jornais, as livrarias, os locais de prestgio, ao mesmo tempo que
vende seus folhetos nas feiras, viaja pelos interiores com sua mala e compra
briga na rua com aqueles que vendem seus poemas por debaixo do balco.
Um escritor que vive da venda de seus folhetos,
que circula por vrias cidades do Nordeste, que publica versos em um jornal de
Juazeiro do Norte-CE, no parece se encaixar no perfil traado por alguns pesquisadores
e repetido infinitas vezes nos estudos sobre a chamada poesia popular. Vejamos
a biografia presente no site da Fundao Casa de Rui Barbosa:
Sua atividade potica o obriga a viajar
bastante por aqueles sertes para divulgar e vender seus poemas e tal fato
comentado por seus contemporneos, Joo Martins de Atade e Francisco das
Chagas Baptista [...]. Foi um dos poucos poetas populares a viver unicamente de
suas histrias rimadas, que foram centenas. Leandro versejou sobre todos os
temas, sempre com muito senso de humor.[69]
Nascido
na cidade de Pombal-Parahyba, em 1865, mas criado at os quinze anos na cidade
de Teixeira, possvel afirmar que a formao de escritor passa pela mo de
padres da Igreja Catlica (era sobrinho do Padre Vicente Xavier de Farias), de poetas/cantadores
da cidade, como Francisco Romano, Germano da Lagoa e Silvino Pirau, de frequentadores
das livrarias, tipografias e redaes de jornais e do mercado So Jos, na
cidade de Recife, sem falar nos trilhos do trem. Como sabemos, a Rede Ferroviria
do Nordeste (antiga Great Western of Brazil Ry) unia os estados do Rio
Grande do Norte, Paraba, Pernambuco e Alagoas. Nesse mapa esto interligadas
as cidades de Recife, Fortaleza, Teresina e depois Belm, que passou a ser um
centro de produo e distribuio de folhetos no Brasil.
As andanas de Leandro Gomes pelos sertes
sempre aparecem nas notas biogrficas. O que nunca aparece a sua atuao no
meio intelectual da cidade de Recife, o convvio entre os homens de letras, as
conversas na Livraria Contemporanea, visitas s bibliotecas e gabinetes de
leitura (disso no tenho notcia, mas quero poder imaginar que, de fato,
aconteciam).
possvel desenhar um mapa de percurso do poeta
na cidade do Recife: da rua 1 de Maro, onde se localizava a Livraria
Contemporanea, para o Mercado So Jos eram 7 minutos a p; o Gabinete
Portugus de Leitura ficava a 2 minutos da Livraria e a Cmara Municipal, onde
funcionou a Biblioteca Provincial (no perodo de 1875 a 1930), a 14 minutos,
com uma passagem pela ponte Santa Isabel, ltima ponte sobre o rio Capibaribe.
Leandro Gomes de Barros, que escrevia, imprimia
e vendia seus folhetos, tambm fazia suas performances nos mercados e estaes
de trem, conversava com intelectuais da cidade, pagava anncios de suas
produes nos jornais e denunciava alguns indivduos [por] venderem livros de
versos com o seu nome, como pudemos acompanhar nesse estudo. Ruth Terra
informa que o poeta vendia seus folhetos nas ruas de Recife, nos bares do largo
das Cinco Pontas, nas estaes de trem e dentro dos trens (TERRA, 1983). Essa
informao parece ter contaminado todas as outras aes do poeta, como se
vender folhetos na rua e nas estaes de trem o impossibilitasse de tambm
publicar seus versos em jornais e participar de ciclos de conversa e trocas de
experincias de leitura em locais frequentados pela elite intelectual da
cidade. Um pblico urbano, com prticas de sociabilidade que envolvem os
gabinetes de leitura, as bibliotecas, as livrarias, parece no fazer parte da
histria da literatura de cordel. E essa imagem vai se propagando nos vrios
estudos sobre o gnero.
Por fim, retomo a discusso sobre cartografias e
mapas na tentativa de imprimir mais alguns versos a essa narrativa. Para Harley
(1990), a cartografia nunca apenas o desenho de mapas – ela a
fabricao de mundos. E j que eu posso fabricar mundos, mas no sem muito
esforo e apoiada em alguma documentao, imagino um mundo separado por um
oceano, mas unido por poetas e cantadores, tipgrafos e homens de negcio.[70] Conversas na Livraria
Contemporanea, visitas aos jornais e tipografias, calorosos debates em praas
pblicas. As trocas culturais, nesse mundo globalizado do sculo XIX, como
afirma Jean-Yves Mollier (2008), desafiam as fronteiras que ns mesmos,
pesquisadores desse sculo XXI, insistimos em levantar. E se, no gnero
editorial cordel, Belm fica bem mais perto de Recife do que a Parahyba, o
Porto fica logo ali.
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[Recebido:
29/12/2020 – Aceito: 29/12/2020]
[67] Professora do Departamento de Letras Clssicas e Vernculas e do Programa de Ps-Graduao em Letras da UFPB.
[68] A pesquisa aqui apresentada foi feita
durante o estgio de ps-doutorado, realizado sob a superviso do professor
Francisco Topa, na Universidade do Porto, entre setembro de 2013 e agosto de
2014.
[69] Coleo Cordel. Disponvel em: http://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/. Acesso em: 29 dez. 2020.
[70] No tive acesso a pesquisas que tratem
da atuao das mulheres nesse campo, mas fica aqui o convite para futuras
investigaes.