compositivos performativos que atuam sobre os afectus dos ouvintes. Por meio da análise de
quatro Cantigas de Santa Maria a pesquisadora destaca como as estratégias poéticas e
musicais - paralelismos, convergências melódicas, métricas e rimáticas -, são utilizadas de
maneira intencional criando uma rede de correspondências extremamente eficaz do ponto de
vista mnemônico, e de seu potencial performativo.
Em “Performance poética e musical na Cantiga de Santa Maria 20: letra e música” a
Profª. Drª. Gladis Massini Cagliari analisa as estruturas métricas e melódicas da composição
alfonsina, investigando as contribuições da notação musical para compreensão do texto. A
partir do estudo das estruturas métricas e melódicas ela levanta hipóteses das possíveis
utilizações estilísticas, com elementos como: silabação, processos fonológicos (elisão), padrão
acentual, rimas e acomodação dos versos à melodia, com o objetivo de fazer ressoar aos dias
de hoje o som da cantiga medieval.
O artigo do Prof. Dr. Ronald da Costa “ O cantar de Roldão” busca estabelecer uma
reflexão acerca da tradição literária iniciada com a Chanson de Roland já no final do século
XI, em sua forma prototípica, originada de uma tradição oral que cantava a dinastia
carolíngia, em contraste com a evolução e a transcendência que essa tradição encontra na
América Latina e no Brasil. Nesse sentido, apresenta primeiro a origem dessa tradição; em
seguida, as configurações dela no Brasil; e conclui com a apresentação da proposta de
tradução como uma síntese entre o arquétipo e o típico nacional, por abertura e
conservadorismo.
Finalizando a sessão temática a Drª. Adriana Camprubi Vinals analisa, em seu estudo
“Variabilidad métrico-melódico en los versus del manuscrito paris BNF. LAT. 1139”, como
este manuscrito, datado do século XI oferece um magnífico campo de estudo para a análise
das formas métricas desenvolvidas no território da aquitânia durante os séculos XI e XII.
Substituindo o conceito de irregularidade por variabilidade, Adriana aborda os processos
compositivos utilizados conscientemente na elaboração deste manuscrito que deixam entrever
a criação de padrões fixos que definirão a futura lírica medieval.
Na seção livre apresentamos cinco artigos, sendo o primeiro deles: “Las meigas
gallegas - Haberlas Haylas: a ressignificação da imagem da bruxa na galiza”, uma coautoria
da Profª. Drª. Maria Paz Pizarro Portilla e da Drª Yls Rabelo Câmara que retrata a imagem da
bruxa na cultura galega, sua concepção e sua transformação no último século e meio. A meiga
galega, é uma figura folclórica feminina que, em suas origens esteve ligada ao mal a bruxaria,