BOITATÁ, Londrina, n. 27, jan.- jun. 2019 1
Revista do GT de Literatura Oral e Popular da ANPOLL ISSN 1980-4504
SARAU E PERFORMANCE: A REDE LONDRIX E ESTRATÉGIAS DE INSERÇÃO
DO TEXTO
SOIREE AND PERFORMANCE: THE LONDRIX NETWORK AND ESTRATEGIES
OG INSERTION OF THE POETIC TEXT
Ana Cristina Pereira da Silva
1
Frederico Augusto Garcia Fernandes
2
Resumo: O artigo trata dos saraus e da performance enquanto estratégia de inserção da poesia
na literatura contemporânea. O objeto de análise da pesquisa é o “Sarau Artístico e Literário de
Cambé” que é um dos mais antigos saraus da região e conta com o registro de suas reuniões em atas.
Através dele, objetiva-se refletir acerca do impacto que esses eventos têm na produção literária local e
compreender como eles podem contribuir para a promoção do escritor e legitimação do processo
artístico enquanto espaço de divulgação, por meio da performance e das redes estabelecidas. Com base
nos estudos de Even-Zohar (1990), Aguilar e Cámara (2017), Leone (2014), Zumthor (2007), Tennina
(2013), Silva (2008), Fernandes (2017), Hollanda (2001) e Rancière (2009), a análise das atas e das
participações nos saraus propicia a constatação de que esses eventos permitem o compartilhamento de
novas formas de fazer poético, colaborando para a formação e fortalecimento da literatura londrinense,
a partir da rede Londrix. O estudo dos saraus contribui para que a teoria literária tome novos rumos de
análise na literatura contemporânea e possibilita pensar os mecanismos de produção e circulação
literária na atualidade.
Palavras-Chave: Literatura contemporânea. Sarau. Performance. Poesia oral. Produção Literária.
Abstract: This article deals with soirees and the performance in the contemporary literature. It is
focused on the “Sarau Artístico e Literário de Cambé” which is onde of the oldest soirees in the
region. Based on its minutes, we are discussing the impact of literary event on local literary
production, as well as following up to see now the poetic performance contribute for promoting
writers, legitimizing artistic processes, and setting literary networks. Authors as Even-Zohar (1990),
Aguilar e Cámara (2017), Leone (2014), Zumthor (2007), Tennina (2013), Silva (2008), Fernandes
(2017), Hollanda (2001) e Rancière (2009) were taken in consideration. The analyses of minutes and
the participant observation unfolded new ways of making poetry in Londrina, buy the establishment of
networks among writers and poets.
Key-Words: Contemporary literature. Soiree. Performance. Oral poetry. Literary production.
1
Mestranda Programa de Pós-Graduação em Letras/ UEL Pesquisa Saraus literários em Londrina.
2
Doutor em Letras pela Unesp, com estágios de pós-doutorado no Canadá (Programa Visiting International
Scholar, da Brock University - 2008-2009), e na Itália (Estágio Sênior CAPES - Università di Bologna - 2014-
2015). Autor, tradutor e organizador de vários livros sobre teoria literária, com foco em poéticas orais e de
vanguardas. Pesquisador produtividade do CNPq. Professor da Universidade Estadual de Londrina Eleito em
junho de 2018 presidente da ANPOLL - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Letras e
Linguística.
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Introdução
A presente pesquisa tem como tema o “Sarau Artístico e Literário de Cambé”, a
partir da análise da performance como principal estratégia de inserção do texto poético.
A partir dos anos 90, a poesia se liberta da necessidade de filiações estéticas e a
produção poética se abre para uma multiplicidade de vozes. Heloisa Buarque de Hollanda
(2001, p. 13) afirma que passa-se a haver “uma confluência de linguagens, um emaranhado de
formas e temáticas sem estilos ou referências definidas”, o que acarreta em uma nova
configuração na edição e divulgação do texto poético, que passa a se realizar por meio do
regime de redes estabelecido na contemporaneidade.
Com o regime de redes, o singular se faz presente por meio do coletivo e a
constituição do coletivo se pela afetividade e identidade partilhada, o que garante
visibilidade para a poesia. (LEONE, 2014). Em Londrina e região, a produção literária se
constitui através do regime de redes, sendo o sarau um dos eventos em que o coletivo se
encontra e coloca em ação, por meio da performance, as singularidades afetivamente
marcadas, funcionando como estratégia de disseminação da poesia.
Londrix é marca de um coletivo que se caracteriza pelos trânsitos artísticos,
em que seus membros assumem múltiplos papéis. Torna-se um festival, cuja
importância é a operacionalização da rede, abrindo-a para o contato com
artistas de outros estados, sem deixar de promover poetas locais.
(FERNANDES, 2017, p. 111)
Sendo assim, objetiva-se por meio dessa pesquisa elencar os saraus que acontecem,
em Londrina e região, e mostrar de que forma eles se realizam, compreendendo como esses
eventos poéticos performáticos podem contribuir para a promoção do escritor e legitimação
do processo artístico, entendendo-o enquanto espaço de divulgação por meio da performance
e das redes estabelecidas. Busca-se também refletir a partir dos saraus, os mecanismos de
circulação e práticas performáticas do texto poético oral na atualidade, e seus impactos na
produção cultural na cidade de Londrina e região.
. Even-Zohar (1990) estabelece um diagrama baseado na estrutura jakobsoniana dos
elementos e funções da linguagem, apresentando os elementos do sistema literário e suas
funções, que permite pensar os saraus e a performance enquanto estratégia de inserção do
texto poético, uma vez que esse sistema é intrínseco ao sistema social, totalmente dinâmico,
constituído pelas ideologias literárias, editoras, críticos, grupos literários, agências
governamentais de fomento à cultura e à educação, instituições educacionais, a mídia, que
obedecem às regras do sistema cultural.
Com base nesse modelo teórico-analítico de Even-Zohar (1990) e nos estudos de
Aguilar e Cámara (2017), Leone (2014), Zumthor (2007), Tennina (2013), Silva (2008),
Fernandes (2017), Hollanda (2001) e Rancière (2009), o presente trabalho se dará por meio da
participação nos saraus realizados em Londrina e região, através da observação em um
primeiro momento, a fim de elencá-los, e no segundo momento a análise será feita tendo
como objeto de estudo o “Sarau Artístico e Literário de Cambé”. Esse sarau conta com
grandes fontes de registros que não se o apenas por fotos ou vídeos, mas também por meio
do registro em ata de todas as reuniões. O “Sarau da Leonilda”, como é conhecido
popularmente, é um dos mais antigos da região e um dos que acontece com maior
regularidade, além dos registros importantíssimos feitos através das atas, motivos estes da
escolha desse evento como objeto de análise da pesquisa em tela.
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Os saraus da rede Londrix
O sarau é um evento em que pessoas se reúnem para falar sobre literatura e arte,
marcado por apresentações performáticas, que envolve não a declamação de poemas, mas
também apresentações musicais.
A palavra sarau tem sua origem na palavra latina serum e significa “tarde”, período
em que, de acordo com Tennina (2013), eram realizadas as reuniões que contemplavam
dança, música e literatura.
Desde o século XIX, a palavra sarau para designar esses encontros aparece em livros,
cartas, entre outros documentos que a registram como prática comum àquela época.
Até aproximadamente meados da década de 1920, o mundo do livro
brasileiro era restrito a um pequeno número de consumidores e os artistas
continuavam, como em épocas anteriores, sendo patrocinados por mecenas.
A publicação de livros nacionais era feita em tiragens restritas, com
financiamento do próprio escritor, e competiam com os livros estrangeiros
traduzidos no Brasil. Desde o final do século XIX, São Paulo, por exemplo,
o centro de produção brasileira, dispunha de melhores condições, mas
contava com poucas livrarias, tais como a Casa Eclética, a Empresa Literária
Fluminense, a Paulista, e a famosa Casa Garraux, além dos salões
organizados pela elite paulista. Estes, por sua vez, geralmente constituídos
por uma pessoa economicamente influente, funcionavam como lugar de
encontro para a oligarquia e os artistas desprovidos de recursos financeiros.
(SILVA, 2008, p. 187-188).
A limitação e relação entre literatura e mercado ocorria naquela época, conforme
nos coloca Silva (2008), os saraus já surgem com o intuito de divulgação das obras e dos
artistas. Embora Tennina (2013) aponte esses eventos como forma de representação dupla
daquela época de divulgação e legitimação dos artistas e de exibição das posições de classe
por parte da elite eles foram extremamente importantes para a formação de uma identidade
literária brasileira e por trazer à arte um espírito genuinamente brasileiro.
\
O mais famoso e importante dos salões em São Paulo era o da Vila Kyrial,
ao que se sabe berço de “nascimento” da Semana de 22. Pertencente ao
gaúcho José de Freitas Valle, que foi para São Paulo estudar Direito, o salão
da Vila Kyrial era, no início do século, o ponto de encontro de muitos
artistas, políticos, jornalistas e escritores que freqüentemente se reuniam
para participar de saraus literários, audições musicais, banquetes e ciclos de
conferências. (SILVA, 2008, p. 188).
Os saraus desencadearam ações políticas, artísticas e culturais importantíssimas como
citado por Silva (2008), impulsionando a Semana de 22. E além disso, faz entender a força
que esses movimentos tinham, à medida que faziam as obras circularem e promoverem o
escritor, representando a dinamicidade do sistema literário, em que um largo trajeto é
desenhado até a publicação do livro e que os elementos desse sistema se relacionam de
maneira interdependente.
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As “rodas” passaram a ser o meio através do qual os artistas produziam e
faziam circular suas obras. No tempo das rodas, eram elas as responsáveis
pelo julgamento, pela crítica e pela divulgação do produtor artístico. No caso
do mundo do livro, por exemplo, evidencia-se a importância que as “rodas”
passaram a ter no processo fundamental de promoção do escritor a
publicação dos livros, que segue um largo trajeto até chegar ao editor por
meio de um integrante da “roda”. (SILVA, 2008, p. 189).
Atualmente, os saraus passaram a ter diversas configurações enquanto evento, dos
salões aos cafés e às rodas de artistas, passaram a acontecer em casas, bares, cafés, centros e
espaços culturais, bem como museus, praças, dentre outros espaços, contando com diferentes
atrações artísticos-performáticas e microfones aberto ao público.
Um dos maiores e mais famosos saraus, hoje no Brasil, o sarau da Cooperifa,
realizado na periferia de São Paulo, teve Sérgio Vaz como o organizador do espaço, que fora
realizado no bar do Zé Batidão, em 2001. Em entrevista à pesquisadora Teninna (2013, p. 12),
o escritor afirma que
O espaço que o Estado deixou para nós é o bar, aqui não tem museu, não tem
teatro, não tem cinema, não tem lugar para se reunir, e o bar é o nosso centro
cultural, onde as pessoas se reúnem para discutir os problemas do bairro,
aonde as pessoas vêm se reunir depois do trabalho, onde as pessoas se
reúnem quando vai jogar bola, ou quando é um aniversário, se reúnem para
ouvir e tocar samba, então o bar é a nossa ágora, a nossa assembleia, o nosso
teatro, tudo, a única coisa que o Estado deixou para nós foi o bar, então a
gente ocupou o bar. É isso o que a gente tem, então, é isso o que vamos
transformar. (VAZ, Ségio. In: TENNINA, 2013, p.12)
Sérgio Vaz estabeleceu não o nome do sarau e o espaço em que ele se realizara,
mas também um modus operandi incorporado pelos frequentadores dos saraus e dos
posteriores saraus que foram se formando na periferia de São Paulo. Essa transformação do
espaço, citada por Vaz em entrevista à Tennina (2013), implica numa ressignificação do
espaço produzida pelos saraus.
Os saraus da rede Londrix, incorporam não apenas a cidade de Londrina, mas o seu
entorno, ligando-se a um regime de redes, que segundo Fernandes (2017) se faz presente na
produção literária brasileira. Nesse regime temos uma multiplicidade de eventos acontecendo
atualmente: “O Sarau Artístico e Literário de Cambé”, realizado pela professora e escritora
Leonilda Bissochi, na cidade de Cambé; “Sarau: prosa, poesia e outras delícias”, realizado na
Vila Cultural Cemitério de automóveis, em Londrina; “Sarau das artes”, realizado no sebo
Nosso Sebo; “Sarau Madrepérola”, organizado pela editora londrinense Madrepérola; o
“Carnasarau”, realizado no tradicional Bar Brasil; os saraus realizados pelo projeto “Brisa:
Saraus artísticos”, organizados pela Funcart (Fundação Cultura Artística de Londrina), que
são realizados na Concha Acústica (monumento localizado em uma praça no centro da cidade,
palco de importantes eventos, apresentações e manifestações políticas, artísticas e culturais); o
sarau “Versa e conversa: sarau literário”, organizado pelo Coletivo Versa e o “Sarau das
Pretas”, pelo coletivo Luiza Nahin. Esses saraus acontecem com maior regularidade.
Além disso, a região ainda conta com saraus que acontecem esporadicamente no bar
Valentino e em outros bares tradicionais, nas feiras, nas semanas literárias, no Londrix
(Festival Literário de Londrina), nos museus, dentre muitos outros espaços, alguns
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organizados por instituições privadas que promovem a cultura e a arte, além de coletivos e
instituições que a cada dia surgem com novas organizações de saraus em Londrina e região.
Como visto, esses eventos literários têm como forma de representação a
performance. Zumthor (2007) define a apresentação performática, in praesentia, como única,
dotada de corporeidade, e carregada de sensações e emoções, que nunca será igual a outra,
mesmo que realizada no mesmo lugar com as mesmas pessoas.
Na performance a voz é emanação do corpo, uma representação plena, que não é
apenas uma forma de comunicação que transmite conhecimento, mas que transforma o
conhecimento, e sendo assim transforma de alguma forma o ser. A voz marca tanto o
performer quanto o espectador, estabelecendo uma comunicação poética, uma experiência
vivenciada, e é essa comunicação que permite que o escritor se promova por meio da
performance. (ZUMTHOR, 2007)
Os documentos analisados e as observações/participações nesses eventos levaram à
compreensão de que o sarau é o espaço de realização da performance, e estabelece a relação
de rede com os elementos envolvidos no sistema literário, servindo como estratégia de
inserção da poesia no espaço público.
O “Sarau Artístico e Literário de Cambé” funciona dentro do regime de rede ao
estabelecer “uma trama de complexas conexões pautadas pela ordem das trocas, dos trânsitos
e das relações”. (FERNANDES, 2017, p. 112). Essa definição de rede trazida por Fernandes
(2017), ao retomar as ideias da filósofa Anne Cauquelin, demonstra exatamente a dinâmica do
“Sarau da Leonilda”, que permite trocas entre sujeitos de um mesmo grupo e também com
grupos de outras localidades. A dinâmica do sarau pressupõe uma troca mais próxima entre os
sujeitos, revelando um caráter mais íntimo de configuração do evento que poderá ser visto a
partir do modus operandi estabelecido por Leonilda, e que tem como ápice o momento da
performance.
O sarau Artístico e Literário de Cambé
O “Sarau Artístico e Literário de Cambé”, conhecido popularmente como “Sarau da
Leonilda”, é um sarau que acontece há 15 anos, na cidade de Cambé, município fronteiriço de
Londrina.
Idealizado pela professora e escritora Leonilda Bissochi, o sarau era uma vontade
antiga. Antes ela realizava reuniões em sua casa, na qual discutiam sobre literatura, arte,
política. Essas reuniões ganharam o formato de sarau em 10 de julho de 2003, quando a
escritora realizou o primeiro “Sarau Artístico e Literário de Cambé”, em sua própria casa.
“Aos dez dias do mês de julho de dois mil e três às 20:30 horas, na
residência da poeta e escritora Leonilda Aparecida Bissochi de Freitas,
situada na avenida Canadá, 180, foi realizado o 1º Sarau Artístico e Literário
de Cambé, por inciativa e criação da referida escritora, contando com a
presença de amantes das artes, poetas, escritores, artistas plásticos, músicos.
O presente sarau foi presidido pela autora da ideia, professora Leonilda que
usando da palavra agradeceu a presença de todos, apresentando cada um e
citando o ramo da arte que cada qual pertencia. Falou também de algumas
pessoas que haviam sido convidadas, mas que não puderam comparecer
devido a afazeres particulares, mas prometeram se engajarem neste
movimento cultural. Em seguida, falou aos presentes que decidiu convidar
os artistas da cidade para este sarau que seria o primeiro dos muitos que
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virão. Falou que o objetivo deste encontro é oferecer um espaço para que
cada artista possa manifestar o seu pensamento ou dar vazão a sua arte, seja
ela de que área for. (SARAU ARTÍSTICO E LITERÁRIO DE CAMBÉ, Ata
de reunião do dia 10 de julho de 2003, Livro 1, p. 1)
Desde então, o sarau acontece sempre entre os meses de março e novembro,
geralmente na última semana do mês. E conta com a presença de diferentes pessoas, como
artistas, músicos, escritores, incentivadores e apreciadores da arte e da literatura, pessoas de
diferentes profissões e das mais variadas idades. O sarau é aberto a quem quiser participar,
sendo composto por um grupo que frequenta desde o início, mas também por novos
participantes a cada reunião.
Imagem 1
Fonte: Arquivo pessoal de Leonilda (facebook), 2012
O modus operandi estabelecido por Leonilda, para o sarau em sua residência, segue
uma programação fixa, contando com dois momentos importantíssimos, o momento de
discussão em que um tema é designado, denominado pela idealizadora do sarau de “gancho”,
e o momento ápice da reunião em que a performance é a principal atração, em que cada
participante pode trazer algo para apresentar, sendo autoral ou não.
As atas revelam esse modus operandi criado pela Leonilda, à medida que trazem os
registros descritivos de todas as reuniões, contendo desde o início, com a leitura da ata da
reunião anterior, a aprovação dos participantes e suas respectivas assinaturas, a fala e a
direção do início da presente reunião feita pela escritora, passando pelo “gancho” (tema ou
pergunta lançada para discussão), a fala dos participantes acerca desse tema, as performances
que acontecem no segundo momento da reunião, denominado de “apresentação de trabalhos”,
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o momento de confraternização com o lanche ofertado por Leonilda, ao final de todos os
encontros, e finalizando com os nomes e assinaturas de todos os que estiveram presentes no
dia. Os registros das atas contam ainda com os nomes dos textos apresentados, e com as falas
dos participantes, sendo fielmente registrado conforme ocorrido, permitindo que qualquer
pessoa que as leia, seja capaz de compreender o que aconteceu nesses encontros.
De acordo com Leonilda (2019), em entrevista à autora, a decisão dos registros foi
“para saber o que discutimos e também a evolução dos assuntos. Às vezes eu toco num
assunto que foi discutido faz tempo, para ver como está, pois acredito que a pessoa está
sempre em mudança.”
Para além disso, essas atas ganharam grande valor e importância histórica, artística e
cultural, uma vez que trazem muitas questões acerca do próprio fazer artístico, sobretudo
literário, e do artista que como Leonilda afirma, sofre mudanças no decorrer do tempo.
Esse valor histórico, artístico e cultural atribuído às atas de reuniões do sarau pode
ser evidenciado à medida que marcam as ideias e impressões de um grupo de artistas
contemporâneos sobre essa arte que lhes é contemporânea, como por exemplo, na ata da
reunião do dia 1 de dezembro de 2009, cuja questão “Como percebemos a arte
contemporânea?”, foi sugerido como “gancho” para as discussões, ou como no registro do dia
18 de agosto de 2009, em que o tema A globalização inibiu a criação artística?”, permitiu
aos artistas manifestarem sua opinião acerca do seu próprio tempo.
A ata, um documento que remete à burocracia, é ressignificado por Leonilda,
passando a ser utilizada como fonte de memória. Apesar de toda formalidade que a escritora
mantém ao registrar as reuniões, o caráter burocrático da ata fica esquecido dando lugar à
memória.
As atas representam fonte de conhecimento e pesquisa para a posteridade, mostrando
as características, os elementos, as perspectivas e a visão de mundo não dos autores que
frequentam o sarau, mas também de uma determinada época, no âmbito social e artístico-
literário.
O tema da noite foi: “A arte consegue mudar o mundo?”. Para Dona Martha
a arte, mesmo a arte, mesmo sem o devido valor, ela é capaz de influenciar e
muito. A arte encanta a todos desde a criança até o adulto. Lorraine acha que
a arte muda o comportamento da criança quanto ao seu comportamento,
disciplina, conceitos. A arte influencia o mundo e é influenciada por ele.
Zulmira diz que a arte influencia o mundo, pois por exemplo na época da
ditadura os artistas foram exilados porque o governo sabia que sua arte
influenciaria no comportamento da nação. Para Ely a arte influencia e muda
o comportamento das pessoas. E todos nós temos talento para a arte, é
preciso ser canalizada. Segundo Diego Navarro a arte não muda o
comportamento de quem faz arte como também de quem não faz, mas a
aprecia. ((SARAU ARTÍSTICO E LITERÁRIO DE CAMBÉ, Ata de
reunião do dia 22 de setembro de 2005, livro 1, p. 17)
Esse momento da reunião marcado pela discussão do tema da noite é o momento em
que a máscara e a pose do escritor estão em cena. O artista se autoapresenta, a partir de seu
discurso público, de suas ideias, da maneira como se posiciona, seus trejeitos, vestimentas e
opiniões. Assim, a imagem pública do escritor é apresentada a todos por meio de um ato
performático que o marca enquanto figura pública.
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Imagem 2
Fonte: Arquivo pessoal de Leonilda (facebook), 2012
A máscara e a pose, de acordo com Aguilar e Cámara (2017, p. 141), “são
dispositivos da modernidade literária”, que envolvem a vida pública, a instituição, o escritor e
o mercado, ou seja, a forma pública como o autor se autoapresenta funciona também como
estratégia de divulgação de seus textos e de si mesmo enquanto escritor, interferindo
diretamente na sua relação com o mercado e com o público.
A máscara necessita de um discurso, de todo o discurso público do autor, a pose
envolve o corpo com suas vestimentas, trejeitos, lugares que frequenta, gestos e ambos
contribuem para a relação autor/público e consequentemente mercado. Diante disso, a postura
pública do escritor funciona como uma estratégia de divulgação do seu próprio texto, através
das relações estabelecidas socialmente por meio da máscara e da pose. (AGUILAR;
CÁMARA, 2017).
Dentro da programação do “Sarau artístico e literário de Cambé”, o momento de
discussão do tema contribui não só para teoria literária enquanto discussões sobre a literatura,
que possam levar a novos caminhos a partir das ideias de cada sujeito inserido no sistema
literário e de questões políticas e culturais, como também é o momento em que o autor se faz
presente performaticamente através da máscara e da pose, utilizando-se da autoapresentação
de suas ideias para divulgação de seus textos. No sarau, o escritor promove seu texto e a sua
figura enquanto autor para estabelecer relações com o público e com o mercado.
Além disso, há 9 anos, o sarau sai da casa da escritora uma vez por ano, para adentrar
os espaços públicos da cidade de Cambé, como as escolas e o centro cultural da cidade,
contando com a participação de artistas, músicos e escritores, professores, pais, alunos e
funcionários das escolas públicas do município, representantes do poder público e da
comunidade em geral.
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Aos quatorze dias do mês de setembro do ano de 2010, realizou-se mais uma
reunião do Sarau A. Literário, tendo como local o Centro Cultural de Cambé
e sob a coordenação da Secretaria Municipal de Educação, juntamente com
Leonilda Bissochi os trabalhos foram iniciados com a palavra da Secretária
de Cultura, professora Arisia, dando abertura à reunião [...]. (SARAU
ARTÍSTICO E LITERÁRIO DE CAMBÉ, Ata de reunião do dia 14 de
setembro de 2010, Livro 1, p. 56).
Imagem 3
Fonte: Arquivo facebook da prefeitura de Cambé, 2018
Quando o “Sarau da Leonilda” sai de sua casa para adentrar um espaço público, o
modus operandi segue o mesmo, no entanto, a programação e o número de participantes se
ampliam. um protocolo de apresentação de autoridades e de escolas e professores, bem
como a fala de abertura de Leonilda, em seguida a discussão do tema, as apresentações
performáticas e, por fim, a confraternização com um lanche.
Um trabalho é realizado nas escolas de Cambé com os alunos, cuja culminância é o
sarau, trabalhos literários e artísticos são expostos por todo espaço onde o sarau acontecerá e,
dessa forma, ele é ocupado e ressignificado. Esse espaço compõe a máquina performática e os
signos nele presentes ganham corpo e voz à medida que se cria um espaço de criatividade, de
arte e de literatura que permitem a expressão de uma subjetividade por meio da performance.
A performance não passa, no caso dos saraus, pelo campo experimental: não
se trata de avançar para a produção de novos tipos de signos, mas sim de
utilizar todos os gêneros estabelecidos que tenham a ver com a expressão
de uma subjetividade, dos depoimentos aos poemas. (AGUILAR;
CÁMARA, 2017, p. 133)
A ocupação desse espaço permite então a ressignificação dos signos ali presentes e a
partir disso o espaço se funde com o performer, revelando uma subjetividade do ato
performático e esse ato performático que ocorre apenas uma vez e depois se dissolve no ar
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acaba por ter o espaço como um arquivo das performances que ficará marcado na lembrança
das pessoas.
Retomando as ideias de Zumthor (2007), sobre a performance infere-se que, após o
ato performático, fica o espaço ocupado e ressignificado por aqueles que estiveram presentes,
que sempre ao entrar em contato com determinado espaço terão a lembrança daquele
momento único, dotado de corporeidade que passa a marcar a subjetividade do expectador.
E isso acontece tanto no espaço público em que o sarau se realiza, como no privado,
a casa de Leonilda, que ao ser aberta a todos que quiserem participar do sarau também se
transforma em um espaço compartilhado e ressignificado por meio da performance e dos
signos ali presentes.
Performance e estratégia de inserção do texto poético
Na arte contemporânea, a inexistência de um zeitgest faz com que as conexões
artísticas e literárias se façam por meio do regime de redes, ou seja, o sujeito estabelece uma
nova forma de conectividade a partir da partilha do comum, buscando restaurar laços afetivos
de vivência e uma identidade partilhada, do individual para o coletivo. (RANCIÈRE, 2009)
De acordo com Leone (2014, p. 46), a rede permite novas formas de agrupamentos
artísticos, sendo os saraus, sobretudo o Sarau Artístico e Literário de Cambé, uma forma
desses agrupamentos. Historicamente, o sarau o pode ser considerado uma nova forma,
que tem suas raízes nos salões do século XIX. Na contemporaneidade, ganhou novos
formatos e vem contribuindo para o estabelecimento dessas redes, que propiciam vislumbrar
novas estratégias de visibilidade, inserção e divulgação do texto poético, tendo a performance
como uma das principais.
É no sarau que a máquina performática se coloca em ação. Corpo, voz, espaço,
máscara e pose se conjugam num ato em que o texto ganha vida e funciona como meio de
divulgação e inserção da poesia.
O momento da performance é o ápice do Sarau artístico e literário de Cambé, o qual
os participantes declamam, cantam ou dramatizam seus textos:
Inicialmente Bruna de Freitas Fiorini leu o poema de sua autoria “O tempo”;
Ralph leu dois poemas de sua autoria. Zulmira leu um texto do autor
argentino Ernesto Sábato; Eby declamou o primeiro poema que compôs [...]
Felipe leu de sua autoria os poemas: Perpétua, Soneto de sua tristeza e
Despetalada. Edson leu a primeira parte de seu conto “Tudo outra vez”, e leu
também “Epílogo da vida perene”. Djalma nos apresentou a música: “Batata
quente”, letra e música de sua autoria, acompanhado de violão e gaita.
Também apresentou a música “Compositor”, de sua autoria, acompanhado
de violão e gaita. Karina cantou ao violão “Samba Morena”. Wagner
apresentou três poemas de sua autoria: Páginas Picadas, Química do amor e
Como um flash. (SARAU ARTÍSTICO E LITERÁRIO DE CAMBÉ, Ata de
reunião do dia 15 de março de 2011, Livro 1, p. 60)
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Imagem 4
Fonte: arquivo pessoal, 2019.
Durante as reuniões do sarau, o momento da performance emociona, faz ri e conecta
o performer aos espectadores. Os participantes colocam suas experiências poéticas, artísticas e
literárias em cena e vivem as experiências do outro, ocorrendo então o que Jacques Rancière
(2009) denomina como a partilha do sensível, um sensível que se faz ser visto e que ao
mesmo tempo que revela um comum. Também mostra o que é individual, particular, a partir
das experiências trazidas nesse momento do sarau.
Na performance, uma recepção mais direta, este laço entre autor e leitor acontece
com menor esforço uma vez que a presença corporal de quem fala/autor e do ouvinte/leitor, e
a presença da teatralidade ou da espetacularidade criam essa relação direta, fazendo com que
os sentimentos possam ser vivenciados, experienciados de forma única. Na performance não
exigem-se manifestações corporais obrigatórias, no ato performático as coisas acontecem de
forma espontânea. (ZUMTHOR, 2007).
O produtor desempenha, na contemporaneidade, vários papéis, inclusive o de
escritor. Estabelece-se, portanto, uma reconfiguração do sistema à medida que a relação entre
o mercado e o texto não se dão apenas por fatores econômicos, mas também por fatores e
escolhas afetivas ocorridas num espaço onde múltiplas subjetividades e expressões se fazem
presentes por meio da performance. (EVEN-ZOHAR, 1990; LEONE, 2014).
Nesse sentido, Leonilda Bissochi desempenha alguns papéis dentro do polissistema
literário. Além de escritora, atua como produtora, revisora e incentivadora, colaborando para a
divulgação de vários escritores como, por exemplo, o jovem escritor londrinense Felipe
Pauluk, que começou participando do sarau e hoje ganha o cenário nacional não com a
poesia, mas também com seus roteiros e contos. Leonilda revisou o primeiro livro do escritor
“Meu tempo de carne e osso” e escreveu o prefácio:
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Ler os poemas de Felipe Pauluk é o mesmo que mergulhar num verdadeiro
caleidoscópio de sensações, prazeres e uma eterna e contagiante alegria,
poisele escreve com a maestria de um veterano nesta difícil arte de transmitir
o que sente a alma.
Como diziam os sábios, o poeta é o grande mensageiro da humanidade,
um verdadeiro “profeta do seu tempo” e assim nesta obra, o autor utiliza
frases construídas com tamanha destreza e intensidade para descrever todos
os sentimentos inerentes ao ser humano, tal qual a sutileza dos grandes
mestres e filósofos. Sentimentos estes, que não se pode dizer que sejam eles
seus, ou apreendidos e incorporados como um toque de mágica a sua
personalidade. (BISSOCHI, 2011, online, s/p)
O trabalho de Leonilda e a realização do sarau impactam diretamente na literatura
londrinense, visto que a relação estabelecida por meio dos participantes, abrange não a
cidade de Cambé, mas toda a região metropolitana de Londrina, atuando dentro da rede
Londrix. Nesse sistema literário dinâmico em que o sarau está inserido, o impacto se não
apenas na divulgação e na visibilidade do texto poético, mas também no fortalecimento da
produção literária local. A parceria com a Secretaria de Educação e Cultura da cidade de
Cambé e com as escolas também amplia a rede de relações estabelecidas no sarau de sua casa
para toda a comunidade local.
Além disso, a rede estabelecida a partir do sarau permite o compartilhamento de
novas formas de fazer poético e novas maneiras de pensar literatura, contribuindo com a
formação da literatura londrinense, a partir de uma subjetividade atravessada por outras
subjetividades e de uma liberdade do fazer poético que caracteriza a poesia atual.
Hoje, os saraus estão cada vez mais presentes no meio literário, cada dia surgem
novos saraus sendo organizados em Londrina e região. A grande importância desses eventos
para a literatura e para o escritor pode ser verificada por meio das atas em vários momentos
em que os participantes do sarau discutem acerca das reuniões. Um metassarau acontece em
algumas reuniões em que o tema a ser discutido é o próprio sarau, o sarau tratando do próprio
sarau.
[...] os trabalhos foram iniciados às 21:00 horas com a discussão do tema da
noite sugerido na última reunião pela Márcia que foi “Que espaço ocupa um
sarau nos dias de hoje?” Para Clayton significa fomentar a cultura de
maneira mais ampla. É um momento de reflexão para se discutir a arte.
Márcia diz que é uma necessidade hoje, pois atualmente as pessoas não saem
não se encontram. O sarau é fundamental para a reunião das pessoas. Para
Felipe é algo nostálgico. Poeticamente o sarau ocupa o espaço de uma
pérola. É como se estivéssemos numa redoma. O sarau resgata o olho no
olho. (SARAU ARTÍSTICO E LITERÁRIO DE CAMBÉ, Ata de reunião do
dia 10 de agosto de 2010, livro 1, p. 55)
Nesses momentos de discussão do metassarau, registrados nas atas, em que o sarau
discute o próprio sarau, bem como com a participação nos encontros na casa de Leonilda, é
possível perceber o quanto a performance afeta todos os que participam desses eventos.
Alguns participantes descrevem o sarau como “terapêutico”, “que possui um efeito catártico”,
“encontros que só engrandecem”, o que leva a perceber até mesmo por meio das atas o quanto
o sarau e a performance evocam sensações e emoções em todos os que estão presentes.
O sarau artístico e Literário de Cambé é um mecanismo de fomento, de
fortalecimento, de divulgação e visibilidade do texto poético na atualidade, que permite a
utilização de várias linguagens e faz da performance um espaço de ressignificação do texto
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impresso. Portanto, infere-se que atualmente a presença dos saraus está cada vez mais
presentes no meio artístico literário local devido ao seu alcance e à capacidade que esses
eventos possuem de estabelecer e colocar em funcionamento as redes estabelecidas.
Considerações finais
No cenário atual, os saraus são uma realidade, funcionando como mecanismo de
divulgação, visibilidade e estratégia de inserção do texto poético, por meio da performance
que é o cerne desses eventos.
O sarau artístico e literário de Cambé tem um modus operandi próprio, criado por
Leonilda Bissochi que permite uma relação mais estreita e mais íntima com seus
participantes. Seu formato pressupõe uma organização de falas, o que quebra um pouco a
espontaneidade de interação direta do público. No entanto, existem espaços para convívio e
troca de ideias entre os participantes, ao final, no café oferecido por Leonilda.
A documentação das atas, que servem como registro histórico, e as discussões
realizadas durante as reuniões são pontos que contribuem para a formação literária local, a
partir de reflexões de temas importantes que interferem diretamente no fazer poético e na
teoria literária. Esses registros possibilitam uma nova forma de pensar a literatura
contemporânea, que congrega a liberdade do fazer poético, a expressão por meio de múltiplas
linguagens (performance) e novos meios de divulgação do texto para além do impresso.
O “sarau da Leonilda” ocupa um espaço de grande importância na produção literária
londrinense, pois atua no polissistema literário e corrobora para a formação, ampliação e
criação de sistemas de redes que formam a produção literária atual.
O estudo do “Sarau artístico e literário de Cambé” e dos saraus de um modo geral
contribui para que a teoria literária tome novos rumos de análise na literatura contemporânea,
possibilitando pensar a literatura atual e sua formação por meio deles e das redes de relações
estabelecidas a partir deles.
Referências
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experimental. Rio de Janeiro: Rocco, 2017.
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Disponível em http://comidadibutequim.blogspot.com/2011/05/meu-tempo-de-carne-e-osso.html.
Acesso em: 27 jul. 2019, às 10:35.
BISSOCHI, Leonilda. Entrevista [mensagem pessoal]. Mensagem recebida via whatsapp por
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ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção e leitura. Tradução de Jerusa Pires Ferreira e
Suely Fenerich. São Paulo: Cosac Naify, 2007, 128p.
[Recebido: 29 out. 2019 Aceito: 22 jan. 2020]