As “rodas” passaram a ser o meio através do qual os artistas produziam e
faziam circular suas obras. No tempo das rodas, eram elas as responsáveis
pelo julgamento, pela crítica e pela divulgação do produtor artístico. No caso
do mundo do livro, por exemplo, evidencia-se a importância que as “rodas”
passaram a ter no processo fundamental de promoção do escritor – a
publicação dos livros, que segue um largo trajeto até chegar ao editor por
meio de um integrante da “roda”. (SILVA, 2008, p. 189).
Atualmente, os saraus passaram a ter diversas configurações enquanto evento, dos
salões aos cafés e às rodas de artistas, passaram a acontecer em casas, bares, cafés, centros e
espaços culturais, bem como museus, praças, dentre outros espaços, contando com diferentes
atrações artísticos-performáticas e microfones aberto ao público.
Um dos maiores e mais famosos saraus, hoje no Brasil, o sarau da Cooperifa,
realizado na periferia de São Paulo, teve Sérgio Vaz como o organizador do espaço, que fora
realizado no bar do Zé Batidão, em 2001. Em entrevista à pesquisadora Teninna (2013, p. 12),
o escritor afirma que
O espaço que o Estado deixou para nós é o bar, aqui não tem museu, não tem
teatro, não tem cinema, não tem lugar para se reunir, e o bar é o nosso centro
cultural, onde as pessoas se reúnem para discutir os problemas do bairro,
aonde as pessoas vêm se reunir depois do trabalho, onde as pessoas se
reúnem quando vai jogar bola, ou quando é um aniversário, se reúnem para
ouvir e tocar samba, então o bar é a nossa ágora, a nossa assembleia, o nosso
teatro, tudo, a única coisa que o Estado deixou para nós foi o bar, então a
gente ocupou o bar. É só isso o que a gente tem, então, é isso o que vamos
transformar. (VAZ, Ségio. In: TENNINA, 2013, p.12)
Sérgio Vaz estabeleceu não só o nome do sarau e o espaço em que ele se realizara,
mas também um modus operandi incorporado pelos frequentadores dos saraus e dos
posteriores saraus que foram se formando na periferia de São Paulo. Essa transformação do
espaço, citada por Vaz em entrevista à Tennina (2013), implica numa ressignificação do
espaço produzida pelos saraus.
Os saraus da rede Londrix, incorporam não apenas a cidade de Londrina, mas o seu
entorno, ligando-se a um regime de redes, que segundo Fernandes (2017) se faz presente na
produção literária brasileira. Nesse regime temos uma multiplicidade de eventos acontecendo
atualmente: “O Sarau Artístico e Literário de Cambé”, realizado pela professora e escritora
Leonilda Bissochi, na cidade de Cambé; “Sarau: prosa, poesia e outras delícias”, realizado na
Vila Cultural Cemitério de automóveis, em Londrina; “Sarau das artes”, realizado no sebo
Nosso Sebo; “Sarau Madrepérola”, organizado pela editora londrinense Madrepérola; o
“Carnasarau”, realizado no tradicional Bar Brasil; os saraus realizados pelo projeto “Brisa:
Saraus artísticos”, organizados pela Funcart (Fundação Cultura Artística de Londrina), que
são realizados na Concha Acústica (monumento localizado em uma praça no centro da cidade,
palco de importantes eventos, apresentações e manifestações políticas, artísticas e culturais); o
sarau “Versa e conversa: sarau literário”, organizado pelo Coletivo Versa e o “Sarau das
Pretas”, pelo coletivo Luiza Nahin. Esses saraus acontecem com maior regularidade.
Além disso, a região ainda conta com saraus que acontecem esporadicamente no bar
Valentino e em outros bares tradicionais, nas feiras, nas semanas literárias, no Londrix
(Festival Literário de Londrina), nos museus, dentre muitos outros espaços, alguns