BOITATÁ, Londrina, n. 26, ago.- dez. 2018 25
Revista do GT de Literatura Oral e Popular da ANPOLL ISSN 1980-4504
O ESTUDO DAS TRADIÇÕES ORAIS VIVAS: PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS EM DIFERENTES EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS
Maria Ignez Novais Ayala (UFPB)
RESUMO: Estudar documentos orais implica exercitar diferentes metodologias, optando por uma
interdisciplinaridade. É dado destaque para os artistas populares, para seus saberes e papel nas
comunidades, contribuindo-se para o conhecimento das culturas orais brasileiras de diferentes
maneiras. Além dos modos de narrar, das circunstâncias que propiciam ou propiciaram a criação de
versos, de situações de vida selecionadas como memoráveis, sobressaem as pessoas e suas histórias de
vida, suas vivências, o que permite entender algumas das múltiplas facetas da história cultural
brasileira, da memória do cotidiano e das poéticas orais. As análises apresentam-se em forma de
ensaio, com diferentes procedimentos junto com outros, bem como os resultados evidenciam como é
dirigido o olhar dos pesquisadores, antes de tudo, para as pessoas que fazem a cultura popular, que
comentam e explicam suas tradições. Tem importância fundamental a escuta e a observação direta.
Palavras-chave: Culturas populares. Culturas orais. Literatura de cordel. Poéticas orais. Metodologia.
ABSTRACT: Studying oral documents implies experimenting a set of methodologies as a choice for
interdisciplinarity. It is given special emphasis to popular artists, to their knowledge and role in
communities, as a contribution to the knowledge of Brazilian oral culture in diverse ways. Besides the
narration modes, the circumstances that enable or enabled the creation of verses, of life situations
selected as memorable, it is reinforced some of multiple facets of the Brazilian cultural history, as well
as current events memory and oral poetics. The analysis are presented in an essay form using different
kinds of procedures in some arrangments, as well as the results outline how is focused the attention,
the view of researchers, above all to the people who actually make popular culture happen, the ones in
charge of describing and explaining their traditions. In this process, listening and direct observation
are fundamental skills and attitudes.
Keywords: Popular culture. Oral culture. Cordel literature. Oral poetics; Methodology.
1.Introdução
Fazer análise de documentos orais implica exercitar diferentes metodologias, optando
por uma interdisciplinaridade. Ao tratar os relatos de artistas populares e outras pessoas
comuns, ao dar destaque para as vozes dos colaboradores, para seus saberes e papel nas
comunidades, contribui-se para o conhecimento das culturas orais brasileiras de diferentes
maneiras. Além dos modos de narrar, das circunstâncias que propiciam ou propiciaram a
criação de versos, de situações de vida selecionadas como memoráveis, sobressaem as
pessoas e suas histórias de vida, suas vivências, o que permite entender algumas das múltiplas
facetas da história cultural brasileira, da memória do cotidiano e das poéticas orais.
Tenho desenvolvido pesquisas sobre as culturas populares brasileiras desde 1972,
quando, ainda bem jovem, tinha uma energia incansável e um desejo de conhecer as tradições
orais vivas, encontradas em festas de devoção popular como as festas do Divino, Santa Cruz,
Santos Reis, em pagamento de promessas como a Dança de São Gonçalo, em carnaval em
cidades do estado de São Paulo e do Nordeste, em cantorias de viola nordestinas. Munida de
caderneta para anotações, uma máquina fotográfica, gravador e muitas pilhas passava dias e
noites observando, escutando, anotando e conversando com os artistas populares. Tudo era
feito para conhecer o que motivava os grandes escritores da Literatura Brasileira e que
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acontecia em datas específicas, em tempos de festa de rua carnaval, quaresma, festas
juninas, festas de Natal.
Passados anos e cadas, estas e muitas outras observações diretas são a base para
minhas atividades principais de pesquisa acadêmica. A amplitude documental do acervo
gerado por pesquisas de campo, a opção por procedimentos metodológicos que dão destaque
às explicações dos artistas populares e delas partem para a caracterização da poesia, em
repentes, em cantos acompanhados ou não de dança, têm me levado à abordagem dos
contextos em que se realizaram os registros e à necessária textualização da forma de
expressão cultural estudada.
Tratados em forma de ensaio, diferentes procedimentos junto com outros, bem como
os resultados evidenciam como dirijo o olhar, antes de tudo, para as pessoas que fazem a
cultura popular, que comentam e explicam suas tradições. Firma-se desde cedo a importância
da escuta e da observação direta. Também fica evidente que sempre experiência teórica
resultante da combinação de várias leituras de autores de diferentes áreas que me levam a
questionar, a pensar de um modo empenhado e crítico.
Antes de tudo, preciso informar que desde os primeiros contatos com artistas
populares em apresentações públicas no início dos anos 1970 até hoje o que me atrai são as
pessoas. Essas pessoas me fascinaram e me fascinam de tal modo, que ainda é difícil explicar
o porquê. Cada qual me fisgou de um jeito, seja pelo modo de tocar, cantar, dançar, rezar, seja
durante a conversa. Mesmo quando a conversa era sobre cantos, versos, histórias, essas
pessoas se tornaram especiais por um toque de humor, por um comentário inesperado, pelo
negaceio, por seu modo de entender o que está na vida, no mundo, às vezes tentando apontar
o que é misterioso.
Não pensem com isso que em algum momento achei exótica qualquer prática cultural.
A concepção de beleza sempre foi observada em coisas miúdas.
Atualmente estou revisitando entrevistas antigas gravadas em áudio e transcrições que
contêm histórias encaixadas. A investigação está voltada para a memória de mestres que se
tornaram referências culturais de diferentes atividades artísticas. Serão estudados gêneros
discursivos memorialísticos (histórias de vida, relatos) como testemunhos de experiências
vivenciadas, em que se misturam gêneros poéticos e narrativos.
A partir da escuta pretendo encontrar as estruturas de encaixe das histórias à vida
testemunhada. Os resultados esperados, por sua vez, vão se configurar também como
testemunhos de experiências vivenciadas pela pesquisadora tanto por ter feito os registros,
quanto por ter se somado a eles pelos procedimentos metodológicos de escutar, observar,
analisar, narrar. Além do ensaio será apresentada uma forma narrativa aqui denominada de
crônica etnográfica, em que se destacam transições temporais do passado ao presente e vice-
versa, experimentando modos de justapor palavra, som e imagem.
2. Identificando a presente proposta
Passo a apresentar o projeto, com o qual dou continuidade ao estudo de formas de
expressão do Patrimônio Imaterial Brasileiro (poesia, narrativa, canto, música e dança), cujas
fontes principais são registros sonoros, audiovisuais e fotográficos resultantes de pesquisas de
campo, feitas no estado da Paraíba, em diferentes momentos do Século XX e primeiras
décadas do Século XXI.
Serão retomadas e aprofundadas análises anteriores, bem como serão realizadas novas
investigações na documentação oral e escrita reunida, de modo a concluir estudos acadêmicos
de longa duração que venho realizando na Universidade Federal da Paraíba, com diferentes
formas de apoio e bolsas PQ, concedidas pelo CNPQ. O projeto está centrado em três eixos de
análise documental.
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No primeiro eixo O legado de pesquisas de campo realizadas em três períodos
serão feitos estudos comparados do legado das pesquisas sobre saberes e fazeres tradicionais
de artistas populares, realizadas por Mário de Andrade em 1928/1929 e pela Missão de
Pesquisas Folclóricas, em 1938, especialmente na Paraíba, contrastando com documentação e
análises resultantes de projetos coletivos coordenados por Maria Ignez Novais Ayala e
Marcos Ayala (1992-2017). Ao buscar os herdeiros das tradições (remanescentes e
descendentes de grupos e artistas populares, mencionados nas pesquisas mais antigas), foram
reunidos muitos relatos e performances em bairros de João Pessoa e em outros municípios do
Estado da Paraíba, fundamentais para a análise das poéticas orais. Foram feitos estudos de
várias formas de expressão, a partir da documentação obtida por nossas pesquisas de campo,
mas faltam, ainda, estudos comparados para precisar o que ocorreu em termos de
permanências e mudanças nas poéticas orais durante este longo tempo. Além disso, será feita
uma justa homenagem às pesquisas e reflexões pioneiras de Mário de Andrade e da Missão de
Pesquisas Folclóricas, realizadas há noventa e oitenta anos, respectivamente, enfatizando suas
contribuições para estudos recentes. Procurar-se demonstrar também a importância da
observação direta em pesquisa de campo, procedimento metodológico valorizado nas três
pesquisas, bem como a organização dos dados reunidos que priorizam os brincantes e outros
colaboradores, mencionando seus nomes e contextualizando seus saberes e fazeres.
No segundo eixo Estudos sobre poéticas orais nordestinas e testemunhos de
experiência vivenciada a investigação enfoca as poéticas orais nordestinas e testemunhos
de experiências vivenciadas, recorrendo a documentos resultantes dos projetos individuais ou
coletivos, selecionados para as análise de algumas formas de expressão de artes verbais
tradicionais a serem realizadas, tais quais: folhetos da chamada literatura de cordel, cantados
ou declamados por integrantes do público ouvinte/leitor; repentes, poemas e canções,
notadamente a produção de mulheres repentistas. Também serão estudados gêneros
discursivos memorialísticos (histórias de vida, relatos) como testemunhos de experiências
vivenciadas, em que se misturam gêneros poéticos e narrativos.
No terceiro eixo Diferentes registros orais transcritos: textos escritos de ouvido
os estudos considerarão os registros de transmissão oral (relatos, narrativas e outros gêneros
discursivos e literários). Ao serem transcritos, tornam-se textos escritos “de ouvido”,
mantendo, entretanto, expressões e modos de falar, em que pulsa a oralidade. Será
evidenciada a importância da escuta para o estudo de artes verbais tradicionais contadas,
cantadas ou dramatizadas. Busca-se, também, expressar a poeticidade e os modos de narrar
dos mestres e experimentar formas textuais híbridas, mesclando ou justapondo trechos orais,
transcrições escritas e fotos.
Trata-se de um estudo síntese de questões que têm sido desenvolvidas ao longo de
minha vida acadêmica, que aprofundará e redimensionará perspectivas de análise. Sobretudo,
por oferecer a estudiosos e interessados não a oportunidade de acompanhar como se tem
analisado a documentação das culturas orais, mas também de ter em suas mãos e diante dos
olhos e ouvidos uma experiência compartilhada, através da documentação singular da
vivência de inúmeros artistas tradicionais de diferentes gerações, captados em suas vozes e
gestos por pesquisadores em diferentes tempos.
As análises apoiar-se-ão em documentos de diferentes formas de expressão de
literatura oral, várias delas com poesia junto com canto, música, dança e representação
dramática, documentação esta gerada por três pesquisas de campo, muitas vezes feitas em
comunidades em que as artes tradicionais se mantêm até a atualidade. Por outro lado, os
registros preservados testemunham a longa duração que os conhecimentos tradicionais orais
têm, permitindo-nos demonstrar, com a viva voz dos artistas populares, de que maneira várias
gerações atualizam cantos, danças rituais, entre outros saberes. Neste caso, os estudos a serem
realizados vão destacar, ainda, a importância de procedimentos técnicos de preservação de
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acervo, sem o que não teríamos acesso à palavra cantada em diferentes períodos nem à
performance dos atores, além de descrições e interpretações documentais dos pesquisadores.
Outra questão que justifica a realização deste projeto diz respeito à análise dos
processos de transcrição de entrevistas e conversas com mestres que se tornaram referências
culturais de diferentes práticas artísticas. A metodologia para a transcrição textual das artes
verbais tradicionais por transmissão oral, bem como as tentativas de ter expressiva
amostragem das vozes em performance, variaram com o tempo, tanto nos registros sonoros e
audiovisuais da Missão de Pesquisas Folclóricas, quanto na documentação reunida no Acervo
Ayala.
As análises de transcrições textuais, com marcas da oralidade, serão acrescidas, desta
vez, com novas abordagens metodológicas e novos questionamentos, relacionados com o fato
de textos orais tornarem-se textos escritos “de ouvido”. Afinal, sem a escuta, no momento de
captação dos registros sonoros, e as sucessivas escutas da documentação oral durante o
processo de transcrição da palavra oral não haveria o texto escrito, resultante da passagem da
oralidade à escrita. Saber ouvir, saber anotar as ocorrências durante a pesquisa e as
impressões dos pesquisadores, junto com a organização constante da documentação são
procedimentos metodológicos que aproximam e permitem que também se realizem os estudos
comparados programados, os quais valer-se-ão de registros sonoros feitos em uma mesma
região, com aproximadamente oitenta anos de distância temporal, pela Missão de Pesquisas
Folclóricas e por nós, que atuamos nas pesquisas coletivas do Laboratório de Estudos da
Oralidade da Universidade Federal da Paraíba. Os procedimentos metodológicos utilizados
neste projeto também permitirão evidenciar como as vidas dos artistas estão imbricadas com
as artes verbais tradicionais por eles praticadas, seja em gêneros discursivos memorialísticos
(histórias de vida, relatos e outros testemunhos de experiências vivenciadas), seja em gêneros
poéticos e narrativos.
Acredito ainda que o conjunto de experiências, antecedido por estudos de caso de
muitas formas de expressão tradicionais, e o aprofundamento de análises sobre as poéticas
orais brasileiras, aqui proposto, podem contribuir, de certo modo, para a percepção do diálogo
fecundo que escritores da Literatura Brasileira estabelecem com as artes verbais tradicionais.
Deste modo, pretendo fechar o circuito de minhas atividades de ensino, pesquisa e
orientação, ou seja, minhas produções acadêmicas regulares na Universidade Federal da
Paraíba, iniciada no Programa de Pós-Graduação em Letras (1983-2006), desenvolvida e em
conclusão no Programa de Pós-Graduação em Linguística (PROLING), em que atuo, desde
2006, como professora colaboradora aposentada.
3. Metodologia
O presente projeto será desenvolvido de modo a ampliar os estudos de registros
sonoros e audiovisuais existentes no Acervo Ayala, destacando a importância das fontes orais
e a necessidade de estudá-las como poéticas orais. Mesmo quando a produção oral tradicional
passa por um processo de transposição para a escrita, não se deve perder de vista que se trata
de uma “escrita de ouvido”, utilizando aqui a expressão de Librandi-Rocha (2014)
17
. As
culturas tradicionais em estudo têm a especificidade de serem orais ou, em outros casos,
escritas para serem oralizadas (cantadas ou declamadas) por participantes dessas culturas.
Estudos realizados e em desenvolvimento nos fazem considerar a oralidade como um
grande sistema cultural:
17
Valho-me do conceito de Marília Librandi-Rocha, adaptando-o para o contexto das culturas orais e estudo
etnográfico.
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A oralidade é entendida como forma de transmissão, mas, sobretudo, como
conjunto de sistemas culturais com visões de mundo, ações, normas e
valores estéticos e sociais que envolvem múltiplas temporalidades.
Encontrados em comunidades urbanas e rurais, indígenas e quilombolas,
esses sistemas também podem se valer de outras linguagens, como, por
exemplo, a da escrita, na assim chamada literatura de cordel, com seus
folhetos, poemas e canções; da xilogravura, pintura e escultura; de
encenação sério-cômica, mesclada com canto e dança, contendo elementos
poéticos, narrativos e épicos: contam histórias, mostram a ação de pessoas
ou de personagens. (AYALA; AYALA, 2015, p. 6)
Alguns procedimentos que orientam a realização de registros e estudos das tradições
orais vivas foram ressaltados no livro eletrônico acima citado, Metodologia para a pesquisa
das culturas populares (AYALA; AYALA, 2015), à disposição dos leitores no site
www.acervoayala.com.
Têm sido adotados conceitos de Patrimônio Imaterial, conforme as orientações do
IPHAN e UNESCO, privilegiando as culturas populares tradicionais, nas quais as formas de
conhecimento são repassadas por transmissão oral, em contraste com outras formas de
conhecimento alicerçadas na escrita. No que se refere ao “objeto” de pesquisa:
Os objetos culturais são importantes para a análise, mas a prioridade recai no
ponto de vista dos sujeitos que participam das culturas tradicionais. Mesmo
quando, através de um estudo comparativo de estruturas poéticas e
narrativas, suas práticas culturais pareçam não sofrer grandes mudanças, não
devem ser tratadas como “sobrevivência do passado no presente”, como
entendiam os antigos folcloristas
18
. Ao contrário, as comunidades e suas
atividades culturais são contemporâneas, fazem parte de um contingente
enorme da população, embora nem sempre sejam reconhecidas devidamente
como protagonistas de cultura. Devido à coexistência de múltiplas
temporalidades, nem sempre é fácil de ser compreendida como cultura, ou
seja, como aquilo que não identidade, no sentido de fazer a diferença,
como no sentido de fazer parte da vida das pessoas que manifestam suas
dores, suas alegrias, seus prazeres, enfim, se reconhecem como gente pelo
que fazem em grupo, em sociedade, em suas comunidades. (AYALA;
AYALA, 2015)
Para as análises será utilizada a fundamentação teórico-metodológica que atravessa
minha produção cultural nesta área de estudos, não desprezando a releitura de estudos teóricos
pioneiros, como os de Jakobson e Bogatyrev (1973), que, na primeira metade do século XX,
se preocuparam em caracterizar o que era específico da cultura oral russa; os de Mukařovský
(1971), também do Círculo Linguístico de Praga, com seu estudo das funções, normas e
valores estéticos como fatos sociais; além de Bakhtin (1979; 1988, 2003; 2010), que amplia
os estudos linguísticos e literários significativamente.
Ainda no que se refere à fundamentação teórica, serão levados em consideração os
trabalhos acadêmicos brasileiros que trazem contribuição relevante para os estudos culturais
contemporâneos. Dentre eles, os de Jerusa Pires Ferreira, estudiosa de literatura de cordel
(1991; 1993), principal divulgadora dos conceitos de Paul Zumthor, além de tradutora de
várias de suas obras, bem como os de Frederico Fernandes, como o livro A voz e o sentido
18
Esta questão está mais detalhada em Cultura popular no Brasil (AYALA; AYALA, 2008)
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(2007), em que é posta em prática a metodologia da voz em performance, o nomadismo da
voz e outros conceitos zumthorianos.
Quanto à base comunitária responsável, em grande parte, pela existência dessas
culturas orais, além de reiterar que a cultura tradicional é um fazer dentro da vida (AYALA,
2011), sempre vale retomar a leitura de Xidieh (1969; 1972; 1976) e de outros como Bastide
(1959) e Lima (1985). Ainda nos valemos de Bastide para refletir sobre a cultura de
migrantes, pois muitas práticas culturais de um lugar ou região são reconstruídas em outros,
mantendo, assim, hábitos com os quais eles se identificam. Neste sentido, é muito pertinente a
observação deste autor sobre migração e cultura:
O folclore é um pouco de terra que se deixa, é uma lembrança afetiva mais
do que intelectual e o primeiro cuidado dos homens exilados será o de
recriar, em sua nova pátria, a terra perdida. (BASTIDE,1959, p. 12)
Quanto ao estudo das poéticas populares, pretendo aprofundá-lo com questões
relacionadas à importância da escuta para trabalhos etnográficos. O estudo dessas fontes orais
requer um embasamento teórico-metodológico para os gêneros de testemunho cultural, que
me auxiliem a desenvolver análises de documentos orais. Destacam-se as obras de Thompson
(1992) e Portelli (2016) para a história oral, que consideram os depoimentos orais, a memória
individual, as lembranças, os testemunhos, bem como a de Honko (2000) para a textualização
das poéticas orais, entre outros autores.
Para o estudo de percepção profunda dos relatos de mestres tradicionais,
especialmente os mais velhos com sua experiência e vivência do trabalho, das práticas
culturais coletivas e do cotidiano, será retomada a bibliografia sobre cultura e memória com
Benjamin (1980; 1984; 1985; 2009), Bergson (1990; 2006; 2010; 2011), Halbwachs (1950;
1990) e, sobretudo, com Eclea Bosi, que se dedicou às narrativas do cotidiano de pessoas
comuns em vários livros. “A ‘vida privada’ constitui o testemunho de um tempo coletivo”
ressalta Ades (2004) em sua resenha sobre o livro de Eclea Bosi, O tempo vivo da memória.
Nesta obra, Bosi (2003) trata de muitas questões que afetam os pesquisadores de campo de
qualquer área das Ciências Humanas. Entre as sugestões, Ades menciona a necessidade de se
adquirir confiança, “formar laços de amizade” e que “estes laços são tão necessários quanto
inevitáveis” (ADES, 2004, p. 238).
Autores que participaram do evento Textualization of oral epics, ocorrido na
Finlândia, em 1996, cujos papers reunidos em livro por Honko (2000), fazem uma revisão de
estudos da oralidade em vários continentes e se propõem formas de textualizar representações
artísticas tradicionais orais diante de um público, revisando e ampliando procedimentos e
conceitos, como o de performance, com novas abordagens etnográficas.
Para os estudos sobre folhetos da chamada literatura de cordel dar-secontinuidade a
apresentações de trabalho e publicações, bem como ao trabalho conjunto com Rosangela V.
Freire (2010, 2011) sobre a biblioteca falante e cantante”, metáfora que temos utilizado
quando nos referimos aos homens e mulheres que carregam em sua memória, desde a
infância, poemas narrativos inteiros, aprendidos a partir de leitura ou audição de folhetos
vendidos em feiras nordestinas. O conceito de “escrita de ouvido”, que tem sido desenvolvido
por Librandi-Rocha (2014), e o termo “mundo escutado” de Costa (2005) apontam para as
relações da literatura brasileira com a língua falada. A respeito da literatura brasileira em sua
relação com a comunicação oral, não podemos deixar de retornar a ensaios de Antonio
Candido em Literatura e sociedade (1967), em que nos é apresentada a ”tradição de
auditório” marcante entre nós desde o período colonial, adquirindo novas feições ao decorrer
do tempo:
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É preciso agora mencionar como circunstância sugestiva, a continuidade, da
“tradição de auditório”, que tende a mantê-la nos caminhos tradicionais da
facilidade e da comunicabilidade imediata, de literatura que tem muitas
características de produção falada para ser ouvida: da voga da retórica, da
melodia verbal, da imagem colorida. Em nossos dias, quando as mudanças
assinaladas indicavam um possível enriquecimento da leitura e da escrita
feita para ser lida, ― como é a de MACHADO DE ASSIS ― outras
mudanças no campo tecnológico e político vieram trazer elementos
contrários a isto. O rádio, por exemplo, reinstalou a literatura oral, e a
melhoria eventual dos programas pode alargar perspectivas neste sentido. A
ascensão das massas trabalhadoras propiciou, de outro lado, não apenas
maior envergadura coletiva à oratória, mas um sentimento de missão social
nos romancistas, poetas e ensaístas, que não raro escrevem como quem fala
para convencer e comover. (CANDIDO, 1967, p. 102)
O ensaio que se encerra com a citação acima, O escritor e o público, foi publicado
antes na obra coletiva dirigida por Afrânio Coutinho, A literatura no Brasil, em 1955. Os
ensaios reunidos em Literatura e sociedade (1967), em sua maioria, foram publicados antes,
no período entre 1953 e 1961, em um contexto de fortes mudanças sociais e políticas no
Brasil. Questões constantes na atualidade também se referem à diferenciação de públicos, às
características estruturais, ao sentido que a criação literária tem para quem dela participa
como público ou como autor, a quem se destina, a relação texto contexto social, ao processo
de integração (isto é, “o conjunto de fatores que tendem a acentuar no indivíduo ou no grupo a
participação nos valores comuns da sociedade”) e de diferenciação (“o conjunto dos que
tendem a acentuar as peculiaridades, as diferenças entre uns e outros”), conforme Candido
(1967, p. 27). Os estudos de Antonio Candido são fundamentais para entendermos o que
ocorre com as formas de apropriação e troca entre sistemas culturais diferentes.
Estudos nas áreas de Literatura Brasileira, Teoria Literária e Literatura Comparada
sobre autores como Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Clarice Lispector e João Guimarães
Rosa encontraram-se diante de vários achados “de ouvido”, que os levaram, cada qual a sua
maneira, a (re)criar a linguagem literária com a experimentação da linguagem verbal oral, por
escrito, a expor a cadência da fala, a evidenciar procedimentos de contaminação da fala
coloquial ou pela poética oral, por exemplo.
Parece-me pertinente, para os estudos das culturas tradicionais, atentar para o modo ou
os modos de representar a oralidade por escrito ao se fazer as transcrições que dão
materialidade à palavra falada ou cantada. Quanto à metodologia para o estudo dos registros
sonoros, recorre-se à elaboração de textos (transcrições do oral ao escrito, descrições,
narrações e análises, fundamentadas na documentação oral, fotográfica e audiovisual e em
anotações em cadernetas de campo), à seleção de exemplos em outras linguagens (verbal oral,
sonora, audiovisual) que permitam a outros pesquisadores acompanhar as permanências e
mudanças culturais.
Nos últimos anos tenho me esforçado para produzir textos analíticos que, postados na
Internet, passem a sensação de algo que foi escrito para ser lido e ouvido, mas também, para
ser fruído com comentários e músicas que podem ser ouvidos, fotos e desenhos a serem
vistos, de modo a aguçar a atenção dos leitores com a linguagem verbal escrita, a linguagem
verbal oral e sonora, como a palavra cantada e a música, e a imagem estática ou em
movimento, de modo a provocar múltiplas percepções sensoriais. Para este tipo de produção
textual híbrida ensaiei os primeiros passos, publicando em livro o relato de uma festa
popular A festa dos santos reis... do rádio, um exemplo de relato crítico, escrito por mim e
Marcos Ayala (AYALA; AYALA, 2015) e amostragem de áudio desta Festa de Santos Reis
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em sítio de Arujá em 09 de janeiro de 1976, em versão digital disponível em:
http://www.acervoayala.com/acervo/colecao-1972-1995/festa-de-santos-reis/.
Em outro artigo do referido e-book, O encontro com o carnaval de João Pessoa
(AYALA; AYALA, 2015), cruzam-se relatos etnográficos de Mário de Andrade, quando
esteve na Paraíba em 1929 e assistiu a um ensaio de cabocolinho, com o relato de Marcos
Ayala, em 1979. Marcos Ayala anotou em sua caderneta de campo sua impressão no
momento em que vimos pela primeira vez a dança dramática de um grupo, a Tribo
Carnavalesca Índios Africanos.
Neste artigo, tanto o relato de Mário de Andrade quanto o de Marcos Ayala estão
marcados por impressões pessoais do impacto provocado em cada um ao ver de perto esta
dança dramática paraibana. Ressalta-se a subjetividade no momento do encontro etnográfico
em que se revela um estranhamento diante da alteridade cultural, buscando construir uma
forma de ensaio em que se mesclam descrições constantes em relatos etnográficos e a
narração pontuada por diferentes temporalidades, aos moldes da crônica. A versão como
artigo digital multimídia ainda não foi concluída, pois falta o cruzamento de texto escrito com
fotos, sons e audiovisuais selecionados e postos em simultaneidade.
Estes exemplos demonstram que é preciso desenvolver uma produção sobre culturas
orais que possa contar com mídia física (publicação impressa) e digital (publicação digital
multimídia) para o leitor também ter a alternativa de se aproximar das vozes e gestos
corporais, sempre que possível, de modo a compartilhar esta representação da realidade oral,
captada em algum momento de uma época mais remota ou contemporânea. Nesta proposta
metodológica de produção textual, uma perspectiva intimista (da experiência vivenciada,
da lembrança, da recordação, da memória afetiva do convívio com várias pessoas comuns,
mediada pelas artes e costumes tradicionais), uma intencionalidade histórica e temporal, pois
se trata de documentos colhidos em épocas muito distantes entre si (anos 1920-30, anos 1990-
2017), em que se aborda o legado de uma documentação histórica da cultura popular a serviço
da memória cultural que hoje possui muitos registros materiais (sonoros, audiovisuais,
fotográficos). A partir das anotações em cadernetas de campo antigas, fotos, gravações
sonoras e audiovisuais tenho a intenção de criar um conjunto do que tenho denominado
crônica etnográfica.
As crônicas etnográficas vão se configurar como textos elaborados a partir de
anotações de campo, de reflexões posteriores a partir de manuscritos, observação direta,
primeiras análises e leituras relacionadas ao tema, marcados por diferentes temporalidades. A
denominação remete para a crônica devido ao tipo de narração fortemente marcada pelo
tempo e diferentes temporalidades, enquanto o adjetivo, aponta para as descrições presentes
em relato etnográfico, mas também está vinculada a propósitos de análise crítica de minhas
pesquisas atuais, relacionadas com memórias da cultura popular, em que a criação artística, a
poética, se compõe de palavra, voz, imagem e sentimentos vários.
REFERÊNCIAS
ADES, César. A memória partilhada. Psicologia, USP, 2004, 15 (3): 233-244.Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010365642004000200012. Acesso
em 21 de julho de 2018.
AYALA, Maria Ignez Novais. ABC, Folheto, Romance ou Verso: a literatura impressa que se
quer oral. Graphos (João Pessoa), v. 12, p. 52-73, 2010. Disponível em:
http://periodicos.ufpb.br/index.php/graphos/article/view/10908/6113. Acesso em 23 de julho
de 2018.
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